Leitura Matinal, Aliás Dominical -265
Há infinitas (e mais uma) versões acerca da concepção de tragédia no nosso tempo. Já tenho tentado fazer passar a mensagem de considerar
erradicado o trágico, na sua mais legítima acepção, na medida em que o grandioso está, definitivamente, comprometido. Mas, levando em linha de conta as tragediazinhas possíveis, sem representatividade universal e intemporal, mas igualmente sensíveis, pela dor particular que lhes é inerente, devemos considerar que a intensidade que lhes subjaz é a própria negação do fim, na medida em que encha, com o sofrimento gritado, a capacidade de uns e a generosidade - ou decência - dos outros.
Chegamos, nessa altura, ao conceito de "Apocalipse" como "Termo". É estado posterior ao da intensidade que tudo ocupa e o olhar monopoliza. Corresponde ao momento em que, propondo um alívio depressa posto de lado, pelas permanentes insatisfações humanas, acaba por provocar a melancolia do coup d´oeil que se estende pelo que restou, os vestígios agora calmos do que foi a fogueira, a maior insuportabilidade, porque, passado o paroxismo da dor, nos é apresentado um inamovível remanescente pardo e inflexível, que se identifica como "Final" e nos esconde a faceta ambicionada e mais autêntica de "Revelação". Ou o perigo inultrapassável da desistência.
Escutemos Mário Máximo:
O apocalipse é o apocalipse das sombras
Depois dos momentos da tragédia
.......é que o apocalipse se instala.
A tragédia traz à realidade as cores flamejantes de Van Gogh.
Contrastes nus e incríveis.
Com o assentar das cinzas fica o drama.
É nesse instante intolerável que apenas
se configura a paisagem das portas
....................e das janelas fechadas.
é com o assentar das cinzas que a paisagem
......se volta a fixar e se começa a esvair.
Achei apropriados: «Dia Trágico», de Le Quoc Viet e
«Cinzas», de Sinram Gleason.
erradicado o trágico, na sua mais legítima acepção, na medida em que o grandioso está, definitivamente, comprometido. Mas, levando em linha de conta as tragediazinhas possíveis, sem representatividade universal e intemporal, mas igualmente sensíveis, pela dor particular que lhes é inerente, devemos considerar que a intensidade que lhes subjaz é a própria negação do fim, na medida em que encha, com o sofrimento gritado, a capacidade de uns e a generosidade - ou decência - dos outros.
Chegamos, nessa altura, ao conceito de "Apocalipse" como "Termo". É estado posterior ao da intensidade que tudo ocupa e o olhar monopoliza. Corresponde ao momento em que, propondo um alívio depressa posto de lado, pelas permanentes insatisfações humanas, acaba por provocar a melancolia do coup d´oeil que se estende pelo que restou, os vestígios agora calmos do que foi a fogueira, a maior insuportabilidade, porque, passado o paroxismo da dor, nos é apresentado um inamovível remanescente pardo e inflexível, que se identifica como "Final" e nos esconde a faceta ambicionada e mais autêntica de "Revelação". Ou o perigo inultrapassável da desistência.
Escutemos Mário Máximo:
O apocalipse é o apocalipse das sombras
Depois dos momentos da tragédia
.......é que o apocalipse se instala.
A tragédia traz à realidade as cores flamejantes de Van Gogh.
Contrastes nus e incríveis.
Com o assentar das cinzas fica o drama.
É nesse instante intolerável que apenas
se configura a paisagem das portas
....................e das janelas fechadas.
é com o assentar das cinzas que a paisagem
......se volta a fixar e se começa a esvair.
Achei apropriados: «Dia Trágico», de Le Quoc Viet e
«Cinzas», de Sinram Gleason.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home