O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, June 15, 2006

A Embriaguez Vital

15 de Junho era o dia em que fazia anos Léon Degrelle. É um caso típico de nobres predisposições atraiçoadas pelas beberragens de ideologias nocivas. No caso, os tóxicos que o vitimaram foram a força alienante dos discursos, primeiro; e a da guerra, depois. Começando a intervenção pública muito novo, revoltado pela impunidade do assassino de Petliura e empolgado pela revolta anti-plutocrática dos gurrilheiros mexicanos Cristeros, não soube manter-se na via do combate aos materialismos demo-liberal e marxista oferecida pela reflexão e pela

fidelidade à Igreja em que nascera e de que se dizia paladino, nem à estrita obediência ao seu Rei, cuja defesa apregoava no nome do partido que fundou e, efemeramente, guiou a altos voos. Deixou-se pois levar pelo canto das sereias de credos políticos areligiosos, como o Fascismo italiano e de simpatias pagãs, como o Nacional-Socialismo alemão. Esta via conduziu muito cedo à condenação pela Igreja do Rexismo, bem como, mais tarde, à excomunhão do seu Chefe. Não foi esse um pequeno factor do declínio eleitoral, após o primeiro êxito retumbante, com afastamento de muita juventude que preferiu integrar organizações que não vivessem em hostilidade com a Igreja. Possivelmente também dominado pela suspeição e prisão que precocemente sofreu, após o deflagrar da Guerra, não soube ou não quis, contrariamente a companheiros seus, tais Simon e Mayer, integrar a resistência ao invasor, optando pela luta ao lado do invasor. Aqui portou-se inegavelmente com bravura, apesar de a sua napoleónica promoção não ter ignorado o nome e a disponibilidade de organizador, com o seu fiel Debbaudt, da Legion Wallonie, das Waffen SS.
A extensa segunda metade da vida que lhe coube correu, na posição de acossado, com os altos e baixos da parte da existência em que lhe coube a iniciativa: sobrevivendo a uma por uma vez incompetente tentativa de assassinato inspirada pelos serviços de informação israelitas e frustrando a infame perseguição familiar que lhe espalhara os oito filhos com nomes falsos, para que não mais os encontrasse; mas, por outro lado, reivindicando ser o inspirador de Tintin, contra o testemunho do Autor, que atribuía esse papel ao irmão, e reivindicando ter o seu combate nas SS salvo a «Europa de uma total ocupação soviética», sem qualquer evidência de que fosse o caso. Tudo somado, talvez a apreciação de Jean-Marie Le Pen, que com ele se encontrou, seja a mais lúcida: «falei com um Velho Senhor que, como tantas vezes acontece em casos semelhantes, julga o seu papel na História superior ao que de facto foi». Mas tempos houve em que Brasillach o celebrava como «a brisa que sopra das Ardenas»...

13 Comments:

  • At 7:45 PM, Anonymous Anonymous said…

    Los belgas, que no habían concedido la extradición del asesino anarquista del presidente del Gobierno don Eduardo Dato, solicitaron la extradición de Degrelle a la España de Franco, que por criterio de reciprocidad la negó. Refugiado en la Costa del Sol, afrontó una demanda de Violeta Friedman

     
  • At 8:03 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    É verdade, Caro Amigo a protecção do Governo de Espanha salvou-o, até facilitando a sua permanência com uma identidade fictícia.
    Abraço.

     
  • At 4:12 AM, Blogger Miles said…

    Meu caro amigo, ou eu me engano muito, ou o Rexismo nunca foi condenado formalmente pela Igreja -ao contrário, por exemplo, da "Action Française" -, nem Degrelle alguma vez foi excomungado, embora não deixe de ser um personagem trágico na defesa de um paganismo que nunca fez parte da sua essência.

     
  • At 4:41 AM, Anonymous Anonymous said…

    Tentei esclarecer a questão da amizade entre Hergé e Degrelles no Instituto Franco-Português, em 92 ou 93, aquando de um colóquio sobre Tintim.
    O autor Serge Tisseron ("Tintim no Psicanalista") não quis embrenhar-se na questão.

     
  • At 8:16 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro JSarto:
    Não digo que o grau de formalismno da condenação haja sido precisamente o mesmo do caso de "L´Action Française", ocorrido em grande parte devido à questão do primado do político, mas reforçado por intrigas oriundas do próprio Clero Francês, como narra Maurras no seu livro sobre S. Pio X. No caso em apreço, as notícias que tenho dão conta do rompimento de relações com o "Rexismo" em 1936 e proibição dos católicos de com ele colaborarem.
    Quanto à excomunhão de Degrelle, datará de Julho de 1944.

    Meu Caro Luís:
    É difícil dizer. Hergé nunca negou - o que seria difícil - a amizade pessoal com Degrelle. Nem sequer conheço declarações dele em que se arrependa de a ter mantido, ainda que no plano privado. Mas, desde muito cedo afirmou que fora no irmão que se inspirara. Para o ponto o que interessava era a postura do político belga, como que em bicos dos pés, já em idade avançada, a bradar «Tintin sou eu!».
    Abraços aos Dois.

     
  • At 10:02 AM, Anonymous Anonymous said…

    Por vezes acontece que o Homem tem a dimensão que ele próprio idealiza para a sua Personagem!
    Penso que Léon Degrelle é disso um exemplo.

    E mais não digo.

    Legionário

     
  • At 10:17 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Penso que tem muita razão no que diz, Legionário Amigo. E a presença no seu espírito de um Passado tão cheio de combates e sacrifícios é natural que tenha avolumado a dimensão aos olhos da idade avançada.
    Qual de nós não constatou atitude similar em existências de banalidade aparentemente maior?
    Abraço.

     
  • At 12:10 PM, Blogger Miles said…

    Vou averiguar, caro amigo. Ap+enas mais uma nota: como sabe, a condenação da "Action Française" foi levantada por Pio XII; de resto, Maurras era escritor muito apreciado por São Pio X.

     
  • At 12:20 PM, Blogger Miles said…

    Caro amigo, efectivamente Degrelle foi excomungado em Agosto de 1943, pelo Bispo de Namur, sob a acusação de haver agredido um sacerdote católico em Bouillon; sem prejuízo, em Dezembro do mesmo ano, o Vaticano anulou tal excomunhão.

     
  • At 12:29 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Sem dúvida, Caro JSarto, todo o livro está construído em torno da recusa de S. Pio X, como de resto, igualmente do Papa Bento XV, em tirarem da gaveta o projecto de condenação elaborado pela comissão competente, após muitas pressões de alguns bispos franceses. E mesmo o Papa Pio XI não era, pessoalmente, hostil ao movimento, não teve foi a força dos Antecessores para resistir. Infelizmente, quando Pio XII levantou a interdição, como refere, muito do mal já estava feito...
    Abraço amigo.

    Entretanto, chegou o Seu comentário mais recente. E de Julho 1944, não encontra nenhum registo? Vou ver se descubro, pela minha papelada.

     
  • At 10:04 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro JSarto:
    Isto, para se encontrar qualquer coisa nesta caótica acumulação de livros e papéis que finge de biblioteca, é o cabo dos trabalhos. Enquanto continuo a busca, encontrei na "net" uma alusão a excumunhão "degrelliana" neste mês e ano em

    www.exordio.com/1939-1945/personajes/Degrelle.html

    Não sei se será erro de data quanto à excumunhão por Si referida, ou se será outro facto.
    Abraço.

     
  • At 12:50 PM, Anonymous Anonymous said…

    El comando dirigido por Rubio de la Goaquina que pretendía secuestrar a Degrelle fracasó.....

     
  • At 2:55 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Sim, Caro Amigo, era a tentativa referida no "post".
    Ab.

     

Post a Comment

<< Home

 
">
BuyCheap
      Viagra Online From An Online pharmacy
Viagra