Chaves Para Chavez

Por muito que se apregoe admirador de Fidel Castro,
Hugo Chavez não é um revolucionário. Faltam-lhe a
preparação diutrinal sólida e, para além da eficácia,
a intenção de reestruturar a sociedade. Nada, de resto,
o predisporia para esse destino, já que o seu background
é o de oficial de uma força militar de elite. É antes o
mais acabado protótipo do demagogo. Suspeito mesmo que
muita da repetida proximidade com Cuba é difundida para
conquistar os corações dos deserdados, junto dos quais,
dado que a distância é grande e a imagem pouco nítida, a
deposição de Batista ainda desfruta de um prestígio
mítico. Vai alimentando a sua permanência no poder, ora
excitando as massas contra os ricos, ora contra os
americanos, o que é a mesma coisa sem as minorações do
conhecimento concreto. Crisma alegremente o partido para
si criado com o nome de Bolívar, outra vaca sagrada do
imaginário popular. E quem se lhe opõe não pode ser menos
do que instrumento do domínio internacional de Bush. Daí
que tenha usado, a propósito do Presidente do México, a
linguagem a que se habituou intra-muros - «cachorro do
imperialismo». Como ex-quadro cimeiro de uma multinacional
simbólica da penetração dos EUA, este pôs-se a jeito. E o
Chefe de Estado Venezuelano não quer saber da diplomacia,
desde que uma injúria o faça marcar pontos na rua. Enquanto
se entretém com o Whiskey e as orgias em que é pródigo, o
que, no fim de contas, talvez seja a sua maior contribuição
para o bem público. A anterior classe política metia dinheiro
ao bolso. Para o venezuelano pobre isso é incompreensível e
indesejável, principalmente porque uma nota grande é coisa
que cada vez menos conhece. Mas, à boa maneira sul-americana,
compreende a bebida e as mulheres de prazer. Chavez é um dos
seus!