O Nome e a Coisa

Como aperitivo de um debate a decorrer hoje na RTP1 sobre a Identidade Nacional, há que mencionar a resistência da Letónia a nomear como «euro» a moeda tendencialmente única da UE, alegando que o som "eu" não existe na língua daquele país, preferindo nomeá-lo como "eiro". A Comissão queria, à viva força, que só se abrisse uma excepção, para a Grécia, a qual, com um alfabeto que, desgraçadamente, hoje poucos lêem, não permitiria percepção demasiadamente pronunciada do tratamento de favor. Como Malta insistiu em chamar "ewro" ao bicho, já são três, apesar de os outros Bálticos haverem capitulado. O que acho delicioso é que um País ache a sua Identidade ameaçada pela palavra escolhida, que não pela adopção de uma moeda geral, a partir do nada e em vez da que até agora corria...

Mas também por cá, na altura própria, houve debate acalorado - e tranquilizações dele emergentes - sobre a designação monetária europeia. E como somos prodigos em grandes vitórias diplomáticas, logo vimos que qualquer dos nomes em jogo nos servia: "euro" por ser prefixo já abundantemente usado em português; "ecu" por ter sonoridade idêntica, em francês(!), ao termo que traduziria Escudo. Somos uns Ases!