O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, September 03, 2006

Estado de Alma 1

Até que ponto pode a intensidade de uma dor que procura mergulhar no fim da sua noite encontrar alívio na substituição da intensidade pela persistência?
Aquela que nos tomou ao ponto de encontrar a lânguida oportunidade dum começo novo, que mais não fará do que ancorar na perda alheia e na justaposta contrapartida a permuta em vez da regeneração. Pois é na requalificação mútua do pathos inspirado por uma fusão pura que onde um abdica contamina o outro. E dessa inversão consentida e resignada
possível será tirar a companhia da dor, sem que aquele que a pensa possa partilhar, em simultâneo, o grau da que está presente em Quem se deu. Deu? Ou negociou, palavra má entre todas, com um sentido redimido neste caso solitário, pois que foi também na intensidade e duração paroxísticas de um climax que os dois fluxos espirituais arredados da alegria encontraram o novo receptáculo, mudando apenas o que (se) perdeu. Única esperança para a compreensão que conduza à aparência de suportabilidade, pelo sacrifício ou diluição, esses avatares da Felicidade possível.
As imagens são:«A Melancolia à Mesa», de Pierre Bellefeuille e a entrevisão do «Luto», de Stoinov.
De Fernand Gregh:

ÉCHANGE

Tu es venue, ayant en main
L´iris de la Mélancolie;
J´étais seul dans l´obscur chemin,
Cherchant la route où l´on oublie.

Les arbres te faisent un toit
D´azur entre-crosé de branches;
Le soleil effeuillait sur toi
Des pétales de roses blanches.

D´une haute et pure douleur
Je portais la fleur prophétesse;
Calme, tu m´as donné ta fleur
Pour le lys noir de ma Tristesse.

***

Depuis l´aube j´avais soufert,
Mon mal s´était accru sans doute
De tout faux bonheur offert
Par les passants de la route.

Loin des carrefours de la vie
Je cherchais un étroit sentier.
Tu parus, dolente et ravie,
Dans l´ombre et azur à moité...

Ton iris versait la corolle
Sur ton poing candide et petit;
Et pâles nous n´avon rien dit,
Sentant mourir toute parole...

***

Tu m´as pris le lys funéraire
Où mon destin s´épamouit;
J´ai ton iris bleu de soir, frére
De mon lys noir couleur de nuit.

Et depuis nous allons tous deux
Dans l´antique chemin, le notre,
Traversant les jours hasardeux
En portant l´un la fleur de l´autre.

L´emblème douloureux persiste
De l`iris mauve et du noir lys;
L´iris est toujours aussi triste,
Le lys est noir comme jadis.

Et nous sommes heureux pourtant;
Et nos mains sont comme allégées;
Ce sont toujours les mains d´antan,
Mais nous les avons échangées.

Nos deux âmes sont des hôtesses
D´un amour grave et pardonneur,
Et font avec leurs deux tristesses
Un unique et profond bonheur...

1 Comments:

  • At 10:10 AM, Anonymous Anonymous said…

    :(
    saudades...

     

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