As Grades do Silêncio
Antes de mais, um esclarecimento: não tenho qualquer simpatia
por militantes ou cúmplices da Al-Qaeda que se achem nas mãos
de serviços de informação adversos e acredito que mereceram
o destino que tiverem. Posto este preliminar, passemos a falar
das famosas prisões em que a CIA estará a cozer em fogo brando
alguns prisioneiros, ou, pelo menos os seus cérebros. Há, mais do
que assumidamente, uma no Afeganistão; e falou-se, nesta semana,
da sua existência na Polónia, Roménia e Bulgária. A primeira já veio
desmentir, pelos seus dirigentes. E a última, inexplicadamente, viu
o seu nome ser deixado cair, pelo que todos os olhos se concentram
na terra que se libertou de Ceausescu.
A grande questão, para mim, reduz-se a que o que se pretendia que
fosse uma esperteza, o estabelecimento desses centros de detenção e
coacção psicológica fora do território da União, para escapar à lei
que os proíbe dentro das fronteiras dos Estados Unidos e à autoridade
do Congresso, vem afinal a revelar-se como ingenuidade de tomo, ao
exibir a absoluta incongruência de uma norma que não proscreve uma
conduta, universalmente, mas apenas consoante o território onde os
seus agentes actuam.
Ainda assim, acorrentadada a tamanha infantilidade, tenho alguma
dúvida sobre a autoridade da CIA para actuar, nesta linha. As suas
atribuições são a «recolha e o tratamento de informação» relevante
e as operações secretas a coberto de ordem presidencial directa, os
presidential findings, em questões que «constituam uma ameaça à
segurança norte-americana, ou que sejam essenciais para a efectivação
da sua política externa». E tenho a forte suspeita de que, se o caso
continuar a ser esmiuçado, para livrar a administração de um legado
histórico dúbio, se tentará legitimar a acção daquele organismo ao
abrigo da obtenção de informações, que não pela segunda alínea.
Será apenas um passo mais no processo que chama às técnicas
empregues até agora «meios de pressão psicológica», em lugar de
"tortura".
Mais, será bom não esquecer que o Vice-Presidente Cheney e o Director
Goss se esforçaram o quanto puderam para que os membros da Agência
não fossem englobados na iniciativa legisativa, protagonizada pelo
Senador McCain, que interditava a inflicção de tratamentos desumanos
a prisioneiros, por parte dos militares.
por militantes ou cúmplices da Al-Qaeda que se achem nas mãos
de serviços de informação adversos e acredito que mereceram
o destino que tiverem. Posto este preliminar, passemos a falar
das famosas prisões em que a CIA estará a cozer em fogo brando
alguns prisioneiros, ou, pelo menos os seus cérebros. Há, mais do
que assumidamente, uma no Afeganistão; e falou-se, nesta semana,
da sua existência na Polónia, Roménia e Bulgária. A primeira já veio
desmentir, pelos seus dirigentes. E a última, inexplicadamente, viu
o seu nome ser deixado cair, pelo que todos os olhos se concentram
na terra que se libertou de Ceausescu.
A grande questão, para mim, reduz-se a que o que se pretendia que
fosse uma esperteza, o estabelecimento desses centros de detenção e
coacção psicológica fora do território da União, para escapar à lei
que os proíbe dentro das fronteiras dos Estados Unidos e à autoridade
do Congresso, vem afinal a revelar-se como ingenuidade de tomo, ao
exibir a absoluta incongruência de uma norma que não proscreve uma
conduta, universalmente, mas apenas consoante o território onde os
seus agentes actuam.
Ainda assim, acorrentadada a tamanha infantilidade, tenho alguma
dúvida sobre a autoridade da CIA para actuar, nesta linha. As suas
atribuições são a «recolha e o tratamento de informação» relevante
e as operações secretas a coberto de ordem presidencial directa, os
presidential findings, em questões que «constituam uma ameaça à
segurança norte-americana, ou que sejam essenciais para a efectivação
da sua política externa». E tenho a forte suspeita de que, se o caso
continuar a ser esmiuçado, para livrar a administração de um legado
histórico dúbio, se tentará legitimar a acção daquele organismo ao
abrigo da obtenção de informações, que não pela segunda alínea.
Será apenas um passo mais no processo que chama às técnicas
empregues até agora «meios de pressão psicológica», em lugar de
"tortura".
Mais, será bom não esquecer que o Vice-Presidente Cheney e o Director
Goss se esforçaram o quanto puderam para que os membros da Agência
não fossem englobados na iniciativa legisativa, protagonizada pelo
Senador McCain, que interditava a inflicção de tratamentos desumanos
a prisioneiros, por parte dos militares.
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