Eleições
Havia, décadas atrás, dois grandes sistemas pluripartidários
onde o habitual era a celebração, sempre pelo mesmo partido,
de vitórias esmagadoras, de fazerem inveja ao Sadam: o México
e o Japão. Mas estes sistemas de partido dominante sofreram as
erosões fatais e implodiram, Fox pôs o PRI de mãos nos bolsos,
num sentido diferente do da prática que o celebrizou; no Japão
sucederam-se as coligações governamentais, primeiro sem o PLD,
depois por ele orientadas. Até que, ontem, Koizumi veio repor a
normalidade antiga. E não deixa de ser curioso que tenha sido
um político de carisma a restaurar o sistema das mais cinzentas
lideranças e a garantir a esmagadora maioria de um só, acentuada
pela perda de poder das facções pessoais, verdadeiros subpartidos.
No outro grande vencido de 1945, prestes a arriscar-se nas urnas,
o Chanceler Schroeder obteve, imagine-se, o apoio do Eng.º Sócrates.
Uma coisa pouco esperada, como se calcula. Eu teria cuidado, este
pode bem ser um péssimo auspício para o acto eleitoral. Mas só a
nossa imprensa para fingir acreditar que o Primeiro-Ministro sueco e
o Presidente do Governo espanhol «tinham seguido o exemplo» do que
nos calhou por cá! E o nosso Engenheiro pode bem, no mais inconfessado
dos seus pensamentos, apostar na zebra eleitoral e torcer para que o
apoio dado atempadamente a um vencedor o possa beneficiar nas nossas
autárquicas, por choc en retour.
onde o habitual era a celebração, sempre pelo mesmo partido,
de vitórias esmagadoras, de fazerem inveja ao Sadam: o México
e o Japão. Mas estes sistemas de partido dominante sofreram as
erosões fatais e implodiram, Fox pôs o PRI de mãos nos bolsos,
num sentido diferente do da prática que o celebrizou; no Japão
sucederam-se as coligações governamentais, primeiro sem o PLD,
depois por ele orientadas. Até que, ontem, Koizumi veio repor a
normalidade antiga. E não deixa de ser curioso que tenha sido
um político de carisma a restaurar o sistema das mais cinzentas
lideranças e a garantir a esmagadora maioria de um só, acentuada
pela perda de poder das facções pessoais, verdadeiros subpartidos.
No outro grande vencido de 1945, prestes a arriscar-se nas urnas,
o Chanceler Schroeder obteve, imagine-se, o apoio do Eng.º Sócrates.
Uma coisa pouco esperada, como se calcula. Eu teria cuidado, este
pode bem ser um péssimo auspício para o acto eleitoral. Mas só a
nossa imprensa para fingir acreditar que o Primeiro-Ministro sueco e
o Presidente do Governo espanhol «tinham seguido o exemplo» do que
nos calhou por cá! E o nosso Engenheiro pode bem, no mais inconfessado
dos seus pensamentos, apostar na zebra eleitoral e torcer para que o
apoio dado atempadamente a um vencedor o possa beneficiar nas nossas
autárquicas, por choc en retour.
2 Comments:
At 2:59 PM, Anonymous said…
Caro Dr. e Amigo Paulo C. Porto,
Vejo que continua com a qualidade intelectual e a ironia fina de sempre.
Dantes os sistemas políticos, ou seja, os valores, as normas e regras do direito político tendiam a prever os comportamentos políticos, e até a informá-los.
Hoje tudo mudou: a norma perdeu o seu valor previsor e formatador. Já não antecipa nada ante a velocidade das realidades socio-jurídicas e económicas deste nosso tempo.
Dizia-se algures, como sabe, que dantes os parlamentos podiam fazer tudo, excepto evitar que um homem se transformasse numa mulher.Hohe, isto também já não é verdade. E creio que não o é só por causa do desmentido aos parlamentos..
Julgo que até sabe onde isto está escrito...
Um abraço e votos de bom trabalho e de belos blogs
Com admiração blogosférica que já conhece.
O seu blog é daqueles que quanto menos comentado for menos estragado fica. Por isso, o comento tão pouco, pois tb não precisa. Ele basta-se a si próprio.
Cumprimenta
Rui Paula de Matos
At 9:47 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Exm.º Doutor e Amigo:
A admiração é mais do que recíproca. Tentei dar um
lamiré para uma discussão de sistemas multipartidários de alternância reduzida, que tendo sofrido alterações, recentemente, estão a voltar à normalidade deles.
Parece que a aposta mais segura do mundo é, após o termo do mandato do actual Presidente, o regresso ao poder do PRI.
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