A Chama Jornalística

Até considero natural que os telejornais que exibiam ontem à noite as imagens do incêndio motivado pelo embate da avioneta contra um prédio de Nova Iorque continuamente dissessem não se estar, ao que tudo indicava, em presença de um atentado. Todos estamos escaldados, daquelas que são, até agora, as mais impressivas imagens deste ainda muito novo Século. O facto de ter calhado num dia 11, a mesma cidade, trazia os maiores fantasmas. O que já não considero tão admissível é a quase desilusão dos pivots, ao verificarem ter matéria muito menos interessante de cobrir do que um crime; e a insistência com que inquiriam os pobres correspondentes, que, quase para lhes serem agradáveis, lá deixavam cair notas de dúvida, como «não ser suposto os aviões sobrevoarem aquele local», quando o aparelho a tanto estava autorizado; ou «tratar-se de um helicóptero», o que se verificou ser falso.
No mais, foi o arrepio da perspectiva de presenciar o triunfo do terror, duas vezes em poucos anos. E dei comigo a pensar que os Autores da destruição do WTC escolheram assumidamente aquele alvo por símbolo do orgulho do «Homem que se quer igualar às alturas de Deus», quando edifício mais alto existe na muçulmana Malásia. E não fora ser a Big Apple uma das duas «montanhas de orgulho, segundo George Washington, quase apeteceria dizer que tentar elevar-se até ao Céu até poderia ser um intento estimável, não uma tentativa de equalização.