O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, September 02, 2006

Transes de Proveito e Exemplo

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Ontem à tarde, num Alfarrabista de Lisboa, encontro e enlace com um livro revel: aquele que Egas Moniz escreveu sobre o Padre Faria, o qual anos havia que andava escapando às minhas porfiadas buscas. Apesar da ultra-sensibilidade da cabeça à gravidade da terra, neste Sábado matinal, deitei-me a lê-lo de fio a pavio.
E não me dou por arrependido. Para além de todo o fulgor do grosso do livro, versando as importantes experiências desse nosso Patrício no campo do hipnotismo científico, interessantes introduções, versando a participação paterna numa célebre conjura setecentista em Goa, bem como a actividade política do homem, em Paris, contra a Convenção e pró-Directório.
Mas, para mim, o ponto máximo ocorre quando o nosso Prémio Nobel da Medicina procura demonstrar que foi a figura histórica biografada, cuja estátua de Pangim aqui se reproduz, o inspirador da personagem de «O CONDE DE MONTE CRISTO», de Alexandre Dumas, autor importante da minha infância e que um Reputado Estudioso dá como meu colega em Misantropia. O Abbé Faria, recluso do Castelo de If, aqui publicado na interpretação da Richard Harris, teria então encontrado a fonte de inspiração na imagem célebre e misteriosa do frequentador dos melhores salões de Paris, que Dumas guardara da sua juventude, bem como na temporada em que residiu em Marselha, apesar de, nessa fase da vida, não ter sido encarcerado. E o biógrafo dá, com arte, explicação para o facto de, na ficção, o transmissor do segredo da Ilha de Monte Cristo a Edmond Dantés ser dado como italiano, ao dizer que fora em Roma que, intelectualmente, o nosso compatriota "nascera", durante os oito anos que lá estudara. E que o tesouro material do livro teria na vida o seu equivalente na imensidão do Saber, a maior das riquezas, o que fica sempre bem.
Este post é dedicado aos Meus Amigos que gostam de fruir umas charutadas, pois os célebres objectos de fumo do nome foram baptizados assim por os trabalhadores das plantações de tabaco em Cuba e imigrados, já então, na Florida aproveitarem todas as pausas para lerem os folhetins em que estava contida a obra imortal do escritor francês.

9 Comments:

  • At 12:50 PM, Anonymous Anonymous said…

    En efecto, gran admiración en la Perla de las Antillas por la obra de Alejandro Dumas.

     
  • At 2:08 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Çamorano:
    Um pouco por todo o lado, de resto, como se pode ler nno livro da Autoria do Confrade de «COMBUSTÕES», «ANTES DAS PLAYSTATIONS».
    Abraço.

     
  • At 4:51 AM, Anonymous Anonymous said…

    Contigo estou sempre a aprender.
    Ia no princípio do post a pensar no Abade Faria. Tive a resposta de seguida.
    Regresso a uma tarde de 1975 ou 1976, com umas voltas a um quarteirão cheio de meretrizes, em pleno Intendente. A fazer horas para eu e um amigo entrarmos no então designado cinema Roxy, onde fomos assistir a "O Conde de Monte Cristo", com o Richard Chamberlain no protagonista.
    E marcou-me a figura do Abade, no Castelo onde estava encerrado o poema "If", de Kipling.

     
  • At 9:01 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Hihihihi.
    Comigo, não, Caro Luís, com o Prof. Egas.
    Não sei se, entre o Werther e os escândalos Flaubert/Zolaeanos, o romance do Dumas não terá sido o maior "best-seller" europeu.
    Abraço.

     
  • At 5:43 PM, Anonymous Anonymous said…

    Monte Cristo, Dumas, e lembrar -me de onde, como nasceu a palavra mesmerizar e os abusos e artificios que usavam os charlatões na nobreza francesa.
    (tudo sem segundas intenções, ahn?)
    Agradecido, caro Misantropo, já que electrizou estes poucos neurónios que restam pelo menos, avento, até terça-feira.

     
  • At 8:17 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Anónimo:
    fico feliz por ter "clicado" a energia que Aí morava. São temas apaixonantes. Dumas, mais pela triologia dos Mosqueteiros, foi importantíssimo na minha formação. E o pioneiro do magnetismo é uma biografia impar. De modo que, feita a leitura, mesmo em estado impróprio para consumo, não resisti a redigir o "post".
    Abraço.

     
  • At 10:31 PM, Anonymous Anonymous said…

    Um Edmond escorraçado da sociedade, o padre que mais parecia um pobre demónio, os estudos d'um italiano, o latim em terza rima e a vitória ante a injustiça e a revolta.
    Um tratado para os antropologos ;)

     
  • At 10:32 PM, Anonymous Anonymous said…

    ...o latim em "terza rima"...

     
  • At 8:39 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Era um Mundo, Caro Anónimo.
    Ab.

     

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