O Espanto e o Fim
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Por estes dias de Outubro, mas de 1966, Ernst Jünger passeava-se por Lisboa. Maravilhamento perante os expoentes artísticos e arquitectónicos da Capital, a que pouco atentamos, porque entrados no nosso quotidiano. Mas isso é de todo o lado. Porém, a leitura do seu diário da altura, «SOIXANTE-DIX S´EFFACE» traz-nos um pormenor interessante. Diz ele que um dos Stauffenberg de Wilflingen, dos Barões primos do ramo condal a que pertencia o célebre Patriota autor do atentado contra Hitler, estudioso do Português, diz que o latim peninsular se conservou mais puro no catalão e mais amalgamado a elementos árabes no Português. Até aqui nada a dizer. Mas acrescenta que uma pureza pré-arábica foi encontrada por si no falar dos camponeses, o que é estranho, já que deveria ter sido o primeiro linguajar a corromper-se. E mais, diz que entre as gentes do campo encontrou paralelos com o dialecto da Suábia, o que atribui às invasões Suevas dos tempos mais remotos. E, coisa que eu também desconhecia, dá conta de uma antiga tradução dos Lusíadas por Moritz Rapp nesse regional idioma.
No mais, uma frase notável, ditada pelo espanto de que, no auge da epopeia da Expansão, o nosso País, não tivesse mais do que um milhão de habitantes: «Um tal povo arrasta consigo o destino de um Hamlet: as façanhas dos seus pais pesam sobre ele». O que não disse, digo eu agora: entre o ser ou o não ser, há 32 anos que optámos pela negativa.
Por estes dias de Outubro, mas de 1966, Ernst Jünger passeava-se por Lisboa. Maravilhamento perante os expoentes artísticos e arquitectónicos da Capital, a que pouco atentamos, porque entrados no nosso quotidiano. Mas isso é de todo o lado. Porém, a leitura do seu diário da altura, «SOIXANTE-DIX S´EFFACE» traz-nos um pormenor interessante. Diz ele que um dos Stauffenberg de Wilflingen, dos Barões primos do ramo condal a que pertencia o célebre Patriota autor do atentado contra Hitler, estudioso do Português, diz que o latim peninsular se conservou mais puro no catalão e mais amalgamado a elementos árabes no Português. Até aqui nada a dizer. Mas acrescenta que uma pureza pré-arábica foi encontrada por si no falar dos camponeses, o que é estranho, já que deveria ter sido o primeiro linguajar a corromper-se. E mais, diz que entre as gentes do campo encontrou paralelos com o dialecto da Suábia, o que atribui às invasões Suevas dos tempos mais remotos. E, coisa que eu também desconhecia, dá conta de uma antiga tradução dos Lusíadas por Moritz Rapp nesse regional idioma.
No mais, uma frase notável, ditada pelo espanto de que, no auge da epopeia da Expansão, o nosso País, não tivesse mais do que um milhão de habitantes: «Um tal povo arrasta consigo o destino de um Hamlet: as façanhas dos seus pais pesam sobre ele». O que não disse, digo eu agora: entre o ser ou o não ser, há 32 anos que optámos pela negativa.
5 Comments:
At 1:50 PM, Anonymous said…
Interessante este seu post, Paulo, aliás como todos.
Como um Povo se agigantou. Só um milhão. E os que morriam nessa demanda.
Mas o princípio da decadência começou cedo. A terceira Dinastia também não ajudou nada.
Não me bata. Aqui também não posso explicar todo o meu raciocínio que até pode estar errado.
Nunca há uma só verdade.
Beijinho.
At 2:13 PM, Paulo Selão said…
Há para aí agora umas sondagens suspeitas, levadas a cabo por algumas eminências pardas que, ao que penso, têm como finalidade preparar o terreno, tomar o pulso às populações para uma eventual união ibérica. Senão vejamos:
Algumas semanas atrás foi noticiado que uma sondagem mostrava que uma boa fatia de portugueses (não me recordo já ao certo do número) queria a união com Espanha. Hoje vi no teletexto da RTP a notíciia de uma nova sondagem desta feita levada a cabo em Espanha na qual «quase metade dos espanhóis, 45,7%...» deseja a união dos dois países ibéricos. A mesma sondagem revela, ao que parece, que entre os jovens os que defendem a união ibérica totalizam mais de 50%. Mais diz ainda, revelando que a maioria defende que o novo país deveria (interessante e reveladora a forma verbal usada no teletexto: «deve chamar-se») chamar-se Espanha, ter Madrid como capital e, sensatamente (pudera não querem contaminação, não querem que a podridão alastre à sua Espanha) manter a Monarquia. Pois é! Desde sempre que Portugal foi cobiçado pelos espanhóis tão cobiçado que mesmo sendo, infelizmente, uma república de bananas ainda continua a ser muito apetecido.
A leitura que se tira é que manipuladas ou não houve ou procurou-se a convergência de opinião. Agora que o terreno foi trabalhado ou me engano muito ou não tarda nada que comecem a jogar as sementes à terra.
At 6:34 PM, Paulo Cunha Porto said…
Querida MFBA:
Bater? Então porquê?
O que o Grande Alemão vislumbrou e a História recente acentuou é a nossa incapacidade de conviver com a Grandeza dos que nos antecederam, a qual, nos piores dos nossos contemporâneos, redundou no desbaratar de Herança.
Meu Caro Paulo Selão:
Eu confesso que sou mais optimista, vejo esses inquéritos - que segui - como uma tentativa de ganho de posições entre jornais de rivalidade evidente. Não poderiam correr para os chamados «temas fracturantes», por, com isso, poderem alienar tantos ou mais leitores do que os que conquistariam.
Mas claro que
Lhe dou razão, se concluirmos que o mal está em este tema nem fracturante já ser considerado, o que entronca na temática primeira do "post".
Beijinho e abraço.
At 10:38 PM, Anonymous said…
Caríssimo Misantropo: creio bem que, de há trinta e dois anos a esta parte, não optámos pela negativa (que ainda tem algum valor absoluto, ainda é alguma coisa); optámos pelo zero. Tivémos o Infinito, e agora querem reduzir-nos a nada. Integrar-nos numa qualquer ibéria (com letra pequena) federada numa união europeia cinzenta e castrante. Para que sejamos apenas números. Infelizmente, receio que o Caro Paulo Selão é capaz de estar certo (sabia que os serviços de informações militares - o antigo SIEDM - monitoravam prioritariamente as comunicações militares espanholas, exactamente pelas razões apontadas?).
Ah, que falta nos fazem os Portugueses de antenho! Ou gente com o patriotismo de um Claus von Stauffenberg (o do atentado de 20 de Julho, primo do que citou), homem de altos ideais, como se pode comprovar pelo seu juramento místico (feito com o seu irmão, Berthold, juíz de profissão):
Juramento de Stauffenberg
•Acreditamos no futuro da Alemanha
•Sabemos que o Alemão tem poderes que o designam para liderar a comunidade das nações ocidentais rumo a uma vida mais bela.
•Reconhecemos, em espírito e acção, as grandes tradições da nossa Nação, a qual, pela amálgama das origens Helenística e Cristã no carácter Germânico, criou o homem ocidental.
•Queremos uma Nova Ordem, que faça de todos os Alemães o suporte do Estado e lhes garanta Lei e Justiça, mas desprezamos a mentira da igualdade e curvamo-nos perante as hierarquias estabelecidas pela Natureza.
•Queremos uma nação que permaneça enraizada no solo da Pátria, junto dos poderes da Natureza, que encontrará a sua felicidade e a sua satisfação no ambiente que lhe foi concedido e que, livre e orgulhosa, ultrapassará as baixas paixões da inveja e do ressentimento dela derivado.
•Queremos governantes que, vindos de todas as classes da Nação, em harmonia com os Poderes Divinos, imbuídos de um alto ideal, comandem outros através desse mesmo alto ideal, com disciplina e sacrifício.
•Unimo-nos numa comunidade inseparável que, através da sua conduta e acções, serve a Nova Ordem e forma, para os dirigentes do futuro, os combatentes de que irão precisar.
•Juramos viver sem mácula,
servir em obediência,
manter silêncio inabalável,
e apoiarmo-nos uns aos outros.
Berthold und Claus von Stauffenberg
Substituindo Alemanha, germânico e alemão por Portugal e português, teríamos um belíssimo retrato dos Portugueses de quinhentos.
Um abraço a todos
At 9:22 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Carlos Portugal:
Eu sou mais optimista quanto à questão Ibérica, que vejo arredada das preocupações de Madrid. Creio, volto a dizê-lo, que se trata de truque para vender.
Mas claro que tem razão na nulidade em que a nossa noção de fidelidade à Herança se tornou.
O Juramento é belíssimo. Já cá publiquei um "post" sobre Stauffenberg, a propósito da morte da Mulher, Nina. vou ver se encontro o link.
Abraço.
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