«A Vitória é na Secretaria Mas é Nossa»
Dizem os Adeptos do Belém, ao verem-se entre os grandes. A queda do galo era mais do que esperável em época de gripe aviária, já se vê. Mas cuidado, quem o comeu também pode ser infectado...
O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot
41 Comments:
At 10:51 PM, Flávio Santos said…
Na secretaria jogou (e fora da lei) o Gil: o mesmo jogador era cobiçado pelo Vitória SC, que arrepiou caminho ao saber que ele tinha estatuto de amador. Já o Galo não teve esses pruridos e queimou-se.
At 9:18 AM, Paulo Cunha Porto said…
Mas oha que, pelo que vi ontem no noticiário televisivo, as gentes de lá preparam uma marcha sobre Belém. Infelizmente não é para modificar o modo de escolha do locatário do Palácio...
Abraço.
At 10:16 AM, Flávio Santos said…
A questão é que a FIFA é intransigente no que respeita ao recurso à justiça não desportiva. Poderia estar em causa a inscrição dos clubes portugueses para as competições europeias e até a possibilidade de a selecção portuguesa participar em jogos oficiais (há um precedente, salvo erro com o Cazaquistão).
Talvez te lembres do "caso Mapuata", em que o nosso fogoso avançado africano actuou num jogo contra o Marítimo (vitória nossa) estando mal inscrito. Resultado: perdemos o jogo na secretaria. Ninguém se lembrou de recorrer aos tribunais comuns, acatou-se a decisão, ponto. O sr. Fiúza, após meter a pata na poça, quer fazer de todos parvos e julga-se dentro da legalidade.
At 10:22 AM, Bruno Santos said…
A descida do Gil Vicente, a confirmar-se, é uma injustiça do tamanho, se não da Torre dos Clérigos, pelo menos da Torre de Belém. O clube de Barcelos não será punido pela inscrição irregular do jogador (afinal, foi a própria Liga que aceitou a inscrição, após sentença do tribunal) nem por qualquer questão relacionada com a chamada "verdade desportiva", mas apenas por haver recorrido para os tribunais civis.
Um clube português, com domicílio em Portugal, está pelos vistos impedido pela FIFA e pelo Regulamento da Liga de recorrer para os tribunais portugueses!...
Para um clube como o Belém, com tradições, belo estádio, sala de bingo e orçamento elevado, é uma vergonha ter descido de divisão; mas mais vergonhoso será ainda obter a permanência com recurso a semelhante expediente.
At 10:25 AM, Bruno Santos said…
Para agravar a injustiça, o último jogo foi precisamente um Gil Vicente-Belenenses, em que as duas equipas lutavam pelos pontos da permanência. Ganharam os de Barcelos, sem espinhas.
At 10:29 AM, Paulo Cunha Porto said…
Oh FSantos e eu até sou por as questões desportivas não serem resolvidas em tribunais comuns, como ainda recentemente expus a propósito do jogador do clube holandês condenado a um ano de prisão por uma duríssima entrada...
Até por outra coisa: por esse critério os Amigos de Belém estariam agora a chorar uma descida irremediável, com meio plantel a ver o sol nascer aos quadradinhos, hihihihihi.
Abraço.
At 10:35 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro BOS:
Há um ponto que toca , que desperta uma problemática candentíssima, que é a restrição ao acesso aos tribunais. Claro que o Gil Vicente, como todos os outros clubes, concordou em renunciar a eles, porém pode argumentar-se que se trata de um direito indisponível. O problema é que, com a Justiça Posrtuguesa assente em tribunais sobrecarregados, teríamos os campeonatos todos encalhados durante anos, à espera das sentenças que ditassem os vencedores.
Quanto ao resto, os nossos Amigos contentam-se com pouco... Este triunfo soube-Lhes tão bem!
Abraço.
At 11:15 AM, Flávio Santos said…
Folgo em ver que o BOS apoia o recurso às maiores manigâncias para contornar os regulamentos desportivos.
1) Mateus tinha estatuto de amador.
2) Como tal, estava impedido de ser inscrito como profissional a meio da época. Aqui devia ter acabado a história se o sr. Fiúza fosse pessoa de bem.
3) Recorreu ao Tribunal de Braga, que indeferiu o pedido de "direito ao trabalho".
4) Recorreu ao Tribunal do Porto, que deferiu. Mateus participou em 4 jogos, dois dos quais ganhos pelos gilistas (contra AAC e VFC, que protestaram; o recurso da AAC ainda está em análise).
5) A FPF informou o dito Tribunal de que estava a colidir com os regulamentos desportivos; aquele voltou atrás na decisão e Mateus ficou na bancada até ao fim do campeonato.
6) «Um clube português, com domicílio em Portugal, está pelos vistos impedido pela FIFA e pelo Regulamento da Liga de recorrer para os tribunais portugueses!...» Para além do caos que seria se isso sucedesse, como o Paulo bem frisou, regulamentos são regulamentos, votados em AG da Liga pelos clubes constituintes, entre os quais o Gil, que depois quis actuar à revelia daqueles e do seu próprio voto. Depois o Belém é que recorre a expedientes. Estranha concepção de justiça, esta.
At 11:19 AM, Bruno Santos said…
Sim, eu de facto não concebo que um português ou uma instituição portuguesa não possam recorrer aos tribunais portugueses por imposição de um organismo «mundial». Os clubes todos aceitaram as «regras do jogo»? Em terminologia jurídica, podemos falar — como fala o Paulo —num direito indisponível. Seria, para aqui me valer de um caso académico, como se um trabalhador celebrasse um contrato de trabalho em que prescindia do direito a férias — ou, para borrar ainda mais a pintura com as cores do exagero, aceitava ser chicoteado pela 'entidade patronal' nos dias em que a sua produtividade fosse reconhecidamente nula. Como é óbvio, apesar de aceites pelas partes, tais contratos são nulos. (Ou pelo menos são nulas as cláusulas em questão.)
O Paulo fala na morosidade da Justiça portuguesa. Parece-me, contudo, que as regras da FIFA não visam especialmente o caso português, antes são aplicáveis ao mundo inteiro. E no que concerne ao caso português, se é verdade que a justiça dos tribunais comuns é lenta, que dizer da justiça desportiva? Olhe o caso Nuno Assis, por exemplo.
A mim, quer-me parecer que haveria neste caso matéria suficiente (se fossem outros os envolvidos) para ir até às últimas consequências, como sói dizer-se. A FIFA também era intransigente quanto às regras da transferência de jogadores comunitários — até ao caso Bosman. e aí, curiosamente, teve que engolir dois sapos: por um lado, viu alterada a legislação das transferências; e, por outro, teve que suportar a sentença de um tribunal não-desportivo que a ditou. E não houve 'sanções', nem impedimento de inscrições, nem nada. A FIFA ouviu e calou.
Mas como neste caso é do Gil Vicente que se trata, um ignoto clube do Minho, de uma cidade com 30 mil habitantes, a coisa não terá consequências.
At 11:27 AM, Anonymous said…
Esta rapidez da justiça desportiva é um sonho! Não seria possível encarregar-se, também, da que se arrasta, sem remédio, pelos nossos tribunais?
At 11:28 AM, Flávio Santos said…
Termino com um comentário de um meu consócio num blogue belenense:
«Ontem no tal programa da RTPn procuraram fazer crer que o Gil tinha razão porque isto era apenas uma questão laboral e que a lei da FIFA é anti-constitucional...
A minha questão é esta:
E se algum clube resolver inscrever jogadores em Fevereiro ou Março (quando o prazo de inscrições estiver encerrado)? Vai para os tribunais civis alegar que é uma questão laboral, que os regulamentos da FIFA são anti-constitucionais porque não permitem o direito ao trabalho ao longo de 12 meses por anos?
E se algum clube quiser jogar com 15 jogadores ao mesmo tempo em vez de 11? Vai para os tribunais civis alegar que é uma questão laboral, que os regulamentos da FIFA são anti-constitucionais porque não permitem o direito ao trabalho a todos os empregados do clube, obrigando alguns a ficarem no banco ou na bancada em vez de estar a trabalharem no relvado?
A LPFP e a FPF que brinquem com a FIFA e com a UEFA que vão ver Portugal a ser excluído das competições internacionais organizadas por essas entidades. Adeus competições europeias, campeonatos da Europa e do Mundo e outras provas com Selecções...»
At 11:40 AM, Paulo Cunha Porto said…
Esclarecidas as posições dos Dois Digníssimos Contendores - que note-se, têm ambas muita matéria para reflexão, inclusivé o último argumento do BOS de que o poder e a dimensão dos clubes acarreta diferentes pesos e medidas - devo agradecer, na minha qualidade de membro do Conselho Jurisdicional da Federação Portuguesa de Basquetebol, o elogio que o Caro Anónimo fez aos actores da Justiça Desportiva e ao estatuto de exemplo a que nos guindou.
Abraços a Todos.
At 11:43 AM, Bruno Santos said…
Para o FSantos:
"1) Mateus tinha estatuto de amador."
Pois tinha, mas parece tratar-se de um erro. E que não pode ser imputado ao Gil Vicente. É óbvio que o jogador é (e já era na altura) profissional. Alguém se acredita que um futebolista convocado para o Mundial foi amador até Janeiro?
"2) Como tal, estava impedido de ser inscrito como profissional a meio da época. Aqui devia ter acabado a história se o sr. Fiúza fosse pessoa de bem."
Foi justamente por isso que o Gil recorreu. De qualquer modo, tenho sérias dúvidas quanto à legalidade deste regulamento que impede um jogador de celebrar um contrato profissional de trabalho. O jogador quer celebrá-lo; o clube onde joga está interessado em ceder o seu 'passe'; o clube de destino está interessado em inscrevê-lo; as inscrições estão abertas — mas pelos vistos uma cláusula de duvidosa legalidade impede o jogador de exercer a profissão.
"3) Recorreu ao Tribunal de Braga, que indeferiu o pedido de "direito ao trabalho".
4) Recorreu ao Tribunal do Porto, que deferiu. Mateus participou em 4 jogos, dois dos quais ganhos pelos gilistas (contra AAC e VFC, que protestaram; o recurso da AAC ainda está em análise)."
O FSantos contesta o direito de recurso para os tribunais civis? Eu não. Imagine que amanhã um clube quer litigar com a própria Liga. Pelo regulamento actual, só pode recorrer para o próprio 'tribunal' da Liga, que assim julgará em causa própria. Uma bonita ideia de justiça...
"5) A FPF informou o dito Tribunal de que estava a colidir com os regulamentos desportivos; aquele voltou atrás na decisão e Mateus ficou na bancada até ao fim do campeonato."
É justamente isto que eu contesto. O sr. Madail, ou alguém por ele, corrige as decisões dos tribunais! Ou seja, em Portugal a FPF está acima de um órgão de soberania.
"6) «Um clube português, com domicílio em Portugal, está pelos vistos impedido pela FIFA e pelo Regulamento da Liga de recorrer para os tribunais portugueses!...» Para além do caos que seria se isso sucedesse, como o Paulo bem frisou, regulamentos são regulamentos, votados em AG da Liga pelos clubes constituintes, entre os quais o Gil, que depois quis actuar à revelia daqueles e do seu próprio voto. Depois o Belém é que recorre a expedientes. Estranha concepção de justiça, esta."
Regulamentos são regulamentos — mas podem estar feridos de nulidade. As leis também são leis — e muitas vezes são inconstitucionais. Relembro aqui o caso dos direitos indisponíveis. Imagine que um trabalhador celebra um contrato em que prescinde do direito a férias e aceita ser chicoteado. Por identidade de razão, o FSantos sairia em defesa do contrato celebrado, dizendo que "contrato é contrato" e que é para cumprir, sendo que foi celebrado por acordo entre as partes. Isso sim, seria uma bela concepção de justiça.
At 11:53 AM, Bruno Santos said…
Ninguém acredita que o Benfica, o Porto, o Sporting ou até o Belenenses fossem punidos com a descida de divisão em favor do Gil Vicente, num caso idêntico mas às avessas. Mas como o Gil é só Barcelos, 2 mil sócios e um orçamento reduzido — vai direitinho para a segunda. Os meus amigos belenenses, sempre tão indignados com os constantes favores aos 'grandes', que ponham os olhos nisto: um pequeno clube de província, que ganhou o direito à permanência vencendo no relvado, vai ser arbitrariamente despromovido em benefício de um 'grande' de Lisboa.
At 12:29 PM, Flávio Santos said…
«É óbvio que o jogador é (e já era na altura) profissional.» Óbvio para ti. O presidente do Lixa afirmou perante os jornais que o Mateus era amador e alertou o Gil para a situação. Pelo mesmo motivo o VSC desistiu de contratar o jogador. É óbvio, isso sim, que o Gil sabia o risco que corria e mesmo assim decidiu avançar, à chico-esperto.
«(...) tenho sérias dúvidas quanto à legalidade deste regulamento que impede um jogador de celebrar um contrato profissional de trabalho» - dúvidas que o Gil não tinha quando aprovou esse mesmo regulamento.
«Regulamentos são regulamentos — mas podem estar feridos de nulidade.» Mais uma vez o Gil não se preocupou com a questão quando aprovou o regulamento.
A questão de se prejudicar um clube pequeno é uma opinião pessoal. A decisão tomada obedece à interpretação correcta dos regulamentos; se os clubes não gostam do que aprovaram que tentem alterá-los, não venham é sugerir retroactividade.
E não é por o Belenenses ser um clube de maior dimensão que o Gil que será alegadamente beneficiado por tudo isto; a decisão quanto a mim resulta mais da pressão da FIFA, com todos os riscos que o não acatamento dos princípios daquela acarretariam (e descritas pelo meu consócio já citado).
Se não gostam dos regulamentos alterem-nos mas enquanto vigoram têm que ser respeitados.
At 1:27 PM, Bruno Santos said…
Caro FSantos: encerremos a conversa, que isto já vai longo, mas não mudo uma vírgula do que já escrevi. Ponto um: se o jogador é amador, conviria saber quanto ganhava no Lixa e, já agora, qual a profissão que exercia. Contabilista? Electricista? Arquitecto?
Ponto dois: se o Gil tinha ou não tinha dúvidas sobre o regulamento, não me interessa. O regulamento é uma aberração. E se os clubes o aprovaram, nada tira ao que expus. Volto a insistir no ponto: há coisas que são nulas mesmo que as partes assinem.
Ponto três: gostaria que os defensores do regulamento dissessem sem tibiezas se estão de acordo com a regra que impede os clubes de recorrerem aos tribunais. Isto é, se defendem que um organismo internacional impeça os nacionais de recorrerem aos tribunais do seu próprio país. É esta questão e mais nenhuma. (E não se venha com a estapafúrdia tese de que o regulamento até pode ser mau mas foi aprovado; não colhe pelos motivos já expostos).
At 1:50 PM, �ltimo reduto said…
Caríssimo FSantos,
Eu nem discuto o caso com o Paulo e com o BOS, na exacta medida em que não têm assento no Conselho de Justiça da Federação. Não vale a pena, portanto.
Mas verifico com agrado que numa próxima AG da segunda circular, o BOS e o Paulo vão propôr à assembleia que o Benfica não participe na próxima Liga, visto que para tal terão que aceitar uma série de regulamentos a todos os títulos inaceitáveis e, mais ainda, que haja uma entidade supra-nacional a poder malhar no Benfica. Será com toda a certeza a medida aprovada por unanimidade e aclamação, sendo os dois amigos em causa levados em ombros!
Saudações azuis a todos.
At 1:56 PM, �ltimo reduto said…
Ainda vou mais longe: pagava para que o palerma do Fiúza pudesse ler a argumentação do BOS. Estou certo que seguiria os princípios à risca e nem sequer recorria ao CJ da FPF - era logo directo para o Tribunal Constitucional.
Uma limpeza. Não só o Gil Vicente descia como com um bocadinho de sorte ainda ficava 3 ou 4 anos sem competir. Há vastos exemplos recentes...
At 2:47 PM, Flávio Santos said…
Se mencionar a aprovação de um regulamento é uma questão estapafúrdia então o melhor é viver em anarquia e em cada momento recorre-se aos argumentos "que colhem".
O que é triste neste caso é que quem está em incumprimento é tido como o "coitadinho" e os cumpridores, neste caso o Belém, como o mau da fita.
At 2:49 PM, Bruno Santos said…
O que eu defendo, sem dúvida, Pedro, é que se amanhã o Benfica for seriamente prejudicado pela justiça federativa, deve recorrer sem hesitações aos tribunais civis. (E depois cá aguardamos a despromoção...)
Assim de repente, sem quaisquer pesquisas, parece-me aliás que há precedentes. Não recorreu o Benfica para os tribunais civis para o estabelecimenro das indemnizações a pagar pelo Sporting nos casos Pacheco e Paulo Sousa, que debandaram a Luz no Verão de 1993?
Não sei se os meus amigos já ouviram falar no acórdão Bosman. Também havia a FIFA e a UEFA, com regras severíssimas. Também havia a proibição de recurso para os tribunais comuns. Também havia regulamentos que todos tinham aprovado e assinado. Os meus amigos sabem como acabou a contenda, não sabem? E a mim, quer-me parecer que esta bizarria que impede um clube de recorrer para os tribunais do seu próprio país, anda também a pedir uma «sentença Bosman». Se não fosse o pequeno Gil Vicente a vítima, era mesmo isso que acontecia.
At 2:56 PM, Bruno Santos said…
FSantos, continuo sem saber se concordas com a proibição de um clube português recorrer aos tribunais do seu país por determinação de um organismo «internacional». Porque é só por isso que o Gil vai descer: por ter recorrido para aqueles que, no seu país, são «órgãos de soberania».
Aqui não há "bons" nem "maus". Provavelmente a direcção do Gil, se estivesse na situação contrária, advogaria a tese oposta. O Belenenses não é o "mau da fita". Limita-se a aproveitar uma iniquidade para conseguir na secretaria o que não conseguiu em campo.
At 3:08 PM, Flávio Santos said…
Meu caro, o Gil é que conseguiu, via secretaria / tribunais inscrever um jogador que ajudou à conquista de 6 pontos absolutamente decisivos para a manutenção.
Quanto à pergunta: sou, como deves calcular, avesso a tudo o que cheira a órgãos supranacionais. No caso do futebol tenho alguma dificuldade em pronunciar-me pois num contexto de livre circulaçao de jogadores, de harmonização dos calendários (com óbvias vantagens a nível de planeamento das épocas) e das regras, é complicado abrir excepções nacionais. Só estudando os estatutos da FIFA e as obrigações das federações que a ela pertencem é que possa perceber melhor o que está em causa. Ninguém é obrigado a pertencer à FIFA, ao aderir há uma obrigação de conformidade com as suas normas, goste-se ou não. É o preço a pagar pela internacionalização do nosso futebol.
At 3:38 PM, Bruno Santos said…
Dizes que " Gil é que conseguiu, via secretaria / tribunais inscrever um jogador". Quer isto dizer que para ti ganhar na "secretaria" ou nos "tribunais" é a mesma coisa?
O jogador foi inscrito depois que o tribunal do Porto se pronunciou. Entendeu num primeiro momento este tribunal, e bem (no meu parecer), que tinha competência para julgar a matéria. O jogador foi por isso inscrito com base na decisão soberana de um tribunal português.
Mais tarde, o mesmo tribunal, parece que em face de uma exposição da FPF, considerou sem efeito a primeira decisão; e desde aí o Gil deixou de utilizar o jogador. Isto é, nos jogos em que o utilizou estava respaldado pela decisão judicial.
Quando na última jornada o Gil venceu o Belenenses, o jogador em questão nem sequer no banco estava.
Acresce que tudo isto só aconteceu porque o jogador "tinha estatuto de amador". Coisa incrível! Um atleta que já tinha jogado no Sporting e que está agora no Mundial da Alemanha, parece que era até Janeiro um simples técnico de uma empresa de pneus, propriedade do presidente do Lixa! Aqui, sim, está o verdadeiro «escândalo» deste processo. É evidente que o jogador era profissional. Mas parece que os tribunais portugueses estão impedidos de se pronunciarem sobre matéria laboral. O caso é grave.
Uma associação internacional proíbe os seus associados nacionais nacionais (e pelos vistos os trabalhadores destes) de recorrerem para os tribunais dos seus próprios países em processos de natureza laboral. Por exemplo, saber-se se um contrato é de «amador» ou «profissional». Ao invés, a organização internacional obriga os seus associados a criarem órgão de jurisdição próprios. É aí, e só aí, que podem ser julgados os pleitos. Num caso como este, por exemplo, uma vez que os órgãos federativos haviam aceitado o contrato como «amador», é óbvio que agora não o iriam entender como «profissional» — para não se desdizerem. E os interessados não podem recorrer para lado nenhum, porque estão proibidos! Isto, sim, é uma batota.
E não se diga, FSantos, que "ninguém é obrigado a pertencer à FIFA, ao aderir há uma obrigação de conformidade com as suas normas, goste-se ou não". Não digas tal, por duas razões. A primeira é o caso Bosman. A segunda é que, sendo assim, podiam criar-se associações onde os sócios — por sua livre vontade — fossem torturados, mutilados e até mortos. Tinham sido eles a inscrever-se na associação. Logo, há que cumprir com os regulamentos da mesma.
At 3:48 PM, �ltimo reduto said…
"se amanhã o Benfica for seriamente prejudicado pela justiça federativa, deve recorrer sem hesitações aos tribunais civis. (E depois cá aguardamos a despromoção...)"
O que podes ter a certeza é que se fosse em Itália ou em França descias na mesma. Por cá, como há sempre uns que valem mais do que os regulamentos, 'no pasa nada'...
Quanto ao todo-poderoso caso Bosman (na argumentação do BOS), estimo que o Gil não consiga ir por aí. Oa advogado é muito fraquinho, mas podem sempre tentar, enfim. De qualquer modo, por essa altura, o campeonato é capaz de já ter começado.
At 5:41 PM, Bruno Santos said…
Eu não sei se há uns que valem mais do que os regulamentos; sei, isso sim, que há regulamentos que valem mais do que os tribunais, que são órgãos de soberania. Insisto: continuo a não admitir que um organismo internacional me proíba de recorrer para os tribunais do meu país.
Quanto à França e à Itália, não sei como seria por lá nem me interessa. Mas sei que o caso Bosman não se passou cá, foi antes lá fora, e quem engoliu em seco foi o organismo «internacional»...
Quanto ao resto tens razão. O Gil vai perder porque (são palavras tuas) "o advogado é muito fraquinho". Pelos vistos, os de Belém são melhores. E nisto estamos. O Gil conseguiu a permanência no relvado, mas os advogados perderam-na depois na secretaria.
At 5:49 PM, Flávio Santos said…
E ele a dar-lhe com o relvado. Olha se o VSC também se armasse em esperto e tivesse contratado o Mateus como era do seu interesse: se calhar tinha ganho mais uns pontitos, o necessário para não descer - no relvado. Mas os vitorianos conheciam o regulamento e arrepiaram caminho. Volto a dizer: os chicos-espertos tramaram-se, sabiam o que estavam a fazer e quiseram arriscar. O resultado está à vista.
At 6:00 PM, �ltimo reduto said…
O BOS hoje acordou do contra, será com toda a certeza efeito de mais uma "quase-grande-equipa", posto que houve uns gregos que paparam o Papadopoulos :)
Isso do relvado e da secretaria é conversa fiada. Parece que há regulamentos e normas, mas que elas não são para cumprir - apenas para enfeitar e mesmo por quem as jurou respeitar. É uma tese "bloquista" como outra qualquer...
At 6:18 PM, Bruno Santos said…
Eu entendo o vosso "interesse" na matéria, meus caros. Mas essa da "quase-grande-equipa" assenta como uma luva ao Belém deste ano; apresentou-se cheio de pompa e ambição — e foi sempre a subir pela classificação abaixo. Para o ano vão ter uma 'equipa de jogadores' ou limitam-se a contratar uma 'equipa de advogados'?
Ó FSantos, essa história do VSC também querer o jogador não interessa para nada. Se calhar, os juristas de Guimarães tinham um entendimento diferente na matéria; ou então o próprio clube, muito legitimamente, quis acatar os regulamentos em vigor. Mas nada obriga que outros clubes acatem um regulamento iníquo. Se nós os três formos prejudicados por um vigarista qualquer, mesmo que vocês não queiram recorrer aos tribunais, eu tenho sempre legitimidade para o fazer.
Para acabar. Diz o FSantos que "os chicos-espertos tramaram-se". Não se tramaram nada. Parece que vão ganhar na 'justiça desportiva' e assegurar a permanência do Belém entre os maiores.
At 6:35 PM, Flávio Santos said…
«Mas nada obriga que outros clubes acatem um regulamento iníquo.» O Pedro tem razão, estamos no campo da insurreição bloquista.
At 6:36 PM, �ltimo reduto said…
O BOS entrou aqui de manhã a falar em "secretaria" e já vai em "Justiça desportiva". Está melhor...
De resto, quem te ouvir com essa obsessão da Justiça não desportiva ainda pode pensar que o CD da Liga - onde pontificam três juízes de Direito e um filho de um vice do Gil Vicente - é composto por sapateiros ou sócios do Veiga...!
At 6:38 PM, JSM said…
Caro Paulo Cunha Porto
Por distracção imperdoável perdi, sem intervir, este magnífico duelo de argumentos. Claro que os de Belém estiveram melhor!
Só vou dar um pequeno subsídio para mitigar o drama constitucional: o Gil Vicente pode, sempre que quiser, recorrer aos tribunais comuns para resolver os seus problemas relacionados com a sua participação desportiva na Liga ou Federação. Sujeita-se é às penalidades previstas que, neste caso, são a descida de divisão.
Sobre o 'acto administrativo' em questão e indispensável para o Mateus jogar à bola na Liga, estamos todos esclarecidos.
Mas calma, que vai haver alargamento. A Liga e a Federação meteram a pata na poça. Nem é o Belenenses ( ou outro eventual lesado) que tem a obrigação de assegurar o cumprimento do regulamento desportivo! É a Liga e a Federação.
Em última análise o secretário de estado, com letra pequena.
Um abraço. Encontramo-nos todos... na primeira Liga.
At 5:00 AM, Anonymous said…
Bolas! Até fiquei sem fôlego.
Mas não há dúvida de que este blog é frequentado por pessoas intelectualmente bastantes evoluídas.
(Como é óbvio, não estou a ser irónico)
Recorde de comentários?
Tenho simpatia pelo Belém, mas ficar assim na I Liga assume um travo particularmente amargo.
At 5:03 AM, Anonymous said…
Não costumo corrigir as gralhas que são evidentes. Mas esta é chata: (...) bastante evoluídas (...).
Pronto!
At 9:18 AM, Paulo Cunha Porto said…
Oh meus Queridos Amigos, o que para aqui vai!
Tentei responder ontem, quando estavam já todos os comentários, excepto os do Luís, mas o "blog" - e não já apenas o "blogger" - entrou em greve e... nem "posts", nem comentários, zero.
Antes do mais, meu Caro Pedro, a minha posição aqui não é por qualquer das Partes, pois vejo razões e perigos em ambas as posições.
O que gostaria de lembrar é que o processo ainda não terminou. E adoraria ver se os Nossos Amigos Azuis continuariam a tecer tantos elogios às virtudes e virtualidades da justiça desportiva no caso de o Conselho de Justiça da FPF contrariar a primeira instância e dar razão ao Gil. Mas, pela diferença de tratamentos que o BOS muito bem salientou, é de todo improvável que tal aconteça.
Abraços.
PS - que, escrito por um PCP, ronda perigosamente uma Frente Popular: não Caro Luís, o "record" de comentários ainda repousa na posse de uma célebre "Questão Israelita". Mas claro que as «ATRIBULAÇÕES DE UM BELÉM NA JAULA» vão sendo ainda um "work in progress".
At 9:24 AM, Paulo Cunha Porto said…
Em tempo:
A alegação de «não ter sido uma vitória na secretaria» é que não pode ser deixada passar em claro. Por muito escorregadia que seja a argumentação integrante do processo, não há meio de transformar a papelada num relvado e o local de recebimento de protestos e petições em estádios. Sejamos rigorosos, que isto, sendo muito embora alegria mais fraca, nada diz da bondade ou não das razões.
At 9:51 AM, Flávio Santos said…
«o "record" de comentários ainda repousa na posse de uma célebre "Questão Israelita» - nã, nã, nã! Sabes perfeitamente que o record é de exactamente 100 comentários, todos da autoria da mesma pessoa (do sexo feminino, por sinal...) ;)
At 10:05 AM, Paulo Cunha Porto said…
Ah, isso foi um jogo particular, Caro FSantos.
Abraço.
At 10:08 AM, Flávio Santos said…
Eu sei, mas foi dirimido no relvado ou na secretaria? Ah, ah, ah, ah!
At 11:01 PM, �ltimo reduto said…
Ainda cá volto! Muito a propósito do que por aqui fomos tratando, permito-me recomendar ao nosso amigo BOS - bem assim como aos demais contertúlios - a leitura desta peça notável publicada no portal do Belenenses:
http://www.osbelenenses.com/portal/belenenses/_specific/public/allbrowsers/asp/projuindex.asp?stage=2&id=4831
Saudações azuis!
At 8:53 AM, Paulo Cunha Porto said…
Para o FSantos:
como não houve necessidade de recurso aos tribunais, não se teve de chamar ao caso posturas sancionatórias. O resultado era irrelevante.
At 9:42 PM, Anonymous said…
Não foram 100.
Foram 101.
Post a Comment
<< Home