Inadequações

A controvérsia que vem dominando o panorama político britânico, enquanto se aguardam as explicações que a Secretária da Educação Ruth Kelly poderá dar nos Comuns, Quinta-Feira, sobre a caricata, embora ameaçadora, decisão de permitir que condenados por pedofilia, ou indivíduos sujeitos a restrições pelo mesmo motivo possam ensinar crianças. Vem tendo a oposição fervorosa de associações de Pais e de Professores e Tony Blair já deu a entender que lhe pode tirar o tapete de debaixo dos pés, já que é a pior propaganda que pode obter para uma medida que desejaria recuperadora de popularidade: a inversão do ónus da prova no tocante a situações de «comportamento anti-social». Que a decisão da governante é insensata, não restam dúvidas. Se não queremos que o gato roube o almoço não vamos deixar um bife ao pé do bichano. Mas nem tudo o que parece é. Muitos dos ataques não teriam sido tão perseverantes se não fosse o Catolicismo confessado da Política ou as desmentidas ligações à Opus Dei, num País em que o Anglicanismo, oficial mas decadente, procura reavivar tensões antigas para se dar uma nova vida. Do que não há dúvidas é que a Senhora não tinha curriculum para o cargo. Foi recrutada para uma pasta importante sem grande experiência política anterior, tendo como passado a actividade de reporter do «GUARDIAN», valendo-se da juventude, facies agradável e gravidez para arrebatar para o Labour uma circunscrição oscilante, como é Bolton West. Foi um erro de casting. A sua permissividade pedofilopedagógica ainda o é mais; assim como, se, após uma passagem que se antevê curta pela governação, fosse colocada como Directora de Departamento de Recursos Humanos, responsável por contratações de pessoal para orfanatos...