O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, June 08, 2006

O Alívio do Ocidente

Nunca é bom que nos alegremos com a morte de um homem, mas como Abu Al-Zarkawi foi dado como uma invenção do Secretário da Defesa Rumsfeld, suponho que não seja tão grave respirarmos de alívio, ao saber da notícia do passamento do leader do terrorismo no Iraque. Até porque não foi um óbito isolado, mas a decapitação da rede mais perigosa para os Ocidentais e para os Iraquianos, já que o seu lugar-tenente foi capturado, estando em vias de ser interrogado, o que com os conhecidos meios de pressão psicológica que a PIDE não podia utilizar, mas que a CIA pode, deve fazer com que contados estejam os dias da resistência estruturada. Aliás, todo o movimento ficou sem cabeça, pois morreram no raid entre sete e dez dirigentes seus.
Claro que isto não quer dizer que as bombas no Iraque tenham terminado. Há sempre espontâneos e o falecido não tinha sob sua alçada todos os insurrectos. O que terá fim é o esforço sunita coordenado e organizado. Ou seja, a razão oficial da presença americana na Mesopotâmia, pois para o que sobre até os auxiliares governamentais de Bagdad chegarão. A menos que os olhos já estejam voltados para a Pérsia...
O Presidente Bush não tem eleições próprias para disputar. Mas os candidatos que apoie ficarão em muito melhor forma para o despique de Novembro. Com a economia em piloto automático, a morte do portador de um nome quase tão odiado, embora ainda menos conhecido, como o de Bin Laden, fornecerá nova vitalidade ao campo que apoiou a intervenção. As duas grandes causas da momentânea impopularidade de W eram a ausência de progressos visíveis na frente iraquiana e o preço-record do petróleo. Os primeiros aí estão. O segundo, em consequência, já caiu para menos de 70 dollars o barril.
Para a América e para o Ocidente em geral ainda não é acontecimento de significado igual ao da eliminação do responsável pelos ataques ao seu seio, mas é neutralizar aquele que surgiu como o rival mais capaz e fonte de obstrução à disciplina do radicalismo.
Tudo somado há dias bem piores. Talvez seja por respiração boca-a-boca, porém a nossa civilização pode voltar a inspirar algum oxigénio.

7 Comments:

  • At 12:31 PM, Blogger L. Rodrigues said…

    Desejo, como qualquer pessoa de bem, que esta violência e chacina indiscriminada de inocentes chegue a um termo. Nomeadamente um que dê aos iraquianos a hipºótese de reaverem o seu país e se organizarem como melhor entenderem. Mas receio que a morte, certamente importante, de Zarkawi, não venha mudar substancialmente as condições no terreno.
    Antevejo outra "Missão Cumprida" para americano ver... oxalá me engane.

     
  • At 2:48 PM, Blogger JSM said…

    Caro Paulo Cunha Porto
    Também não estou optimista. Reais ou imaginários, estes demoníacos adversários do Império, podem até ser todos 'decapitados' que não diminui, antes aumenta a disponibilidade para o chamado 'suicídio terrorista'.
    Mas o que os jornais hoje mostram é outra coisa: a cumplicidade e o descrédito do Ocidente relativamente a outras formas de terrorismo! Prisões secretas e torturas várias, que o combate ao terrorismo difícilmente justifica.
    Um abraço.

     
  • At 3:06 PM, Anonymous Anonymous said…

    "Talvez seja por respiração boca-a-boca, porém a nossa civilização pode voltar a inspirar algum oxigénio."

    Nossa civilização? Mas qual civilização? Há neste momento alguma civilização no ocidente?

    Qual "civilização"? A da subserviência à imigração, à mistura racial e ao sionismo?
    Será que a "nossa civilização" a existir não terá problemas a resolver na própria europa em vez do iraque? E será que algum problema foi hoje resolvido? Não creio! O que se passou ontem foi apenas mais um "show" de propaganda, os efeitos prácticos aqui serão nulos, lá serão poucos!

     
  • At 8:24 PM, Anonymous Anonymous said…

    Takvez seja de citar a célebre frase de Churchill, a propósito de uma das primeiras vitórias dos Aliados, em 1942-43 (já não sei de qual):

    "Isto não deve ser considerado como o fim. É, porventura, o princípio do fim, mas é, de certeza, o fim do princípio"...Assim seja.

     
  • At 8:41 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro L.Rodrigues:
    Eu tenho ideia de que vai. A de Saddam nada mudaria. A de Bin Laden, hoje, operaria menos, salvo pelo efeito de choque. Mas Zarkawi não vivia só do prestígio. Era o único que o combinava com a dureza suficiente, a capacidade de planeamento e a fidelidade de comandantes operacionais desenvoltos. Um destes, aliás, o Número 3 da organização, que também pereceu, era o alvo conhecido do ataque. O facto de o chefão e os outros estarem lá foi uma agradável surpresa, embora sempre equacionada possibilidade, já que se reuniam frequentemente.

    Meu Caro JSM:
    Sobre essa questão já aqui falei e ainda ontem a referi, a propósito do relatório Marty. Volto à carga: como digo, não vai deixar de haver bombas em mercados, enquanto as 72 virgens continuarem prometidas. O que prevejo é um rápido declínio da eficácia das acções contra as forças do Ocidente, porque não vislumbro quem tenha o carisma e o "know how" para empreender as acções que não matam definitivamente o Inimigo, mas vão moendo.

    A civilização que me refiro é aquela em que as Mulheres não têm de andar tapadas, se pode comer qualquer carne que se queira, ler livros, mesmo que contrários a preceitos d´Alcorão, fazer a barba todos os dias, se for essa a opção, fruir e honrar o vinho, amar um Deus do Amor, que não um Deus do terror, tentar uma ética universal, que não uma de geometria variável, conforme dirigida a crentes e não-crentes.

    É isso tudo, Caro TSantos. E profetizo a normalização mais rápida do que os próprios "States" esperam. Não assim a pacificação da região, que há um certo vizinho mesmo ao lado...

     
  • At 10:38 AM, Blogger L. Rodrigues said…

    Só para complementar as minhas impressões sobre este assunto, e sem querer arrastá-lo, queria sublinhar que o defunto era um ultra radical que tendo protagonismo, era um dos que alimentavam a violência sectária na convicção de que os shiitas não eram verdadeiros muçulmanos. Há a percepção de que o seu desaparecimento poderá contribuir para a união da Resistência iraquiana. ´

    Há um elemento nacionalista, natural em qualquer país ocupado, na resistência iraquiana que é fácil descurar quando se vê tudo pela lente da religião.

    Entretanto os seguidores de Zarkawi já afirmaram a intenção de continuar. Esperemos que sejam os próprios resistentes iraquianos a demovê-los. A bem ou a mal.

     
  • At 11:26 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro L.Rodrigues:
    Não tenho dúvida de que os seguidores de Zarkawi quererão continuar. Julgo é que, privados dos seus chefes, não terão unhas para a guitarra que seria uma acção eficaz.
    Quanto ao resto, os xiitas estão como querem e são eles os principais interessados em erradicar zarkawianos e ex-zarkawianos.
    Abraço.

     

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