Identificações
Seria demasiada pretensão do misantropo analisar uma série televisiva que não conhece. Mas a telenovela «MORANGOS COM AÇÚCAR», da TVI, começa a prestar-se a tema de teses de psicologia e de sociologia. Depois das tentativas de suicídio por não integrar o cast e da onda de desgosto intensa gerada pela morte de um actor nela interveniente, surge a notícia de uma psicose que teria motivado sintomas de irritação na pele de duas centenas de crianças em idade escolar, análogos aos de uma situação que se diz ter sido exibida em episódios da série, sem causas externas clinicamente determinadas. Os factores determinantes talvez sejam de encontrar no facto de, pela primeira vez, a miudagem ver em horário nobre, todos os dias, os problemas de uma idade que aproximam da sua, sem a barreira da língua e transformando-se a um ritmo próximo do da vida. Se é interessante um despertar do interesse que possa aprofundar a sensibilidade, torna-se um instrumento de poder perigosíssimo, por permitir a instilação e instalação dos valores ou anti-valores que nas mentes dos guionistas germinem. É que a opinião colectiva é exactamente como a comichão...
7 Comments:
At 10:08 AM, MySelf said…
É impressionante, não é?
Beijinho
At 10:34 AM, Paulo Cunha Porto said…
Querida e matinal Luz Acesa:
é espantoso como se espalhou e espelhou em tanta gente a quotidiana problemática da série. Um pouco como se dissessem «até que enfim, aqui estamos nós e não eles, com as chatices deles». E a demarcação estimula as adesões, já se sabe.
Beijinho.
At 12:11 PM, MySelf said…
Impressionante & assustador!
Mais beijinho
At 2:51 PM, desculpeqqc said…
O episódio da escola veio conferir ao tema a dimensão própria a um debate sério a nível nacional. No entanto, não senti interesse nos órgãos de comunicação social para o debate.
Temo que a nossa integridade esteja seriamente ameaçada pela estratégia de marketing desse ‘poder social’
At 3:33 PM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Luz Acesa:
Pois é, por isso chamei a atenção.
Meu Caro Sapka:
Não posso fazer grande reflexão sobre a série, porquanto a desconheço. Não sei que tipo de riscos a mensagem por ela passada implica. O que posso e tentei fazer foi denunciar a vulnerabilidade dos nosssos Miúdos e descortinar as causas dela. Quanto à solução, deverá passar pela formação familiar que fortaleça as resistências à permeabilidade ao que se segue nos "media". Tudo dependerá do ambiente familiar e da capacidade dos educadores. Mas, claro está, esse é o segredo da Educação.
Meu Varo LFM:
O Seu temor é bem fundamentado, creio.Mas não se pode contar com a imprensa que se serviu parcamente da coisa para preencher a página do dia e, amanhã, muito provavelmente, se mostrará desinteressada. Receio que a resistência tenha de assentar nas células familiares.
Beijinho e abraços.
At 2:56 AM, �ltimo reduto said…
Nem mais, Paulo, nem mais. É de facto impressionante o poder da caixinha mágica, que não apenas actua na directa formatação de opiniões, como parece ser também eficaz no "estímulo". Para quem vê pouca tv como eu - apenas notícias e futebol - parece-me notável!
Abraço.
At 7:03 AM, Paulo Cunha Porto said…
E, Caríssimo Pedro, o meu temor é o uso que, com a consciência agora revelada de uma nova extensão do poder, se faça dela para pré-programar os nossos adolescentes...
Abraço.
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