O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Wednesday, October 11, 2006

Nervos em Franja

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É mais sério do que parece. E bem revelador do estado a que o Ocidente chegou. Que se exagere nas precauções de embarques para aviões, é compreensível, porque se trata de um espaço inacessível às polícias, a partir da descolagem, e muito plausível como alvo de terroristas, como demonstra a história recente. Já o pânico que um pouco de gelatina derramada na estrada, na consequência de uma boda, desencadeando todos os alertas e mais alguns numa cidade da Alemanha, ilustra bem como vamos vivendo, hoje: tremendo por todos os lados, sem consistência; e prontos a ser comidos. Para além do mais, o recém-casado, arrancado ao leito nupcial, terá, no imaginário da Noiva, passado directamente de um perigoso lutador por ideais para um vulgar varredor. O que se é agradável no tocante ao carácter e à segurança, deve ser muito menos excitante...

5 Comments:

  • At 11:12 AM, Blogger PreDatado said…

    Tenho uma leve impressão que há algo por detrás desta conspiração do medo.

     
  • At 11:31 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Predatado:
    Bem-Vindo. Bela designação, terei o gosto de retribuir a visita mais logo. É bem provável que haja alguma coisa por detrás deste clima insuportável, a começar pela fragilidade contemporânea que se alarma com tudo e não consegue ter a calma e discernimento para separar o trigo do joio, o perigoso do irrelevante.
    Abraço.

     
  • At 12:29 PM, Anonymous Anonymous said…

    Este medo demonstra até ao infinito quanto a causa do terrorismo tem ganho.Já ganhou, e todos temos a noção que o estamos a provocar mais ainda. Vai ser difícil ver-mo-nos livre dele.

     
  • At 2:23 PM, Anonymous Anonymous said…

    Caríssimo Misantropo: Esta «conspiração do medo», como tão bem a designou o Caro Predatado, parece-me - receio bem - forjada para preparar a implantação de um regime global ainda mais tenebroso do que as clássicas ditaduras do século XX. Com outras «cores», com a aparência de um «liberdade» que apenas existirá nas palavras, tentando não repetir os erros dos totalitarismos passados.

    O que haverá, melhor do que o medo, para provocar a reunião do «rebanho», para se praticar uma castração social em nome de uma hipotética «segurança»?

    Quanto aos aviões, as medidas actuais levam o ridículo ao grau de patético. Com efeito, na década de 70, quando os desvios de aviões eram efectuados por verdadeiros piratas do ar (e não agentes governamentais travestidos de terroristas a cumprirem uma agenda da tal conspiração - posso afirmar isto com segurança) e esses actos tinham uma frequência arrepiante, com resultados muitas vezes catastróficos, introduziram-se medidas de controlo nos aeroportos (estas bem pensadas), mas que não se aproximam da paranóia aberrante do pós 11 de Setembro.

    Confiscam-se cortadores de unhas e biberões (quando a última inventona londrina se inspirou abertamente no filme «V», no caso dos «explosivos caseiros»), mas servem-se refeições (caso da Air France) com facas metálicas ponteagudas... E não se verificam bagagens de porão para detectar fundos falsos com C4 ou outro explosivo militar (e não «doméstico»). Enfim...

    Os tremendos meses do final da Primavera de 1975 encontraram-me em Itália, de certo modo fugido aos desmandos do PREC português e com a entrada no Técnico adiada por motivos de «serviço cívico» e por inoperância do dito estabelecimento de ensino.
    Um dia, indo de combóio de Roma para Milão, a composição parou à entrada de um longo túnel nos Apeninos (12 quilómetros, se bem me recordo). As famigeradas Brigadas Vermelhas haviam colocado diversas cargas explosivas dentro do túnel, que seriam detonadas quando passasse um combóio. Esperámos longas horas até que a polícia e o exército desminassem o túnel e, depois, avançámos para a noite artificial a passo de caracol, não se sabendo se todas as cargas haviam sido retiradas (encontraram 9).

    Este foi apenas um dos episódios semelhantes pelos quais passei na altura. As ameaças eram quase sempre reais e os atentados constantes. Mas não havia este clima de paranóia actual, que está decerto a ser incrementado pelos media, com finalidades que poderemos adivinhar.

    Creio que - aparte as precauções mínimas a termos em casos destes - o melhor a fazer é desdramatizar e ridicularizar as absurdas «medidas de segurança» que os desgovernantes mundiais nos querem impor. Como um familiar meu que, ao ver o estojo de maquilhagem da esposa a ser destruído no portão de embarque do aeroporto por «razões de segurança», exclamou «a palhaçada continua... Que ridículo!». A funcionária que procedia ao desmando corou, baixou os olhos e não se atreveu a responder.

    Um grande abraço.

     
  • At 7:23 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Querida MFBA:
    Preocupa-me sobremaneira este andar sobre brasas da generalidade das pessoas. Por este e outros motivos restringi as minhas viagens aéreas. Mas ser-me-ia mais difícil deixar de atravessar a rua...

    Meu Caro Carlos Portugal:
    Muito e bem me conta! Claro que o empolamento pelos "media" é causa importantíssima deste tenebroso ambiente. Afinal, não carece de grande investigação e prende os leitores/ouvintes/espectadores, pelo receio que infunde, qual filme de terror. Vários Amigos meus têm sido muito incomodados com revistas, atrasos e desvios aeroportuários que nada justifica. Não quero dar ideias a ninguém, mas se, num "upgrading" dos explosivos líquido e gelatinoso uma terrorista suicida aparecer com umas saquetas bombásticas implantadas nos seios, dizendo que são de silicone, também a farão tirar?

    Meu Caro Espadachim:
    O problema é esse ser pau para toda a obra...
    Beijinho e Abraços.

     

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