Leituras & Leitores Mutantes
Um inquérito publicado hoje no «DN», reitera o
que já se suspeitava: que a maioria dos cibernautas
diz que, desde que passou a consultar sites, diminuiu
a quantidade de leituras em suporte impresso. «Suporte
impresso»? Vamos a ver: creio bem que esta hermética
designação esconderá sobretudo a significação de "jornais
e revistas", uma vez que a principal razão aduzida é a
mais frequente actualização informativa. Parecendo ser
jovem o universo interrogado, apetece dizer que, no
tocante a livros, na grande maioria dos casos, não
será dramático, por inexistir menos que nada. E se é
certo que a net vicia, pode ter uma faceta positiva:
criando hábitos de leitura, daqui a alguns anos um bom
número deles poderá partir à descoberta dos textos, mais
duradouros no interesse, encerrados em volumes. É o
momento em que muitos homens substituem a atracção das
pressões do momento pelo perene.
Quanto às noticias, importa relembrar o que dizia um
Velho Professor: «Não leiam jornais. Se a notícia for
realmente importante, acabarão por tomar conhecimento
dela. Leiam livros!». Claro que esta máxima não é para
tomar à letra. Mas sim para equilibrar a tendência
dominante.
Um apontamento final: os blogs ocupam uma posição modesta
nas explorações internéticas. É pena, porque, dada a
variedade dos conteúdos, a viagem através deles poderia
fazer saltar da novidade fresquinha para o comentário,
deste para a diarística, daí para a crítica, com mais
um salto viria a poesia... e, depois, quem sabe?
Mas consolemo-nos, pensando que somos uma força em
ascensão.
que já se suspeitava: que a maioria dos cibernautas
diz que, desde que passou a consultar sites, diminuiu
a quantidade de leituras em suporte impresso. «Suporte
impresso»? Vamos a ver: creio bem que esta hermética
designação esconderá sobretudo a significação de "jornais
e revistas", uma vez que a principal razão aduzida é a
mais frequente actualização informativa. Parecendo ser
jovem o universo interrogado, apetece dizer que, no
tocante a livros, na grande maioria dos casos, não
será dramático, por inexistir menos que nada. E se é
certo que a net vicia, pode ter uma faceta positiva:
criando hábitos de leitura, daqui a alguns anos um bom
número deles poderá partir à descoberta dos textos, mais
duradouros no interesse, encerrados em volumes. É o
momento em que muitos homens substituem a atracção das
pressões do momento pelo perene.
Quanto às noticias, importa relembrar o que dizia um
Velho Professor: «Não leiam jornais. Se a notícia for
realmente importante, acabarão por tomar conhecimento
dela. Leiam livros!». Claro que esta máxima não é para
tomar à letra. Mas sim para equilibrar a tendência
dominante.
Um apontamento final: os blogs ocupam uma posição modesta
nas explorações internéticas. É pena, porque, dada a
variedade dos conteúdos, a viagem através deles poderia
fazer saltar da novidade fresquinha para o comentário,
deste para a diarística, daí para a crítica, com mais
um salto viria a poesia... e, depois, quem sabe?
Mas consolemo-nos, pensando que somos uma força em
ascensão.
12 Comments:
At 3:50 PM, Anonymous said…
Há quem diga que os bloggers só blogam porque não podem ser colunistas do "Público" ou "DN". Gostava de ouvir a sua opinião. Eu pessoalmente, acho que é pena. Porque a verdade, é que - no seu caso - escreve muito melhor, que a maioria deles.
:D)
Marta
At 6:50 PM, Paulo Cunha Porto said…
Benevolente Marta:
Sinto-me desvanecido com o elogio, que, ai(!), me sinto tão longe de merecer. Há imensos "bloggers" que poderiam escrever onde lhes desse na real gana. Muitos deles estão "linkados" nesta página. No caso do BOS, já o disse e repito-o, aquele Homem deve ao público leitor uns 98 volumes de «Obras Completas», em papel-bíblia, e não apenas o singular livro que dele saiu, ou as "postagens" que nos deliciam, em «Nova Frente».
E outros há que vão publicando em jornais. Quanto aos que referiu, por razões políticas, que não de mérito, não sei se os referidos orgãos de C. S. - ou os próprios - estariam interessados. Ainda recentemente a nova Direcção do «DN» pôs três Magníficos Colaboradores na rua, por não pertencerem à área ídeológica desejada.
Mas creio que o "blog" se move num registo específico. É uma diarística, paralela à clássica, dela diferindo, sobretudo, por o Leitor ter acesso à disposição de espírito do autor em tempo muito mais real. Pode-se, não abusando, por exemplo, falar no que o tempo atmosférico em nós desperta, ou na fome com que se está, ou na gracinha que o gato fez, o que talvez não fosse de bom tom publicar num jornal sério, a menos que se tivesse já muito nome e, num certo dia, muito pouco para dizer. Aqui, não. Essas trivialidades virtuais estão repletas de virtualidades triviais, na precisa medida em que geram uma cumplicidade com Quem lê.
No pobre caso do fulano que Lhe responde, pela generosidade de Amigos responsáveis por páginas de jornais e revistas, foi deixando algumas tolices, anos atrás, por «O Independente», «Jornal de Letras», «Futuro Presente», e as revistas camarárias «Boca do Inferno» e «Vária Escrita». Dos diários que mencionou, contudo, apesar de um pequeno ameaço, nada.
Mas, reflectindo sobre a situação, vejo-me obrigado à satisfação extrema. Num jornal, apesar dos correios vários para o autor, seria muito mais difícil ter um comentário tão gratificante e exaltante como aquele com que me honrou. Qualquer escrevinhador é o que os olhos alheios fizerem dele. E, por Obra e Graça Dos que agora me distinguiram, acho-me nos píncaros.
Bem haja.
At 2:53 AM, Anonymous said…
O Paulo não precisa de cunha para chegar a bom porto: o da escrita. E à medida que o tempo passa, refina, como o vinho da Invicta.
Não te incomodes a agradecer. E mesmo que te sintas nos píncaros, lembra-te que mesmo os alpinistas da escrita não devem descurar os perigos das alturas.
At 10:31 AM, Anonymous said…
Paulo,
Os méritos da sua escrita são por demais evidentes, não é isso que está em causa, CONCERTEZA!
A pergunta era uma provocação a um homem inteligente. Saiu-se muito bem.
Já o Luís Graça... foi uma desgraça!
Marta Castro
At 4:21 AM, Anonymous said…
Cara Marta: partindo do princípio de que o seu apelido não é uma ameaça conjugada na primeira pessoa do Presente do Indicativo do verbo castrar, sinto-me mais à vontade.
Felicito-a pelo seu trocadilho Graça/desgraça. Imagine Vossa Excelência que é a primeira a fazê-lo.
Imagime com muita força, porque a realidade é bem diferente.
Já agora, imagine que "Com Certeza" é a forta mais certa de escrever "concerteza", que com toda a certeza já foi assim num passado ainda não muito distante.
At 10:21 AM, Anonymous said…
Caro Luís,
Pois, pois, pois...
Auguriii,
Marta
PS - Cuidadoso e atento como parece ser, deverá querer corrigir o "forta".
At 5:06 PM, Anonymous said…
Forta é uma maneira arcaica de escrever forma. Vem do latim "fortimanius" e do grego "heraklinikus", que significa organizar na dimensão espacial.
Também existe na doçaria tradicional portuguesa, com a famosa "forta de laranja".
Em "Amor de Perdição", Simão Botelho também afirma "Que donzela tão forta", no sentido de feminino de forte.
At 10:37 AM, Anonymous said…
Ex vero?
Marta
At 6:59 PM, Anonymous said…
Não, era brincadeira. Foi o que me ocorreu na altura.
Nos idos de 1988, enquanto jornalista da Gazeta dos Desportos, estava a receber o trabalho dos Jogos Olímpicos de Seul. A Lusa emitiu vários telexes em que contava a história dos esteróides anabolisantes. E disse que esteróides vinham de Esther e anabolisantes de Ana Bolena.
Eu publiquei.
Depois vieram os desmentidos. Parece que a história era um artigo humorístico que tinha sido traduzido e correu muito.
Lá enfiei o barrete e fiz o desmentido na Gazeta.
At 7:29 AM, Paulo Cunha Porto said…
Oh Luís! Mas eu tenho um livro em que vem narrada, precisamente, essa história. Com o pormenor de o sacerdote/astrólogo que dava pozinhos à Esther para se produzir e melhor enganar o Rei ter sido decapitado. Diz o nome do homem e tudo. Cá vou ter de desmentir uma certeza antga!
At 3:13 AM, Anonymous said…
Bem, agora é que estou baralhado.
A Lusa desmentiu o "take" e os jornais todos puseram-se a fazer desmentidos bem dispostos.
At 9:55 AM, Anonymous said…
Ai senhores!!!!baralhada fico eu. As histórias são interessantes.
Marta
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