O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Wednesday, August 24, 2005

CLARIFICAÇÃO

A questão creio já ter sido esclarecida nos comentários
dois posts acima, àquele que ostenta o título «P.S.F.
e Lideranças». Todavia, espero morrer sem que se possa
dizer de mim que alguma vez tenha atribuído a alguém
ideias que não são as suas. Muito menos em se tratando
de um Querido Amigo, que admiro e prezo muitíssimo, como
o FG Santos.
Assim, rogo ao Leitor que se digne interpretar a alusão
final da posta em apreço como referente à fama de expoente
da "ala atlantista" do P.S.F. que o Sr. Fabius tem cultivado.
E, por acrescento, à mudança no papel de "interlocutor privilegiado
do Mundo Árabe no Ocidente" que uma ascensão daquele político
à Presidência da França poderia acarretar. Sendo muito mais
aberto, por solidariedade étnico-religiosa, ou, quem sabe,
por convicção, às posições israelo-americanas, poderia trazer
uma nova política externa, encaminhando-a para uma direcção
de que sei o FG Santos ser muito crítico.
Mas a posição Dele será melhor explanada em Santos da Casa,
para onde tomo a liberdade de vos reenviar.

14 Comments:

  • At 3:29 PM, Blogger Flávio Santos said…

    Deixe lá, também em tempos Marcel Aymé pintou Céline, num conto, com cores fortemente anti-semitas, o que desagradou ao grande escritor, mas nem por isso deixaram de ser amigos.

     
  • At 4:25 PM, Blogger vs said…

    Uma mudança na direcção da França?!?!

    Aguarda-se, em jubilosa esperança, esse radioso dia.

     
  • At 4:36 PM, Blogger Bruno Santos said…

    «(...) Marcel Aymé pintou Céline, num conto, com cores fortemente anti-semitas, o que desagradou ao grande escritor, mas nem por isso deixaram de ser amigos. »

    Será que o FG Santos está a falar do conto «O Cartão»? Trata-se de uma peça única, verdadeiramente antológica, do que seja o realismo mágico aplicado à literatura. E o passo em que o Céline é citado, acusando os judeus de não sei o quê, é de um humor a que dificilmente se resiste.

    E não só não deixaram de ser amigos, como foi Aymé um dos poucos que acompanharam fielmente Céline até à sua morte. E isso de o conto ter "desagradado" ao grande escritor, é capaz de merecer revisão histórica. O Céline resmungava por natureza e feitio. Estava-lhe no sangue. De viva voz ou por escrito, expelia diariamente uma quantidade apreciável de bílis. Se calhar, em alguns dias, calhou ao Aymé... Mas o Céline esquecia o ditirambo furibndo logo a seguir.

     
  • At 4:43 PM, Blogger Flávio Santos said…

    O alegado "desagrado" é mencionado salvo erro por François Gibault na sua (monumental) biografia de Céline.

     
  • At 4:47 PM, Blogger Flávio Santos said…

    Ainda a propósito da estima (que era mútua) de Céline por Aymé, disse Ferdinand após ler o magnífico "Uranus": «Ce n'est pas mon registre mais il y excelle» (citação de memória).
    Custou-me tanto ver em Paris a Place Marcel Aymé e, mesmo ao lado, na Avenue Girardon, a casa onde habitou Céline sem uma referência que não um grafitti de um admirador, mencionando o facto de ele aí haver habitado.

     
  • At 4:47 PM, Blogger Bruno Santos said…

    E o conto em causa é mesmo o que eu refiro?

     
  • At 4:49 PM, Blogger Flávio Santos said…

    Não sei, caro BOS, só vendo lá em casa. Do grande Marcel retive as obras que mais me impressionaram: "Uranus", "Travellingue", o divertido "Lucienne et le Boucher" ("La Tête des Autres" está em fila de espera).

     
  • At 4:57 PM, Blogger Bruno Santos said…

    Do grande Marcel, é tudo bom. De uma ponta a outra. E o conto em causa, deve ser mesmo esse. Uma ficção divertidíssima, escrita em plena guerra.
    Em quanto aos lugares do Aymé e do Céline em Paris, hei-de escrever um dia destes. Eu vivi e trabalhei em Montmartre durante 16 meses, entre 1996 e 1997, pertinho das zonas que o FG Santos refere — ali a dois passos do Marcel metálico, tal "passe-muraille", desventrando-se da parede.

     
  • At 8:58 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Bem, abençoada confusão com o pretenso anti-semitismo que trouxe tais comentários.
    Meu caro FG Santos:
    Tenho toda a confiança em que o meu Querido Amigo não terá ficado magoado com a ambiguidade do meu primeiro "post" sobre o assunto. Mas sempre detestei o hábito que os jornais portugueses têm de encher uma primeira página com afirmações bombásticas e, depois, quando se trata de desmentidos ou, como neste caso, precisar, remetê-los para obscuras notas em páginas interiores, de duvidosa leitura. Isto não é um jornal; mas, por coerência, procurei dar destaque igual ou superior à emenda...

     
  • At 9:04 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Quanto ao caso do Aymé-Céline, penso que ainda há uma situação mais acintosa, entre dois outros escritores que, igualmente, aprecio. Falo do evento público em que Ernst Junger interpelou E. von Salomon, dizendo que os amigos deste e ele atrelado teriam morto Rathenau por ele ser judeu. Salomon negou-o, mas creio que não romperam as relações cordiais. Quem nos deverá poder elucidar é o Rebatet.
    Desculpem as grafias, o certo é que não sei colocar tremas.

     
  • At 9:08 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Caríssimos BOS e FG Santos:
    Do Aymé tenho muita coisa; os que prefiro entre todos são «Uranus», que considero um dos livros do século, os contos do «Passa-Muralha», talvez a escrita de mais imediata adesão, e um livrinho que acho que o FG Santos iria adorar, «Le Confort Intellectuel». Não acha, caro BOS? Se quiser, tenho todo o gosto em emprestar.

     
  • At 9:52 PM, Blogger Bruno Santos said…

    Eu faço parte do grupo «Addicted to Marcel Aymé», pelo que bem pode o Paulo Porto colocar diante de meus olhos seja o que for do Aymé, que eu irei sempre dizendo: "excelente, excelente!" — de fio a pavio.
    De qualquer modo, e para tentar responder à questão, sempre lhe digo que — para além das obras que cita, todas elas excelentes (está a ver o 'excelente', eu não dizia?) — aconselho vivamente o «Le chemin des écoliers» e a peça «La tête des autres» (que o FG Santos tem em lista de espera, como os pacientes dos hospitais públicos). São dois frescos admiráveis da França de 40: o primeiro durante a guerra; o segundo sobre o pós-guerra e todo o rol de injustiças da "Justiça" francesa.
    Acrescento que ainda hoje, ao fim de não sei quantas leituras e releituras, me divirto à brava com a novela «La jument verte» — e o animal assim a imiscuir-se e a opinar sobre a vida sexual de Claquebue. Um fartote!
    O Aymé tem, de facto, uma imaginação fulgurante, um estilo único, que fazem dele talvez o maior escritor francês do século passado. E foi seguramente, no mundo inteiro, quem se apropriou com mais génio das técnicas de realismo mágico, fazendo com que na sua obra (como dizia o Rodrigo Emílio) o fantástico resulte mais verídico que o próprio quotidiano.
    É evidente que para os críticos literários do sistema, que disfarçam com gel e outros produtos a espessa crosta da ignorância enciclopédica, os grandes prosadores franceses são o Proust, o Camus e o Sartre. Deixá-los!... Nós sabemos que não.

     
  • At 9:25 AM, Blogger Flávio Santos said…

    Tarde chegado à blogosfera, o Paulo possivelmente não conhece este blogue do Bruno (que aguarda melhores dias):
    http://cadernosdemarcelayme.blogspot.com/

     
  • At 11:49 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Apesar desse advento que a generosidade do meu Amigo diz tardio, vou lá, periodicamente, via «Nova Frente». Mas, o BOS não actualiza... Quem ganha são os misantropos, que vêem albergadas na sua jaula pérolas que, doutra forma poderiam beneficiar outros ares...
    O FG Santos não me chegou a responder se já leu o «Confort..», do Aymé. Se quiser, o meu exemplar está à disposição.

     

Post a Comment

<< Home

 
">
BuyCheap
      Viagra Online From An Online pharmacy
Viagra