Olhar o Inimigo
Manuel Azinhal publica um post com o interesse habitual, mas que me desperta uma discordância pouco costumada. Mesmo para quem entenda que as análises do Processo Histórico e da Actualidade visam propagandear um projecto político, não creio que se possa meter no mesmo saco uma teoria, que celebrizou Fukuyama, desmobilizadora, e outra, em tempos defendida por Huntington e colaboradores, cujos efeitos práticos visariam o empenhamento combativo. O Fim da História, inculcando que o predomínio vigente de um liberalismo não é momentâneo, mas definitivo, poderia, na verdade, dar como inútil o esforço dos que se lhe opõem, transformando assim o que normalmente é luta pela sobrevivência em vitória definitiva. Ao contrário, a Guerra das Civilizações tem como potencialidades não nos deixar desarmados ou adormecidos perante um inimigo que se definiu previamente, como é o caso do extremismo muçulmano terrorista, o qual em muito transcende o ressentimento do Maometanismo Árabe contra os Francos, ou a má-vontade pelo apoio norte-americano a Israel. É do lado de lá que se quer mudar o nosso modo de vida, não já tirar um desforço ou punir uma aliança. Quem sinta uma pertença ao Ocidente não pode deixar de se lhe opor por todos os meios mais duros, mesmo que sejam formas e agentes de governação com que não concorda a conduzir a luta. É um espírito análogo ao da unidade nacional, em caso de guerra entre países. Será lícito dizer que ninguém pode ser obrigado a sentir-se parte de uma comunidade em luta pela sobrevivência. Mas entendimentos expressos nesse sentido sempre foram vistos, em todo o lado, como traição, pois é pacífico que a luta pelo Poder não pode ter lugar internamente quando impende uma ameaça externa.
5 Comments:
At 1:26 PM, Anonymous said…
Está enganado a ameaça maior já há 65 anos que não é a externa! O sucesso da ameaça externa tem sido possivel apenas devido à existência da interna, caso essa nunca tivesse ocorrido a ameaça externa à muito que já estava resolvida!
E não me fale por favor em traição...!
E quanto à dita "civilização", tal coisa aqui já não existe, o que existe é uma pouca vergonha que vai acabar! E da pior forma que possa imaginar!...
Mas do mal o menos, ficará o consolo de saber que quem as fez não lhe vai sobreviver!
At 7:45 PM, Paulo Cunha Porto said…
65 anos? Não consigo localizar a Época de Ouro. Atenção, que eu não compro a teoria de Huntington de barato. Nomeadamente, não concordo com a ideia de que o Inimigo seja a totalidade do Islão, apenas o reconheço em alguns extremistas. Como não consigo ver articulação lógica na tese central de que a inimizade forçada é causada por Cristianismo e Maometanismo irreconciliáveis, com o reconhecimento de que o que hoje nos é mais censurado é não termos já religião alguma. São duas realidades, mas só uma delas pode ser especulativamente dada como causa.
Mas tudo isso nada me sossega. O que não nposso aceitar no que o Manuel Azinhal defende é uma coisa que não está lá, mas que se pode inferir: que a leitura do Prof. Huntington e Companhia seria um factor determinante à acção do Dr. Zawahiri ou do Eng. Bin Laden.
Enquanto essa vanguarda existir há riscos, claro. Mas o que eu quero é que a confirmação deles atinjam os que ameaçam de morte os meus. Quanto aos ilegítimos ocupantes das cadeiras, tratar-se-á deles, mas sem empurrões de fanáticos anti-ocidentais.
Uma comunidade existe quando há o sentimento dela, quer entre os membros, quer entre os inimigos que a elegem como alvo. Pode ser difícil de distingui~la num mundo de gentes atomizadas e sem comportamentos e preocupações orgânicos. Mas entender o inimigo desta sociedade como libertador será sempre trair os contemporâneos e, pior, os mortos. Quem não se sente membro dela deve ter a coragem de emigrar para o Irão e converter-se à Revolução Islâmica.
At 12:34 AM, António Viriato said…
Caro Amigo Paulo Cunha Porto,
Felicito-o duplamente, pelo «postal» e pela réplica ao comentário discordante.
Infelizmente, o Ocidente, assim chamado para simplificar, há muito que vem descurando as bases morais, culturais e científicas em que tem assentado o seu domínio económico e civilizacional sobre os demais modelos supostamente com ele concorrentes,todos claramente inferiores.
Sei que estas apreciações são hoje tidas por politicamente incorrectas, no mundo de fingimento e cobardias várias que fomos criando aqui no Ocidente.
Vivemos hoje tempos perigosos e corremos o risco de soçobrar por inconsciência e por definhamento da vontade de prosseguir o caminho que nos trouxe à presente supremacia política, económica, científica, cultural e militar.
Dizer isto não é desprezar as contribuições de outras civilizações ou pretender aniquilá-las. É tão-só revelar consciência e orgulho na nossa individualidade.
Ninguém dominou para sempre, no passado. Mas o período de domínio pode ser abreviado por incúria, corrupção e inconsciência dos perigos.
Quem desiste de lutar, logo começa a perder. Temo que já aqui tenhamos chegado.
PS. Volto a agradecer a informação histórica.
At 8:49 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro António Viriato:
Foca um ponto importantíssimo, Querido Amigo, que é, justamente, o de não serem ódios aos acervos históricos civilizacionais que nos devem mover, apesar de poderem ser eles a determinar a acção dos extremistas que nos ameaçam.
E não devemos deixar que a nossa discordância dos responsáveis desse enfraquecimento que tão bem elenca nos leve à desunião perante a avidente ameaça que paira. Cada coisa a seu tempo, mas convém ter presente que, para nos melhorarmos, é necessário que ainda exista algo a melhorar.
Foi com o maior prazer que atendi à dúvida que colocou.
Forte abraço.
At 11:25 PM, Anonymous said…
"65 anos? Não consigo localizar a Época de Ouro."
Há 65 não houve nenhuma época do ouro, apenas uma luta entre o ocidente que quis manter a sua identidade e vários dos seus inimigos juntos! É realmente interessante ver como o comunismo assassino e o dito liberalismo "democrático e superior" lutaram do mesmo lado. É tambem prova de que cada vez menos se distinguem um do outro na sua visão internacionalista (por mais que afirmem o contrário e mesmo que as teorias politico-economicas não concordem entre si), pois o problema nunca foi só a aplicação das teorias, que em ultima analise servem apenas para arranjar adeptos entre os imbecis idealistas e outros inteligentes, mas apenas: quem é que detem o poder!
"...Quanto aos ilegítimos ocupantes das cadeiras, tratar-se-á deles, mas sem empurrões de fanáticos anti-ocidentais.
"
Lamento mas é pura ilusão sua!
Esses ocupantes são o producto da degenerescencia que assola a europa. Estão muito interessados no ataque aos outros (inimigos do ocidente) para lhes roubar as matérias primas, ora isso gera ainda mais fanaticos anti-ocidentais! E contrariamanete ao que se diz, até agora nenhum desses fanaticos esteve na posição de provocar danos reais ao ocidente. Mas é uma situação que pode vir a mudar!
A aceitação das comunidades alienigenas na europa pseudo-tolerante, tem sido na realidade o maior perigo para o ocidente, e não a capacidade militar (a rondar o zero) de uma centena de milhar de fanaticos que no "cu de judas" dispoem de kalachnikovs! A aceitação de tal estado de evolução social na europa é uma prova de que o que está em causa não é a defesa dos nossos, mas apenas os interesses dos que ocupam o poder!
É mais do que evidente que os "nossos" "protectores"
continuam a perder o controlo, primeiro fora "de portas" e mais tarde até "dentro de portas".
A guerra do ventre e a entrada de imigrantes na europa vão ter resultados bem mais catastroficos do que as armas de destruição maciça do iraque!
Quanto ás futuras a.d.m. do irão, a história já está a ser outra! Enquanto o inimigo estava desorganizado tudo era facil, mas esses tempos acabaram, e agora vamos ficar nós no fio da navalha porque somos governados por um sistema politico imposto pelos "nossos" "democratas"!
Mais grave do que chamar traidores a quem não entra na cartilha da estupidez ("tolerancia humanista" armada com misseis e bombas de fragmentação entre outras), é dizer que estes ultimos ("os traidores") são comunas e/ou apoiam o inimigo, especialmente quando os "nossos" dão de "mão beijada" as nossas terras aos que nos invadem!!
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