Vergonha (co)Ordenada
De cada vez que o Ministro Freitas fala em «actuação coordenada com outro País» sinto um arrepio na espinha, por ainda ter presente o vexame que voi a diligência dele em Otawa, com o intuito de evitar as expulsões canadianas de portugueses ilegais. Vem agora dizê-lo do acordo celebrado com a Austrália para que a GNR possa actuar no sector dominado pelos Aussies. A vitória moral do costume é expressa, segundo o entendimento do MNE, no facto de que «em parte nenhuma de Timor Leste a Austália comanda a GNR». Gostaria de ver o mesmo governante ser igualmente taxativo quanto à possibilidade de as forças policiais portuguesas actuarem armadas, sem permissão dos homens de Camberra, no território garantido por estes. Esse é que foi o pomo da discórdia, ontem. Ou o contentado chefe da diplomacia portuguesa achará que esta tutela não é uma subalternização?
Claro que a triste situação teria sido evitada, se tivessem sido mandadas forças militares a par, ou em vez das da Guarda, como defendi nos comentários de Interregno. Não se quis convencer a tal o primeiro-ministro de Timor, que, como se sabe, tem um comovedor controlo da situação...
6 Comments:
At 8:58 PM, Anonymous said…
Amanhã começa a anestesia. Calha bem o recolhimento da guarda: podem agora ver a bola descansados. E os australianos não jogam, pois não?
Cumpts.
At 2:48 AM, Marcos Pinho de Escobar said…
Caro Amigo,
Este senhor, born & bred no Estado Novo, discípulo devotadíssimo de Marcello Caetano, moveu montanhas para impedir que fossem julgados os responsáveis pela traidora e genocida "descolonização exemplar". Esta foi a sua postura como ministro da defesa em governo do regime abrilino. Lindo. Grande troca-tintas ou a "evolução na continuidade" marcellista já era a escola do futuro partido socialista?
At 8:17 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Bic Laranja:
é verdade. Hoje tudo rola sobre uma esfera!
Meu Caro Euro-Ultramarino:
Desde sempre detestei o indivíduo. Muito crítico do Marcelismo que sou e fui, sempre achei que não se fazia a ninguém o que Marcello Caetano dá como possível feito do indivíduo numa nota célebre das «MINHAS MEMÓRIAS DE SALAZAR». E nunca gostei da linha estabelecida no CDS, de tentar desesperadamente ser um deles, fechando os olhos aos crimes e tentando comungar das mediocridades. Dou-Lhe inteira razão, estava nesse infeliz consulado um viveiro de abrilistas.
Mas o desastre nesta segunda encarnação nas Necessidades, penso que surpreende toda a gente. O homem tem conseguido superar-se. Pena que tenha sido em dislates.
Abraços aos Dois.
At 3:06 PM, JSM said…
Caro Paulo Cunha Porto
Agradeço-lhe em primeiro lugar a referência ao postal onde chamei a atenção para a vergonha, mais uma, que se estava a desenhar, relativamente à falta da necessária capacidade de decisão e firmeza para avançar rápidamente em auxílio de Timor. Naturalmente que Você alertou para a fragilidade da nossa força...policial, em lugar de ser, como devia, uma força militar.
Os equívocos, as humilhações resultantes desse conjunto de inferioridades estão lamentávelmente à vista, envergonham Portugal. E não adianta vir todos os dias para os órgãos de propaganda dizer o contrário.
Porém gostava de acrescentar o seguinte: as justas críticas ao MNE não nos devem fazer esquecer, quem é o verdadeiro responsável disto tudo - Sócrates, o chefe do Governo, sempre a tentar passar despercebido! Preferia aliás que o MNE fosse do Partido Socialista, para ser responsabilizado, não apenas pelas asneiras pontuais, mas pela própria política em vigor.
Um abraço.
At 3:43 PM, o engenheiro said…
olha lá Paulo, e as forças armadas defendiam-se dos australianos com quê? Cacetes e pedras? E iam à boleia? Não há dinheiro para nada! Vai todo para pagar os compromissos políticos da mafia que tomou conta do Estado!
Na volta, se calhar podiam para lá enbiar o José Estebes que com Whiskey falsificado poria os aussies todos de caganeira. E aí já se lá ia à paulada...
At 6:53 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro JSM:
Não esqueço que o Meu Querido Amigo foi a Única Voz que, em tempo anterior à evidência, reparou nas partes negativas que poderia uma intervenção australiana acarretar, para alem dos rugidos deste animal que O recebe.
Claro que a responsabilidade política é do Nosso Engenheiro, o de São Bento, não o Amigo a quem responderei a seguir, pois foi ele que escolheu o colaborador e ninguém pode delinear políticas autónomas à sua revelia. Mas temos que chamar a atenção para a catástrofe quase diária que é a intervenção pública do trânsfuga. Para ver se ele arrepia caminho, ou cede o lugar, na esperança de que Portugal saia menos ridicularizado.
Meu Caro Engenheiro:
Não vão vender uns F-16 e umas fragatas? Ou podiam cortar na Otite faraónica aeroportuária. Ou nas subvenções que se querem acrescentar, como, no «Horizonte» o FSantos, muito bem, fustigou.
Mas concordo contigo que já foi muito mau terem-se deslocado de "charter".
Abraços a Ambos.
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