A Piedade & o Cifrão
O Eurico de Barros já tinha falado - e bem, como costuma -, contra o aproveitamento patronal das exéquias do Actor Francisco Adam, queridíssimo da Juventude deste País. Mas ainda poderia a estação televisiva que emite a telenovela onde ele pontificava escudar-se no interesse público, para camuflar o privado que era seu. Agora divulgar na Imprensa a contabilização do share, para ventilar as variações da audiência que o funeral terá inspirado, como hoje se vê no «Correio da Manhã», é opção demasiado rasteira. Não havia necessidade!...
posted by Paulo Cunha Porto @ 5:10 PM
4 Comments:
At 6:32 PM,
L. Rodrigues said…
E para garantir as audiências — já que a sua publicação apenas tem a função de tranquilizar ou seduzir o anunciante que compra o espaço publicitário — suspeito que vamos assistir a uma razia no elenco da novela.
Era um plano, agora que a Superliga Betandwin está a acabar...
Eu daquele canal espero tudo.
At 6:50 PM,
Paulo Cunha Porto said…
De facto, caro L.Rodrigues, com os precedentes, ninguém pode achar que a hipótese de um "casticídio" seja pavor alucinado.
Abraço.
At 2:45 AM,
Anonymous said…
E as capas das revistas desta sexta-feira?
O obsceno espectáculo da exploração da dor. Embrulhado na hipocrisia do costume.
Morreu a Helena Balsa. Teve direito a pequena notícia. As centenas de horas a divulgar cultura na RTP não contaram.
Um dia antes da morte de Ayrton Senna faleceu, em Imola, o Roland Ratzenberger. Mas parece que disso ninguém se lembra.
Hoje, as mortes são um espectáculo. Assim se justificam as salvas de palmas para os caixões, em momentos que seriam propícios ao recolhimento.
Quanto à TVI, onde é que já vai a inspiração cristã! Expirou o prazo.
Porque o "live fast, die young" à James Dean, de Francisco Adam, está tudo menos próximo da filosofia da Igreja Católica Apostólica Romana.
Cheguei a ler esta pérola: "A namorada era também uma grande amiga".
Pensava eu que seria uma coisa natural. Que raio de modo de viver os afectos, hoje em dia.
At 10:42 AM,
Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Luís:
A inspiração Cristã voi vendida com a estação, quando capitais longínquos se apossaram dela. Também me deprime a inovação das palmas em enterros, apesar de, no caso dos actores, de teatro, muito embora, ser hábito com barbas.
Mas é assim, está tudo orientado para explorar as emoções do público. Já reparaste que muito jornalista novo, em vez de detalhar os factos, opta por perguntas do género "o que é que sente?». O meu Pai, de cada vez que no telejornal aparece uma azémola dessas a inquirir uma viúva ou um orfão em estado de choque, começa logo a agitar-se na poltrona e a resmungar: «Isto é que é uma estupidez! Está muito contente, vai fazer uma festa!».
Não há consideração.
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