Margens do Atlântico
Uma sondagem, com a costumeira ressalva da escassa valia que lhes é reconhecida, deu a maioria dos norte-americanos firmemente convictos de que a generalidade da sua classe política é corrupta, na ressaca do escândalo Abramoff. Recordou-me este sentimento uma série televisiva do mesmo País, em que uma miúda, tendo achado na rua um maço de notas bancárias cuja propriedade conhecia, tentava convencer a mãe a deixá-la usar os dollars para empreender uma viagem a Washington, com os colegas da escola. E a maternal resposta teria sido «se queres ir para Washington com dinheiro roubado, tens de candidatar-te à Presidência, como toda a gente». Tal não impede que seja uma Nação em que o gozo dos dinheiros indevidos seja punido draconianamente.
Cá, todos temos a noção do que se passa. Nas raras vezes em que um escândalo vem a lume é ouvir em cada esquina as vozes furibundas e abusivamente generalizadoras frases: «São todos uns ladrões!». Quando toca a punir, talvez por ser resquício do prato nacional, tudo fica em águas de bacalhau.
É a diferença entre a acção e o desabafo. Que é um indicador como qualquer outro.
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