Espécies em Vias de Extinção
Leio com cepticismo a notícia de que o Governo quer extinguir uma boa porção de freguesias. O argumento dado, num dos casos, assenta na racionalização, princípio sempre perigoso, como critério administrativo único. Quer promover unificações que correspondam a blocos coesos que a imagem de uma área forma no espírito das pessoas, dando como exemplo o Bairro Alto, até agora repartido por quatro juntas diferentes. O que se pode objectar é que a restruturação projectada se norteia por critérios exteriores aos seus habitantes. Todos os residentes desse velho bocado lisboeta com que contactei sentem a pertença ao que sempre conheceram, a pequena autarquia com que sempre contaram. Foi com critérios semelhantes que se arrasaram os enraizamentos antigos.
Já tenho mais dificuldades em opor-me à extinção da freguesia nos quatro casos em que o âmbito dela coincide com o do concelho: São João da Madeira, Alpiarça, Barrancos e São Brás de Alportel. Só encontro dois argumentos: o de ser importante manter uma "primeira instância autárquica", antes de se chegar à cúpula do município; e o de a eliminação poder ser um passo no sentido da unificação das respectivas regiões sob o absoluto império de um partido, sem possibilidade de o excepcionar a um nível inferior.
Os contornos e as cores são menos nítidos, porém, neste segundo caso.
3 Comments:
At 5:16 PM, Flávio Santos said…
Já as "engenharias territoriais" de Mouzinho da Silveira levaram à decadência irremediável dezenas de ex-concelhos, situação denunciada por Ramalho de Ortigão em "As Farpas".
At 5:35 PM, Anonymous said…
Barrancos....¡Tristemente conocido por sus "touradas a morte".....!
At 7:35 PM, Paulo Cunha Porto said…
É verdade, meu Caro FG Santos. Era a essa situação pretérita que me referia; e que me deixa algo apreensivo de cada vez que se fala em reformulações autárquicas.
Caro Amigo de Espanha:
com a agravante de, uns anos atrás, a Guarda, a quem cabia impor a lei, ter ficado a... ver o espectáculo.
Abraços aos Dois.
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