Estado de Alma 2
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Mudança de vida, eis a chave.
Quando alguém escreve para audiência vasta corre sempre o risco de valorizar o resultado do seu labor com correspondente menosprezo pelo dos outros. É o que, num plano mais adjectivo, é desmascarado no poema da Marquesa de Alorna que a seguir Vos trarei à memória. Mas a moral dele completar-se-ia bem se a vaidosa pena arrepiasse caminho e escrevesse com o próprio sangue do que a empunhava, maneira drástica de colocar, em lugar da admiração superficial pelos disfarces da maquilhagem, a preocupação profunda em transmitir a verdade enraizada na terra e de explicar ao provocado tinteiro que a vingança nunca é suficientemente moral para constituir um triunfo.
Mudança de vida, eis a chave.
Quando alguém escreve para audiência vasta corre sempre o risco de valorizar o resultado do seu labor com correspondente menosprezo pelo dos outros. É o que, num plano mais adjectivo, é desmascarado no poema da Marquesa de Alorna que a seguir Vos trarei à memória. Mas a moral dele completar-se-ia bem se a vaidosa pena arrepiasse caminho e escrevesse com o próprio sangue do que a empunhava, maneira drástica de colocar, em lugar da admiração superficial pelos disfarces da maquilhagem, a preocupação profunda em transmitir a verdade enraizada na terra e de explicar ao provocado tinteiro que a vingança nunca é suficientemente moral para constituir um triunfo.
A fotografia é de Wilfrid Hoffacker.
A PENA E O TINTEIRO
Uma pena, presumida
De escrever grandes sentenças,
Falava das suas obras
Tão sublimes como extensas.
- Sem mim, disse ela ao tinteiro,
Pouca figura fazias:
Cheio de um licor imundo
Sem mim, triste, que serias?
O tinteiro injuriado
Vasou logo a tinta fora
E voltou-se para a pena,
Dizendo-lhe: - Escreve agora.
Assim responde aos ingratos
Muitas vezes a razão:
Muita gente há como a pena,
Como o tinteiro outros são.
A PENA E O TINTEIRO
Uma pena, presumida
De escrever grandes sentenças,
Falava das suas obras
Tão sublimes como extensas.
- Sem mim, disse ela ao tinteiro,
Pouca figura fazias:
Cheio de um licor imundo
Sem mim, triste, que serias?
O tinteiro injuriado
Vasou logo a tinta fora
E voltou-se para a pena,
Dizendo-lhe: - Escreve agora.
Assim responde aos ingratos
Muitas vezes a razão:
Muita gente há como a pena,
Como o tinteiro outros são.
1 Comments:
At 8:30 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Espadachim:
Será que estas também são regadas, como as outras são... de lágrimas?
Meu Caro Visconde:
A Marquesa via longe!
Abraços a Ambos.
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