Princípio de Equilíbrio
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Parece contra todo o princípio recomendável a prescrição de um elemento químico que subtraia à realidade, alienando. Mas tudo depende da quantidade, frequência e focagem desse subterfúgio. Quando o modo e a dose são dirigidos não à obliteração do Mundo, mas à eliminação dos factores de divisão que o tornam difícil de suportar
- e temos à mão um leito onde possamos tirar pleno proveito desse mecanismo de abstracção temporária - estamos finalmente prontos para evitar o monopólio egoísta de um desejo concorrente e muito mais poderoso: o de ver o Mundo por olhos que não prescindam de nos considerarmos, mais à cáfila de interesses que nos enformam, como critério exclusivo das escolhas e percepções que fazemos e temos. As variantes do uso podem pois dar ao que para uns é a escravatura do vício o alargamento da liberdade traduzida na secundarização das ânsias de afirmação particular, mesmo que seja a de um sofrer compartilhado. Por isso foi fácil ao Homem apreender o Vinho Consagrado como a comunhão no Sangue de Deus.
De Li Bai:
ODE AO VINHO
A cidade de Xianyang em Abril,
milhares de flores, como brocado.
Quem pode entristecer na Primavera?
Bom é beber.
O pequeno, o grande,
o Criador nos concedeu por igual.
Uma taça de vinho
harmoniza vida e morte,
e mil coisas difíceis de ordenar.
Quando estou bêbado
ignoro céu e terra,
trôpego, procuro o leito solitário,
esqueço a minha própria existência:
este o maior de todos os prazeres.
«Mulher Vertendo o Vinho», de Jean-Pierre Ceytaire
e
«Existência», de Stéphane Torossian explicitam?
- e temos à mão um leito onde possamos tirar pleno proveito desse mecanismo de abstracção temporária - estamos finalmente prontos para evitar o monopólio egoísta de um desejo concorrente e muito mais poderoso: o de ver o Mundo por olhos que não prescindam de nos considerarmos, mais à cáfila de interesses que nos enformam, como critério exclusivo das escolhas e percepções que fazemos e temos. As variantes do uso podem pois dar ao que para uns é a escravatura do vício o alargamento da liberdade traduzida na secundarização das ânsias de afirmação particular, mesmo que seja a de um sofrer compartilhado. Por isso foi fácil ao Homem apreender o Vinho Consagrado como a comunhão no Sangue de Deus.
De Li Bai:
ODE AO VINHO
A cidade de Xianyang em Abril,
milhares de flores, como brocado.
Quem pode entristecer na Primavera?
Bom é beber.
O pequeno, o grande,
o Criador nos concedeu por igual.
Uma taça de vinho
harmoniza vida e morte,
e mil coisas difíceis de ordenar.
Quando estou bêbado
ignoro céu e terra,
trôpego, procuro o leito solitário,
esqueço a minha própria existência:
este o maior de todos os prazeres.
«Mulher Vertendo o Vinho», de Jean-Pierre Ceytaire
e
«Existência», de Stéphane Torossian explicitam?
5 Comments:
At 4:36 PM, Anonymous said…
Olá Paulo
Apesar de nunca me ter acontecido, sou uma expert ao que ao vinho diz respeito.
Beijinhos.
At 6:48 PM, Anonymous said…
Só vinho do Porto!
At 6:49 PM, Paulo Cunha Porto said…
Tomo nesse caso a liberdade, Queridíssima Amiga, de reconverter este "post", endereçando-o como homenagem a Tão Excelsa Enófila.
Beijinho.
At 6:52 PM, Paulo Cunha Porto said…
Ora, Caro Anónimo, a minha adega não é assim tão rica. Ah, o licoroso, pois sim, os nossos "velhos aliados" dizem-no «o vinho do Cavalheiro Inglês»...
At 8:30 PM, Paulo Cunha Porto said…
Ah sim, Caro Visconde?
Têm-me dito maravilhas do vinho argentino, pelo que pensei que ao menos este e o da Caifornia aí fossem acessíveis...
Abraço.
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