Aviário
Desta não houve grande desilusão, porque ela morou foi na meia-final. No entanto, se não doeu tanto por causa da derrota, magoou a forma como fomos aviados, com um frango inaceitável numa bola ao meio da baliza que, por muito que haja desviado, não o fez de forma tão pronunciada que um qualquer guarda-redes não tivesse o dever de chegar-lhe. E num autogolo, em jogada sem outro perigo. Ou a desgraça de Novotny não se chamar Petit, tendo tido três momentos para poder igualá-lo, como de Ricardo não ser Kahn, que apanhou uma bola parecida.
Nem se pode dizer o que eu disse do jogo com a França, a propósito das baterias descarregadas. Aqui, voltámos foi ao que a nossa Selecção se notabilizou, durante décadas, em ser - uma equipa que produzia um futebol bonito e falhava oportunidades, à espera de que o adversário não fizesse outro tanto com as suas. Esta geração de jogadores e a imediatamente anterior foram uma emancipação deste fado, já que a eliminação pela França e a perda da final com a Grécia, nos Europeus que se sabe, tiveram significados diferentes.
Mas não assim hoje.
8 Comments:
At 1:36 AM, Eurico de Barros said…
Caro Porto, perdemos absolutamente por falta de sorte em pequenos detalhes, em momentos decisivos. O penalty com França não o era, foi só um toque, mas o Henry mergulhou e lixámo-nos. O auto-golo do Petit, na altura que foi, também nos lixou, de outra forma poderíamos ter reagido bem. Não perdemos por jogar mal nem por dar erros escancarados, nem por baixarmos os braços. Foi essencialmente falta de sorte em pequenos detalhes, em momentos decisivos.
At 8:46 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Eurico:
Era o Cocteau que dizia acreditar na sorte por ser o único meio de justificar o êxito dos outros de quem não gostava...
No caso do frangalhão e do autogolo de ontem, foi pura azelhice, infelizmente. E, até então, tínhasmos feito um joguinho bonitinho, com o Pauleta diante do "Gengis"-Kahn, aterrorizado pela saída do cruel chefe adversário, a não conseguir meter a bola, ou os quatro cabeçudos no canto a não alcançarem dar-lhe o toquezito...
Por isso digo que voltámos ao que me habituei a ver durante décadas:
fio de jogo agradável, incompetência finalizadora, até que o adversário ganhasse o jogo com as características inversas.
Faltou-nos um bocadinho assim...
Abraço.
At 11:01 AM, Anonymous said…
Eis-me de volta do Porto.
Ontem já assisti ao jogo no Snooker Clube (primeira parte, bebendo uma Superbock Stout) e no Parque Mayer (segunda parte, bebendo uma Sagres Bohemia).
O melhor foi ter ficado ao lado de uma veneziana lindíssima, de uns 20 anos. Muito melhor do que o Cristiano Ronaldo.
Concordo contigo na apreciação que fazes do jogo.
Mas acho que o fio de jogo agradável se aplica à selecção de 84, de 86, da equipa que perdeu as meias-finais com a França.
Globalmente, o Ricardo esteve bem no Mundial, mas ontem borrou indiscutivelmente a pintura. Nunca as pessoas foram tão desculpabilizadoras em relação aos guarda-redes e tão críticas em relação aos árbitros.
O ambiente de fanatismo está tão louco que eu fico satisfeito por este Mundial acabar.
Confirma-se a dedicatória de abertura do meu livro: "Ao futebol, esse desporto desaparecido". Já nem a selecção holandesa tem "fair-play".
At 11:14 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Luís:
Pois é. E apesar dos mergulhos e das "pressões" ao árbitro, também não gosto nem um bocadinho da flagelação crucificante que o púbico e a imprensa anglo-alemães endereçaram ao Cristiano Ronaldo. Ele não fez mais do que muitos outros, pelo que, apesar de a Merche e muita Gaiata o considerarem uma lindeza, é, de facto, um bode. O expiatório, claro.
Exultante por Te ter de volta, Caríssimo "Gondolero"!
At 12:44 PM, Anonymous said…
Pois é, meu caro Porto, o problema é que já não há goleadores em quase parte nenhuma e, como se viu neste Mundial, toda a gente joga «à italiana». Logo, vai-se o espectáculo, vâo-se os golos. O mesmo aconteceu exactamente ao xadrez, que dantes era um jogo de ataque, para fazer mate, e se transformou num jogo de defesa cerrada. E continuo na minha: auto-golos e «penaltys» forçados são puro azar. Quanto ao Ronaldo, inteiramente de acordo. Tal como a reputação chata com que ficámos de mergulhadores. Os italianos mergulham descaradamente (ver o escandaloso jogo com a Austrália, ainda por cima tendo em conta a altura em que foi e o resultado do jogo na altura), os franceses e argentinos idem, mas nós é que ficamos com o estigma. E para piorar, ontem houve pelo menos dois «mergulhos» óbvios nossos. É preciso matar esta cultura «dramática» na fonte e isso compete ao treinador.
At 1:14 PM, Anonymous said…
Já agora, também é de reparar: quase não há avançados-centro portugueses, tirando o Nuno Gomes (que acumula com o ser um bom armador de jogo) e, quando bem servido, o João Tomás. Onde estão sucessores dos Jordões, Nenés, Gomes, Domingos, Manuel Fernandes, Rui Águas, etc? Quem marca golos nos nossos campeonatos são os estrangeiros. Agora, resta ao Scolari potenciar o Nuno Gomes, ir buscar o João Tomás e «nacionalizar» o Mantorras...
At 1:35 PM, Victor Abreu said…
E ainda: ou muito me engano, ou vemos ver, daqui a dois anos, jogar no Europeu 2008 Suíça/Áustria, aquele rapaz Paulo Jorge que o Benfica resgatou ao Boavista...
At 5:31 PM, Paulo Cunha Porto said…
Ora bem Caríssimo Eurico! Já sabe que eu tenho um probleminha em apreciar o Nuno Gomes, a quem julgo faltar completamente o "killer instinct", embora aceite que ele jogue como segundo ponta de lança, desde que acompanhado por um avançado mais metido entre os centrais adversários. Isto porque penso que o que ele faz melhor se evidencia nas tabelinhas.
Mas fico feliz em encontrar Outra Voz defendendo sem sorrisos a reciclagem de João Tomás.
Caro Victor Abreu:
Também gostei de ver o Paulo Jorge na peladinha de ontem. Mas ele é extremo e estamos absolutamente carenciados é do que no Brasil se chama um "centroavante".
Abraços a Ambos.
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