Sede de Sangue

É deveras curiosa a reacção adversa de muita gente
nos meios conservadores à nomeação de Harriet Miers
para o Supremo Tribinal dos Estados Unidos. Enquanto
que no lado liberal, no sentido amaricano do termo, salvo
Kennedy, Boxer & Cª, as águas têm permanecido relativamente
calmas, à direita há quem espume por considerar como uma
oportunidade perdida a nomeação da Amiga do Sr. Bush para
o lugar até agora preenchido pelo swing vote de O´Connor.
E, aparentemente, não haveria razão para decepções. A pobre
Senhora pertence a uma igreja evangélica de Dallas, logo,
será natural que compartilhe muitos dos pontos de vista da
«Coligação Cristã», nomeadamente em sede de aborto, contra
o qual, aliás tem registo de intervenção judicial, como
advogada, o que pouco sossegará os criticos, que vêem nos
passados dos causídicos uma exclusiva revelação de pagamentos,
que não de princípios.
A contestação já tomou tais proporções que o Presidente teve
de enviar o seu factotum, Rove, junto de leaders religiosos
como James Dobson, sossegando-os quanto às perspectivas anti-
-abortistas da Escolha presidencial.
Muito estranho. Só encontro uma explicação: é que, com tanto
Republicano no Senado, os ultras do partido quisessem alguém
com toneladas de papel cheias de decisões polémicas para que
pudessem bater forte e feio nos Democratas. Mostram pois que
estão esfomeados de uma boa luta.