A Carga do Mito
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1 de Setembro de 1939. Tropas alemãs invadem a Polónia, desencadeando a Segunda Guerra Mundial, declarada dois dias mais tarde. A desproporção de meios entre estes dois iniciais contendores era imensa, quer em número, quer, globalmente, em qualidade, apesar de os invadidos disporem de bons carros de combate ligeiros. A campanha, porém, foi bem durinha, até que o Exército Vermelho deu o golpe de misericórdia - ai a ironia das palavras! Gerou-se então a fama que não correspondia à realidade: a das «cargas dos heróicos lanceiros polacos contra os tanques». A cavalaria daquele País portou-se decerto com heroísmo. Mas dispunha de armas modernas anti-tanque e usava os cavalos para se locomover em terrenos difíceis, actuando, diante dos veículos inimigos, como o fazem as tropas de Infantaria. Toda a celebração envolvente nasceu do romântico relato de um jornalista italiano, o qual dourou a batalha que testemunhara: os Cavaleiros às ordens de Varsóvia carregando sobre tropas de Infantaria alemãs, até aparecerem blindados que os começaram a dizimar, dispersando-os. A propaganda Nacional-Socialista pegou na história e adaptou-a, para provar ao mundo «a estupidez daqueles militares que pensavam que as unidades motorizadas inimigas eram compostas por elementos de cartão». Virou-se o feitiço contra o feiticeiro: em vez de ficar celebrizada a estupidez, por todo o lado foi admirada a coragem. Que não era falsa, embora fosse inexistente o facto dado como ilustração dela.
Depois, foi o que se sabe, o record mundial de sofrimento daquela martirizada Nação, por entre uma desgraça internacional de sete anos e efeitos que ainda duram.
2 Comments:
At 7:22 PM, Paulo Cunha Porto said…
É verdade, Caro Espadachim, nenhum País sofreu, proporcionalmente tantas baixas, abesar de numericamente haver números de óbitos superiores. E as condições de ocupação foram as mais duras.
Ab.
At 8:45 PM, Paulo Cunha Porto said…
E com aqueles dois lobos a ensanduichá-lo, Caro Visconde...
Abraço.
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