A Castração da Lei
É absolutamente próprio de pessoas que ainda se querem católicas, mas já não abdicam de serem deputadas do grupo parlamentar socialista, o desejo de estarem bem com Deus e com o Diabo. Do que resulta terem duas destas iniciadas tomado, em conjunto com mais cerca de 34998 indivíduos, a patética ideia de continuar a considerar o aborto um crime, mas suspendendo os julgamentos que poderiam condenar as autoras dele. Dirá o Leitor que errei, que não é «patética», mas tão-só "pateta" a proposta. Sem prejuízo de poder acumular a segunda qualificação, o termo primeiramente escolhido também é ilustrativo. De uma concepção da justiça que não se choca por ver criminosos, como tais definidos, sem hipótese de serem responsabilizados judicialmente, assim como os eunucos, que se excitam mas mais não podem...
Já imaginaram o passo que colocasse ladrões e assassinos de outro tipo como favorecidos pela impossibilidade de serem julgados pelos actos tipificados no código penal? Porque é que os matadores de quem se não pode defender devem ter regime diferente dos daqueles a quem caiba uma possibilidade mais ou menos ténue de resistência?
Claro que é uma tentativa de, no espírito das pessoas que já rejeitaram uma alteração, corroer um tanto a dimensão do repúdio, de modo a preparar o terreno para legalizar. É uma esperteza saloia, da qual talvez as próprias criadoras nem tenham bem noção. Como sempre, nada ganharão com isso. Deste lado, espera-se a repulsa que a cedência inspira. Dos companheiros de bancada, é o mal-estar de quem não quer perder uma lutazinha e que nela quer a vitória total. É no que dá correr a dois carrinhos...
1 Comments:
At 7:31 PM, Paulo Cunha Porto said…
As que são, caro Espadachim. A que correspondem os cérebros que, infelizmente, se sabe.
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