Remate ao Lado

Pensava eu não ter já de comentar algum estertor declarativo do Dr. Sampaio enquanto presidente, quando a periódica tentação do dislate deu cabo do meu piedoso intento. E parecia não haver cenário para isso. Timor era, à primeira vista, o palco ideal para debitar as banalidades consensuais que contribuem para tornar suportável a vida. Quis o Chefe de Estado negar a Guerra das Civilizações, por entender que não deve o Ocidente encarnar uma luta sem quartel contra a globalidade de outras culturas, no que estava certo. Vai daí, tira da cartola esta pérola: «a luta é entre a civilização da democracia e dos direitos e a barbárie da tirania e dos fanatismos. Não voltemos à velha questão de relembrar que a dos partidos é também dura tirania, por muitas votações que proporcione. Não falemos pela enésima vez no facto de fanatismo e extremismo serem conceitos abertos, que também se aplicam, com inteiro cabimento, aos mais fervorosos partidocratas e plutocratas. Só é chamada aqui uma questão: pensa o Ilustre Portador da Faixa das Três Bandas que, se os países da Europa e da América substituíssem os regimes pluripartidários por ditaduras, isso os livraria da inimizade dos terroristas islâmicos? Redondo engano. Eles não estão, nem um bocadinho, interessados na estruturação política que nos foi imposta, mas sim em combater o nosso modo de vida. No que ao consumismo e afastamento da espiritualidade concerne até têm alguma razão, que perdem com as bombas. Mas está longe de ser tudo.