A Tentação Partidária

Sempre torci o nariz à ideia de que os adeptos mais irrequietos de Manuel Alegre recolhessem calmamente aos seus lares, após o resultado eleitoral das últimas presidenciais. Até engulo que o Próprio acredite que a limitação das candidaturas de listas do Movimento Intervenção e Cidadania a eleições autárquicas, bem como a não instituição de disciplina partidária, façam desse conjunto de vontades bicho diferente de um partido. Mas não nos iludamos. Uma coisa são listas independentes pontualmente constituídas em cada concelho ou freguesia, outra, bem diferente, é uma conglomeração de amplitude nacional, que se apresente em várias regiões. Se isso acontecer e os resultados forem bons, não tenhamos dúvidas, será o próprio PS que a entenderá como um partido concorrente e actuará contra o(s) seu(s) ainda Militante(s). Alegre sente que o deve aos que o apoiaram, o que é generoso. De facto, o resultado que obteve deve-se, exclusivamente, a Si e ao Eng.º Sócrates. Que não faz parte da nova organização nem lhe deverá achar muita piada. Mais, a recusa de integrar, a qualquer nível, os orgãos do MIC, desperta reminiscências: a conduta do General Eanes para com o defunto PRD, concretizada num semelhante estatuto de Figura Inspiradora.