O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, September 17, 2006

Outro Terrorismo

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A 17 de Setembro de 1793 o Terror que instituiu a Democracia resolveu dar um salto quantitativo que justificasse ainda mais o nome. Foi portanto aprovada a tristemente célebre Lei dos Suspeitos, que permitia encarcerar, entre outros, todos os que não obtivessem um «certificado de civismo» da administração, todos os que tivessem sido alvo de um processo político, ainda que dados como inocentes, todos os que tivessem nascido Nobres, no caso de se não terem empenhado na Revolução, todos os Emigrados, ainda que tivessem voltado, todos os que tivessem relações sociais com suspeitos e por aí adiante. Nunca se publicou lei tão draconianamente repressiva. E sabe-se como a detenção era, em muitos casos, o prelúdio da lâmina cortadora de pescoços. «Terror» não foi invenção dos Contra-Revolucionários: constava expressamente de um discurso do destacado jacobino Bertrand Barière de Vieuzac no «Comitê de Salvação Pública», como imperativo colocado «na ordem do dia». Alcunhado de O Anacreonte da Guilhotina, este sinistro personagem, poeta, imagine-se, chegou a acusar de reaccionários os falantes de outros idiomas e dialectos que não o francês oficial. Platão bem adivinhava os perigos dos poetas para a Polis. Deve ter tido uma premonição deste. Mas claro, para os Senhores do Mundo de hoje, aqueles a quem o crime aproveita, tudo isto não passa de «excessos compreensíveis de um período conturbado».
A pintura é, de Charles Louis Muller «O Apelo das Últimas Vítimas do Terror».

2 Comments:

  • At 12:12 AM, Anonymous Anonymous said…

    Ah, meu Caro Misantropo! Afinal «La Terreur» sempre tem um reflexo bacoco no Patriotic Act do Mr. Bush. Bacoco mas não menos inquietante. E tudo «em nome da Democracia». Enfim, salvo as devidas distâncias (temporais, terrenas e de «modus faciendi»), parecem-se em demasia quanto a substância. La Terreur, o Patriotic Act e muitas outras imposições ditas democráticas, comunitárias e sei lá que mais, hèlas!

    Um grande abraço.

     
  • At 9:21 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Carlos Portugal:
    O que vem demonstrar, contrariamente ao que os arautos da Democracia tentam fazer passar, que esse grande meio, nas doses industriais fundadoras ou nas pequenas réplicas conservadoras, é tão deles como dos regimes que se lhes opõem. Desde que sintam o perigo recorrem a ele, como todo e qualquer outro tipo de Poder que a História tenha conhecido.
    Abraço.

     

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