Prevendo uma Extinção Eufónica
Em tempos que já lá vão as Forças Armadas eram instrumentos
com que se reforçava a Diplomacia. Hoje, também. Mas não de
igual maneira. Dantes, sendo evidência da força, eram um
factor mais a ter em conta, para se chegar a acordo nas
negociações internacionais, evitando a má vontade do senhor
delas. Hoje, ao invés, o deslocamento de um número restrito
de tropas em missões de paz e de ajuda geral para cenários
conturbados é o meio por excelência através do qual se
procura receber as palmadinhas nas costas que traduzam a
boa vontade dos únicos verdadeiros poderes.
Após o 25 A, durante 15 anos ninguém tocou nos militares,
por uma dupla ordem de razões: terem sido eles os fautores
da mudança política, pelo que não se queria tornar menos
macio o processo de transição, e devido a uma vaga noção
de que o serviço militar obrigatório seria uma "escola para
a vida" dos que por lá passavam. Devo dizer que concordo com
esta segunda visão, não tanto no que respeita à ministração
da escolaridade mínima, cada vez com menos necessitados,
mas porque via grande vantagem em incutir umas breves noções
de serviço público nos licenciados das nossas universidades,
moderando-lhes o egoísmo e a avidez da pressa na entrada
imediata no mercado de trabalho, para tratar da vidinha.
Sem o Ultramar estava, porém, o modelo condenado, E começou
a execução pela profissionalização, abolindo-se, portanto,
a obrigatoriedade da prestação. A machadada final foi dada
pelo Dr. Portas que, com a melhor intenção, mudou o naipe
de atribuições da tropa, pondo-a a exercer funções da
Guarda Florestal e da Polícia Marítima. Concordaram os
graduados do quadro, com a primeira medida, por pensarem poder
ganhar mais; com a segunda, por encontrarem nela uma via de se
legitimarem.
Vem agora o Ministro Amado operar uma reestruturação. Apetece
citar o que um Compatriota nosso, antigo assistente de
Raymond Aron, me contou. Certo dia, Georges Gurvitch, com voz
gutural, usou como argumento: «Monsieur, eu testemunhei uma
reestruturação». Falava da Revolução Russa, de Outubro de 1917.
Também esta ameaça não deixar pedra sobre pedra.
O primeiro aspecto dela visa as carreiras e as reformas. Tão
grande é o sentimento de estarem a ser defraudados, que se
assiste, por parte de muitos oficiais ao abandono das fileiras.
A segunda vertente incide sobre o desmantelamento da base
territorial da organização e operacionalidade das Forças
Armadas, o que, na prática, quer dizer "o Exército", pois os
outros ramos não têm essa característica em grau tão marcante.
O que faz surgir um perigo; o de retirar do terreno uma das
raras profissões que se podiam gabar de conhecer a globalidade
do Pais, prejudicando, irrevogavelmente, um contributo para a
manutenção de uma identidade nacional e, em nome da modernização
e da eficácia, centralizar, ou seja, colocar ao dispor dos
agentes locais dos governantes do Mundo as poucas centenas de
homens cuja prontidão ainda subsista.
Não tenhamos ilusões. é um primeiro passo para a costarriquização.
Segurança? Toda entregue às polícias. Defesa? Os outros que
tratem dela, porque, nessa altura, já só platonicamente seremos
um país.
com que se reforçava a Diplomacia. Hoje, também. Mas não de
igual maneira. Dantes, sendo evidência da força, eram um
factor mais a ter em conta, para se chegar a acordo nas
negociações internacionais, evitando a má vontade do senhor
delas. Hoje, ao invés, o deslocamento de um número restrito
de tropas em missões de paz e de ajuda geral para cenários
conturbados é o meio por excelência através do qual se
procura receber as palmadinhas nas costas que traduzam a
boa vontade dos únicos verdadeiros poderes.
Após o 25 A, durante 15 anos ninguém tocou nos militares,
por uma dupla ordem de razões: terem sido eles os fautores
da mudança política, pelo que não se queria tornar menos
macio o processo de transição, e devido a uma vaga noção
de que o serviço militar obrigatório seria uma "escola para
a vida" dos que por lá passavam. Devo dizer que concordo com
esta segunda visão, não tanto no que respeita à ministração
da escolaridade mínima, cada vez com menos necessitados,
mas porque via grande vantagem em incutir umas breves noções
de serviço público nos licenciados das nossas universidades,
moderando-lhes o egoísmo e a avidez da pressa na entrada
imediata no mercado de trabalho, para tratar da vidinha.
Sem o Ultramar estava, porém, o modelo condenado, E começou
a execução pela profissionalização, abolindo-se, portanto,
a obrigatoriedade da prestação. A machadada final foi dada
pelo Dr. Portas que, com a melhor intenção, mudou o naipe
de atribuições da tropa, pondo-a a exercer funções da
Guarda Florestal e da Polícia Marítima. Concordaram os
graduados do quadro, com a primeira medida, por pensarem poder
ganhar mais; com a segunda, por encontrarem nela uma via de se
legitimarem.
Vem agora o Ministro Amado operar uma reestruturação. Apetece
citar o que um Compatriota nosso, antigo assistente de
Raymond Aron, me contou. Certo dia, Georges Gurvitch, com voz
gutural, usou como argumento: «Monsieur, eu testemunhei uma
reestruturação». Falava da Revolução Russa, de Outubro de 1917.
Também esta ameaça não deixar pedra sobre pedra.
O primeiro aspecto dela visa as carreiras e as reformas. Tão
grande é o sentimento de estarem a ser defraudados, que se
assiste, por parte de muitos oficiais ao abandono das fileiras.
A segunda vertente incide sobre o desmantelamento da base
territorial da organização e operacionalidade das Forças
Armadas, o que, na prática, quer dizer "o Exército", pois os
outros ramos não têm essa característica em grau tão marcante.
O que faz surgir um perigo; o de retirar do terreno uma das
raras profissões que se podiam gabar de conhecer a globalidade
do Pais, prejudicando, irrevogavelmente, um contributo para a
manutenção de uma identidade nacional e, em nome da modernização
e da eficácia, centralizar, ou seja, colocar ao dispor dos
agentes locais dos governantes do Mundo as poucas centenas de
homens cuja prontidão ainda subsista.
Não tenhamos ilusões. é um primeiro passo para a costarriquização.
Segurança? Toda entregue às polícias. Defesa? Os outros que
tratem dela, porque, nessa altura, já só platonicamente seremos
um país.
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