Leitura Matinal -98
A atomização interior a que leva a profusão
de apelos da vida em raras circunstâncias nos
permite o índice de concentração que, pela dor,
essa estrada essencial da caminhada humana, bastante
por sua própria presença, seja ainda estímulo para a
compreensão das formulações arquetípicas em que
o nosso sofrer se inclui. São raros os que, no
empreendimendo vital da rotina diária, com as
sucessões e os apaziguamentos vários que vitimam
a capacidade de plena apreensão escapem à assombração
da insensibilidade. Cada poeta e cada leitor poderão
ter a esperança e a certeza de que o momento único da
ligação pela magia poética encarnará a grande possibilidade
de excepção, neste nosso tempo. Mas esse momento ímpar
acaba por deixar-nos o nostálgico rasto do que
é efémero.
Como nota Luís Quintais,
Os mitos
são ininteligíveis máscaras.
Só no poema fazem eles sentido
e não nas regiões dos dispersos sentimentos
que a vida colhe
e na confusa leitura dos dedos
resgatando as sombras
e nas paixões que a distância
se encarrega de por nós
delir.
Por isso é importante
incluir o sofrimento
no rigor que mede a alma
para as coisas serem arguila moldada,
figurações de sentido.
Que da razão
se subtraia a ilusória luz
e se fique com a noite que nela deposita.
Uma flor nocturna
é tudo o que sobra
do esplendor dos versos.
de apelos da vida em raras circunstâncias nos
permite o índice de concentração que, pela dor,
essa estrada essencial da caminhada humana, bastante
por sua própria presença, seja ainda estímulo para a
compreensão das formulações arquetípicas em que
o nosso sofrer se inclui. São raros os que, no
empreendimendo vital da rotina diária, com as
sucessões e os apaziguamentos vários que vitimam
a capacidade de plena apreensão escapem à assombração
da insensibilidade. Cada poeta e cada leitor poderão
ter a esperança e a certeza de que o momento único da
ligação pela magia poética encarnará a grande possibilidade
de excepção, neste nosso tempo. Mas esse momento ímpar
acaba por deixar-nos o nostálgico rasto do que
é efémero.
Como nota Luís Quintais,
Os mitos
são ininteligíveis máscaras.
Só no poema fazem eles sentido
e não nas regiões dos dispersos sentimentos
que a vida colhe
e na confusa leitura dos dedos
resgatando as sombras
e nas paixões que a distância
se encarrega de por nós
delir.
Por isso é importante
incluir o sofrimento
no rigor que mede a alma
para as coisas serem arguila moldada,
figurações de sentido.
Que da razão
se subtraia a ilusória luz
e se fique com a noite que nela deposita.
Uma flor nocturna
é tudo o que sobra
do esplendor dos versos.
2 Comments:
At 11:02 AM, Anonymous said…
Excelente e inesquecivel post. E profundo.
Parabens do seu amigo Rafael.
Rafael Castela Santos
At 7:54 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu caro Rafael:
Creia-me, a Sua aprovação é importantíssima para mim. Para mais tratando-se de uma pequena reflexão e de uma apaixonada "apropriação" que tocam um tema tão sensível como é a dor, com as suas conexões.
Muito obrigado
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