O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, May 18, 2006

O Alvo da Procura

O puro delírio das "explicações" que tentam negar que os ataques do 11 de Setembro tenham ocorrido conforme as versões difundidas são uma variante das versões da verdade de esoterismos apressados de tanta ordem que fazem sucesso nas sociedades contemporâneas. Não me refiro ao verdadeiro Esoterismo, o de doutrinas preservadas e transmitidas de forma codificada, estudado por Guénon, Evola e outros, mas das mil e uma explicações alternativas que vivem o considerável paradoxo de explicar tudo e qualquer coisa a partir de um ponto de vista que almeja a dignidade de uma elite marginalizada, mas não prescinde da busca da publicidade. É o caso dos que dizem não ter sido um avião que atingiu o Pentágono, sem explicarem o que raio aconteceu à aeronave em falta. Como os que dizem que as Torres Gémeas não podiam desabar assim, sem ser por implosão, sem explicarem como e quem teria procedido, sem que alguém o notasse, à colocação das cargas que a originassem. Ou ainda os que garantem ter a Administração Bush tido conhecimento prévio dos ataques, mas ter deixado andar, para favorecer a sua política externa. Abstraindo, claro está, que a política dela externa era, até aí, um neo-isolacionismo que contrastasse com os vexames clintonianos da Somália, por exemplo.
É que o que as gentes que divulgam teses destas demandam não é um saber escondido, mas a prova de uma sagacidade que lhes não é, geralmente, reconhecida.

5 Comments:

  • At 12:21 PM, Blogger Francisco Múrias said…

    Por haver teorias da conspiração falsas não quer dizer que sejam todas falsas:

    John a. McCone director da CIA sugeriu à Casa Branca que se comprasse um Mig soviético para numa «operação de provocação em que o avião soviético parecesse atacar instalações americanas ou amigas, o que proporcionaria uma desculpa para uma intervenção»(1)

    Isto é extraordinário não sei se perceberam: o director da CIA sugeriu comprar um MIG para atacar a a América .

    A Casa Branca ignorou a sugestão, mas se tal não tivesse acontecido estaríamos agora a discutir se o tal ataque do Mig tinha ou não tinha sido uma manobra inventada pela América para justificar a invasão de Cuba.

    E quem dissesse que tinha ,era acusado de maluquinho da teoria da conspiração.

    (1)«Uma vida inacabada John F. Kennedy 1917-1963» Robert Dallek pg 454 Bertrand Editora

     
  • At 2:15 PM, Blogger Flávio Santos said…

    «(...) os que garantem ter a Administração Bush tido conhecimento prévio dos ataques, mas ter deixado andar, para favorecer a sua política externa» - há o precedente de Pearl Harbour.
    A aventura somaliana foi decidida por Bush pai a poucas semanas de ceder a presidência a Clinton, eleito já há dois meses quando a invasão sucedeu.
    E para terminar:
    http://santosdacasa.weblog.com.pt/arquivo/2005/05/ataque_ao_world.html

     
  • At 2:48 PM, Blogger L. Rodrigues said…

    Lá por se ser paranoico, não quer dizer que não nos queiram tramar.

     
  • At 3:23 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Francisco:
    Nem a mim passou pela cabeça classificá-las todas como tal, embora, claro está, quer os estados-maiores militares, quer as cúpulas dos serviços de informação tenham, também, como tarefa, conceber os mais mirabolantes projectos, para qualquer eventualidade. Um pouco como o plano de Franco, enquanto militar, de ocupar Portugal poucas horas, desmentido pela actuação política posterior, em favor da Amizade Peninsular, pactada e tudo. O critério de apreciação terá de assentar sempre nas opções tomadas pelos orgãos de decisão política. E, neste caso, não se vislumbra ponta de verosimilhança, salvo para quem queira muito acreditar.

    Meu Caro FSantos:
    Já lá vai muito tempo e é natural que a memória dos acontecimentos se tenha esbatido. Quando falei em «vexames clintonianos (...) na Somália» não me referia à decisão de Bush Pai, em 1992, ao abrigo de resolução das Nações Unidas, de enviar para a Somália contingentes militares, cujo desenvolvimento decorreu sem incidentes de maior, até que Clinton ordenou a sua retirada, em Maio de 1993, por, alegadamente, haverem cumprido a sua missão. Dela não resultaram danos por aí além, salvo o desguarnecimento das posições na capital, em atenção a operações futuras. Refiro-me é à intervenção, pelo marido da Hillary ordenada três meses depois, em que encarregou os "Rangers" e as Forças Especiais de capturar Addid, que falhou completamente, sendo mortos vários militares americanos, com os corpos passeados pelas ruas, em imagens que revoltaram o Povo Americano e ajudaram a, pela primeira vez em cinquenta e tal anos, criar uma maioria Republicana na Câmara Baixa do Congresso, nas eleições "midterm" do ano que se seguiu.

    Meu Caro L. Rodrigues:
    Claro que não, mas o que advogo é a lucidez que evite a paranóia e interaja com a correcta identificação do inimigo.
    Abraços aos Três.

     
  • At 10:55 AM, Anonymous Anonymous said…

    Francisco: se o objectivo da estória que referes tivesse sido atingido, talvez não estivéssemos aqui a comentá-lo... ;-)

    Abraço

    Tiago Múrias

     

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