O Fariseu
Sinto sempre algum desconforto quando, em política, oiço impropérios lançados à «hipocrisia», já que a experiência me ensinou ser o meio normalmente empregue para tornar aceitáveis projectos muito mais nocivos do que a realidade atacada. Entretanto, não esqueço que os Apóstolos e S. Paulo criaram para «Fariseu» um novo sentido, a assimilar, tecnicamente a "hipócrita". É este o único termo que me parece aplicável ao Senhor Netanyahu. Não se pense que a imposição que fez aos seus ministros, no sentido de deixarem o governo, se deve à discordância da retirada de Gaza, que, como causa do abandono da coligação, não faria o pleno no Likud. Visou, unicamente, tratar de salvaguardar a sua liderança, face ao seu rival Silvan Shalon, na eventualidade que se perspectiva, de um mau resultado eleitoral. Assim punha o demissionário Ministro dos Negócios Estrangeiros perante um dilema: ou se mantinha no governo e saíado partido, eliminando a mais perigosa concorrência a Benjamin, ou obedecia, ficando sem grande margem para criticar a decisão de abandono governamental quando as contas da presumível derrota forem ajustadas.
2 Comments:
At 11:52 PM, Jansenista said…
Netanyahu... se ao menos fosse o Benzion, autor da monumental história da Inquisição Espanhola, ou Jonathan, o herói de Entebbe...
At 8:23 AM, Paulo Cunha Porto said…
O segundo que diz, Caro Amigo, era, como sabe, irmão dele. O que nos faz meditar como os mesmos genes, possivelmente educação semelhante, dão resultados tão diferentes...
Ab.
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