Pedro e o Lobo

Os Estados Unidos só têm a queixar-se de si, como o rapazinho da história. Deliberadamente ou não, deram cabo do juízo do Conselho de Segurança da Nações Unidas, imaginando, generosamente, que tal coisa existe, com falsidades sobre as armas de destruição massiva iraquianas. Agora, vêm com um conto de acessos duvidosos à programação nuclear iraniana com fins militares, obtidos através do roubo de um computador portátil a um engenheiro! No momento em que existe, efectivamente, perigo ninguém os acredita já, o que não é problema de maior. Mas ninguém finge sequer acreditá-los, o que para um país que gosta de fazer as patifarias que qualquer grande potência leva a cabo, passando por figurar entre os acólitos de uma qualquer obra pia, é golpe doloroso no mecanismo de legitimação histórica com cujo forjar é costume entreter-se.

Se queriam ir ao Iraque - o que eu nem achei mal -, seria bom que tivessem tido uma ideia do que pretenderiam fazer com ele; e que tivessem justificado a intervenção com a necessidade de apear Saddam, pelo que ele já tinha feito, não fantasiando sobre o que poderia vir a fazer.

Para além do problema da frescura das tropas gostaria de saber, quanto ao senhor que se segue, se têm algum grau de definição de planos para neutralizar a bomba iraniana. E espero, com impaciência, o pretexto catalisador, já que, por culpas próprias, a verdade deixou de colar.

Uma sugestão: baseiem um bombardeamento assassino e competente da Pérsia no criminoso abate de milhares de árvores pelos iranianos. Não porque indiciador de crimes possíveis. Sim, por ser um crime em si mesmo.