A Corrupção do Discurso
O Presidente Cavaco falou contra a corrupção, no que estamos todos de acordo. Mas usou termos com os quais não podemos estar. Veio mais uma vez com a patranha da «ética republicana», coisa risível, não só porque, de facto, os maiores escândalos neste campo chegaram na I República e nesta, com as suspeitíssimas ligações de Afonso Costa e a inexplicada construção da casa serrana que tanta tinta fez correr, ou o pelotão de autarcas, Freires e outras Melancias que a anarquia vigente nos trouxe.
Um sistema partidocrático, por definição, estimula a corrupção, na medida em que aumenta os arrivistas entre a classe política, que se tentarão em proveito próprio; e porque fomenta a circulação do poder por diversas cores, o que encoraja interesses privados a financiarem ilegalmente os partidos.
No momento em que o assalto dos políticos às Magistraturas é notório, quer na substitução do Procurador-Geral que se mexeu, quer na tentativa de reservar cadeiras para os seus na mais alta Instância judiciária até aqui deles independente, como no controlo das carreiras dos Magistrados, a parte em que o Chefe do Estado se atira à cobertura sensacionalista destes tristes casos pela Imprensa pode ser interpretada como um incentivo ao silêncio cúmplice. O que seria a suprema corrupção de um ofício e o ambiente ideal para os subornos e pagamentos ilegais de favores.
8 Comments:
At 4:07 PM, zazie said…
ehehe acredita, é das coisas mais anormais, esta da ética republicana.
Gosto mais da terminologia brazuca: chamam-lhe ética pública da responsabilidade da Ouvidoria da Fazenda.
Por cá, dizem que se inspiram nos modelos da monarquia dos países nórdicos mas foge-lhes o pé para a chinela jacobina e vá de a pintar de republicana
";O)
beijinhos
At 9:25 PM, Je maintiendrai said…
Na mouche, caro Cunha Porto, na mouche! Ética republicana; já era anedota no tempo do meu Avô!
At 11:53 AM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Zazie:_
Pronto, os nossos Irmãos Tropicais já aderiram à reinvenção da perífrase sugerida pelo Nosso Amigo Vasco Graça Moura! gostava de saber por que raio «Ética» precisará de acrescentos, nalgumas mentes.
É assim, Caro Visconde:
Verter lágrimas por inexistir o primeiro termo da expressão. Fazer outro tanto por sobejar gente englobável no segundo.
Meu Caro Je Maintiendrai:
E o que mais custa é que as Pessoas não tirem ilações do riso!
Beijinhos e abraços.
At 12:21 PM, Jansenista said…
(no comments)
At 1:36 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Jansenista:
Quer dizer que a Coroa a restaurar pode contar com o Seu Contributo?
Abraço esperançado.
At 5:51 PM, Anonymous said…
Não existia, portanto, arrivismo SOB Salazar?
At 6:47 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Armando:
Quem leia o "post" com detença bastante verá que a comparação era entre Monarquia e República, sendo que o Grande António teve a infelicidade de governar numa destas. Mas não queira comparar o que era a classe politica do Salazarismo à de hoje. Salazar tem sido frequentemente acusado do «preconceito universitário», por recrutar os seus ministros, preferencialmente, entre professores de mérito. O que não fazia era promover ao Ministério fura-vidas carregados às costas pelos aparelhos partidários. Escuso de dizer de dar vinte ou trinta nomes representativos do grupo, no actual regime...
At 7:44 PM, JSM said…
Esta é outra das palavras de passe maçónico. Querem dizer que a ética monárquica é má, ou que a deles 'lava mais branco'. Agora, claro, este Cavaco, consome tudo o que lhe dão!
E retransmite ingénuamente (faço-lhe esse favor) a 'deseducação permanente' outro dos objectivos chave da 'ética republicana'! Não sabiam? Quando estivermos todos estupidificados, será então fácil reinar sobre as trevas. A palavra reinar era a reinar.
Um abraço.
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