Um Homem Livre
Este, Afonso Lopes Vieira, visto por Eduardo Malta. Relembrando a História, surgiu-me a dúvida sobre quem seria o chefe do governo que tinha perseguido o Bardo da Verdade. Corri a Histórias e Enciclopédias - e cá por casa há algumas! -, mas todas o omitiam, mesmo as poucas que referiam o duplo aprisionamento. Verifiquei o Suplemento ao «DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL» de Joel Serrão, dirigido por Barreto/Mónica. J. M. Quintas assina o artigo sobre o Poeta, em que se fala, e bem,
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da prisão de 1937, quando, tendo sabido do encarceramento de Hipólito Raposo por ter ido visitar Paiva Couceiro, então prisioneiro, se deslocou lá, por sua vez, perguntando, provocatoriamente, «se era ali que prendiam os que perguntavam pelo Comandante». A brincadeira valeu-lhe 15 dias, mas era Homem que sabia o que os riscos da luta implicavam, não se armava em vítima. Agora, inexplicavelmente, é silenciada a informação sobre a captura de 1921. Mais uma tentativa de branquear de uma república em proveito da outra!
Encontrei, enfim, os dados no prefácio de Rodrigues Cavalheiro aos textos de A.L.V. insertos no volume correspondente da colecção «Páginas Portuguesas», das Edições Panorama, que aconselho a quem não tenha o «IN MEMORIAM». A responsabilidade tristérrima do repelente feito cabe a Bernardino Machado, esse trânsfuga da Monarquia, Precoce Grão-Mestre Maçónico, cujo governo, enquanto se fingia zelador da memória dos que matara, dava ordem aos pobres mutilados da mesma carnificina para que abandonassem o Instituto de Arroios, que os auxiliava.
Para que se não repita.
9 Comments:
At 1:11 PM, Mendo Ramires said…
Belíssima lembrança evocativa, com reposição da verdade e tudo.
Às vezes, penso: O grande Afonso Lopes Vieira ainda fará vibrar a juventude de hoje?... — quando o conhecerem, claro está, que é autor "apagado".
Um abraço.
At 2:50 PM, Anonymous said…
Caro Misantropo,
Sugere-te um Anónimo que bem conheces que envies as informações que obtiveste e um pêdêéfe do teu achado para unica@netcabo.pt, certo de que obterão a devida divulgação nessa Piquena-grande Casa Lusitana que, também de ALV, já disponibilizou:
http://lusitana.org/il_alv_poesia.htm
http://lusitana.org/il_alv_1922.htm
http://lusitana.org/il_alv_1922_vieira.htm
O Tal Anónimo que Bem Conheces
At 3:36 PM, Zé Maria said…
Meu caro Paulo: Ainda bem que nos trouxe esta lembrança sobre um homem, Poeta, que aprendi a gostar quando menino e moço me encontrei com a leitura.
Um grande abraço
At 4:15 PM, Anonymous said…
La revista Panorama hacía una gran labor de fomento de la fraternidad luso- española; y en el ambito religioso la Editorial Franciscana, de Montariol, Braga. Al parecer, el sr. Lopes Vieira fue guionista del filme luso- español Inés de Castro.
At 6:48 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Mendo:
Com efeito, é incrível a distância que vai da saída que teve à notícia que dele se dá, hoje. Irritou-me um pouco relegarem uma parte da biografia para o limbo.
Meu Caro Amigo Bem Conhecido:
Vou tomar em devida conta a sugestão. Mas eles não terão já, quer o folheto, quer à notícia complementar?
Meu Caro Zé Maria:
É grande felicidade para mim ter-Lhe suscitado lembranças de leituras agradáveis. Bem haja, pelo Seu testemunho.
É verdade, Caro Amigo era um local de encontro das culturas peninsulares. Seria bom que, nos dias de hoje, um outro orgão lhe seguisse as pisadas.
Abraços a Todos.
At 7:42 PM, Je maintiendrai said…
Caro Cunha Porto
Só Lopes Vieira me faria saír do letargo onde nem as vacinadas ninfas que jorram da sua cornucópia logram perturbar-me.
Bela evocação a merecer mais e mais; também por aqui tenho o "In Memoriam", que, como muitos outros, só servem para acentuar o "in olvido" onde são "coincés" os incómodos. Interessante o ponto da detenção de 1921 e a evocação do triste traste Par do Reino a que Homem Christo chamava de Bombardino Rachado. E tome lá para o seu rapé, a título de "acredite se quiser". Quem era o genro de Bombardino? O carbonário Aquilino Ribeiro. Sim, o mesmo Ribeiro padrinho de registo do filho do Buiça. Quem não se esqueceu de o recordar foi o próprio Buiça na nota de despedida escrita na véspera do regicídio. Curioso. Talvez mais uns nomes a acrescentar à infame lista dos regicidas encabeçados por outro trânsfuga, esse fidalgote madeirense que dava pelo título de Visconde da Ribeira Brava...
At 8:19 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Je Maintiendrai:
Ora ainda bem que publiquei o "post", para O fazer emergir. Sim, há mesmo quem diga que Aquilino seia «a terceira espingarda», entretanto tornada desnecessária, no regicídio.
Pensei transcrever o poema, que combate a vacuidade dos discursos compungidos, pelos autores morais da matança proferidos. Tive, porém, receio de sobrecarregar o blogue com Afonso Lopes Vieira. Talvez noutra altura.
Forte abraço.
PS:as "Piquenas" perguntam, desoladas, por Si, apesar do habitual hipercriticismo. Talvez a ver se passam, para acrescentar ao "curriculum", em lugar de destaque.
Abraço.
At 1:18 PM, Anonymous said…
Caro Misantropo,
Será com grande surpresa que te verei permeável ao preconceito contra quem já deu muitas provas de boa-fé e bom serviço a boas causas.
Falhas e motivos para discordância encontramos facilmente, em qualquer Casa (naquela menos que noutras).
Se o folheto é raro e a notícia tão esquecida que precisou de um Erudito Enciclopédico para a desenterrar, por que raio haviam "eles" de a conhecer e querer escamotear?
Um abraço
d'O Mesmo Anónimo que Bem Conheces
At 3:35 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Anónimo que Bem conheço:
Nem alguma vez pretendi tal. Temi foi que não houvesse interesse de maior. Mas, como escrevi, vou proceder em conformidade.
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