Do Carácter Nacional
Se pouco me convencem os fados irrevogáveis, alguma atenção creio merecerem as apreciações de visitantes estrangeiros sobre o modo das nossas gentes. Dentre elas, a desatenção à Europa que, volta e meia, faz cair no deslumbramento da descoberta e, logo, na desilusão e no desengano. Como o amor pelo Hemisfério Sul, outrora consequente, hoje pouco menos do que o choro de uma viúva pelo seu defunto.
Como ainda a esforçada vontade de agradar ao estrangeiro, pela doçura do tratamento, incapaz de despertar fascínio ou respeito em todos aqueles que se não apaixonem por tal Grei. Destes últimos há-os bons. Mas são poucos.
Já no Século XVII Monsieur Voiture, agente de Richelieu em Lisboa, em pleno Século XVII, e detentor de um engraçado apelido, escreve, numa carta, depois de ter louvado a beleza da cidade:
«A maior parte dos que aqui vejo são homens do outro mundo e sabem-se com maior frequência notícias de Cabo-Verde e do Brasil do que de Paris ou da Flandres. De forma que, embora me devesse causar certo contentamento estar no país da marmelada e ter aqui uma amante mais doce ainda do que ela, tudo isso não me comove e faço votos de daqui sair, como se estivesse na Noruega».
É que convém não esquecer que adoçante em demasia enjoa. E que, para atravessar a estrada da Vida, convém olhar para um e outro lado dela.
Mas para os que professam fazer renascer as virtudes entranhadas, tais JSM e Internauta Descerebrado, aqui fica um extracto de referência.
Como ainda a esforçada vontade de agradar ao estrangeiro, pela doçura do tratamento, incapaz de despertar fascínio ou respeito em todos aqueles que se não apaixonem por tal Grei. Destes últimos há-os bons. Mas são poucos.
Já no Século XVII Monsieur Voiture, agente de Richelieu em Lisboa, em pleno Século XVII, e detentor de um engraçado apelido, escreve, numa carta, depois de ter louvado a beleza da cidade:
«A maior parte dos que aqui vejo são homens do outro mundo e sabem-se com maior frequência notícias de Cabo-Verde e do Brasil do que de Paris ou da Flandres. De forma que, embora me devesse causar certo contentamento estar no país da marmelada e ter aqui uma amante mais doce ainda do que ela, tudo isso não me comove e faço votos de daqui sair, como se estivesse na Noruega».
É que convém não esquecer que adoçante em demasia enjoa. E que, para atravessar a estrada da Vida, convém olhar para um e outro lado dela.
Mas para os que professam fazer renascer as virtudes entranhadas, tais JSM e Internauta Descerebrado, aqui fica um extracto de referência.
4 Comments:
At 10:33 PM, JSM said…
Caro Paulo Cunha Porto
Em primeiro lugar obrigado pela referência à qual gostaria de acrescentar o seguinte:
Irrita-me sobremaneira a falta de nível das chamadas elites, afinal as grandes responsáveis pelo baixo nivelamento geral. Por outro lado dou comigo a reagir, quando vejo a subserviência caseira perante os povos do norte , altos e louros. Nem o Xanana resistiu!
Penso que é o resultado de uma longa e persistente colonização assente na propaganda, é aliás uma situação que afecta todos os povos do sul, afinal os mais civilizados e com razões para isso, porque oriundos do berço das grandes civilizações clássicas, ou próximos dela. O romano ou o grego não eram louros nem tinham olhos azuis. Por muito que a indústria de Hollyood se esforce! Os bárbaros são os bárbaros. Melhoraram em contacto connosco, mas não deixaram de ser bárbaros. A rigidez das suas leis e o seu cumprimento rigoroso também esconde, pelo avesso, a bárbarie a custo contida.
Mas se penso tudo isto,a verdade é que acho ao mesmo tempo que houve grande abastardamento. O regime político tem decerto grandes responsabilidades nisso. Uma deficiente selecção dos ministros da Igreja Católica também está ligada com este tema.
A verdade não sei mas quando vejo a construção de uma casa no Alentejo e a comparo com a construção de uma casa típica do norte do país, verificamos fácilmente que a sabedoria e a perfeição ficam a sul.
Um abraço.
At 7:56 AM, Paulo Cunha Porto said…
Hihihihi, Caro JSM, essa diferenciação histórico-geográfica e psico-morfológica vai longe. Mas sim, penso que há, por vezes, nos nossos, uma hipotecação de si ao estrangeiro e a prestígios mal atamancados, que ultrapassa largamente a louvável hospitalidade do carácter português.
Ainda bem que o Meu Querido Amigo não é liberal, senão, com tal elogio do Sul e das elites, o Dr. Menezes ainda O imprecava, nalguma reunião pública... hihihihihi!
Grande abraço.
At 9:46 AM, Anonymous said…
Internauta "Apressado"?
Atrasado, Caro Misantropo, atrasado.
E sempre Descerebrado...
Depois do raspanete, vim re-examinar as tais notas de fim-de-semana, por onde passara como cão por vinha vindimada, e descubro a honrosa distinção da referência.
Deixo o comentário sério para o JSM, que já disse muito, e assinalo a saborosa designação "país da marmelada".
Que diria a Viatura se se passeasse por cá nos dias de hoje...? Se observasse as nossas ruas, as nossas praias, a nossa tv? Se frequentasse - aham...! - o blog do Misantropo...?
Um abraço do teu Amigo
muito obrigado
O Internauta Descerebrado.
At 10:53 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Internauta Descerebrado:
Raspanete? Qual! Pedinchice de um comentariozinho salvador, isso sim!
O texto do JSM é, realmente, forte. E se a carruagem em questão por cá passasse, coitada, temo que nem tivesse tempo para fazer medrar o sentimento de querer de cá sair. Provavelmente voltaria logo no dia para Paris e importaria a amásia pela "INTERNET", quem sabe se escolhendo-a no catálogo que se esforça por ser este pobre blogue?
Abraço.
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