Fora de Si
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De D. Alberto Bramão:
A FELICIDADE
De alma negra e dolorida,
No mal do mundo, encontrei
Um mendigo, um padre e um rei
Em busca de melhor vida.
Surprezo de espanto quiz
Indagar por que defeito,
Ninguem anda satisfeito,
Ninguem se julga feliz.
Disse-me o pobre: - Eu só choro
Pelo mal que me consome...
Ando nu e tenho fome,
E só grandezas adoro.
Quizera ter uma arca,
Cheia de montanhas de ouro...
Quizera ter um thesouro,
Quizera ser um monarcha.
E o rei: - A minha opulencia
Traz o meu povo curvado...
Mas de ninguem sou amado,
Antes quizera a indigência.
O meu vulto altivo e nobre
Causa respeito ou terror...
Quizera antes inspirar amôr,
Antes quizera ser pobre.
E o Padre: - Em louvor dos ceus
Passo uma existência incalma...
Mas, no fundo da minh´alma
Não sei ao certo se ha Deus.
Duvido; e aturo este mal,
por desprezo ao bem profano...
Preferia um desengano,
fosse qual fosse afinal.
***
Vendo-os n´aquella anciedade,
Ainda lhes quiz perguntar,
Se acreditavam achar
No mundo a felicidade.
Vamos em procura d´ella
- Disseram com modo triste -
Mas não sabemos se existe
Na terra, ou n´alguma estrella...
Acrescido de «Em Busca do Talismã», de Roger Mantegani
e
«O Colarinho Feliz», de Job Rabbelier.
2 Comments:
At 1:45 PM,
Anonymous said…
Eu não acho que seja infeliz.
Ingenuidade? talvez, mas pelo menos ando contentinha:)
Beijinho
At 6:42 PM,
Paulo Cunha Porto said…
Ainda bem, Querida MFBA. Por isso cada visita Sua é um Raio de Sol nesta escura prisão.
Beijinho.
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