O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Monday, July 11, 2005

Leitura Matinal -53

Evitar a alternãncia autodestrutiva das cumeadas
sentimentais com as quedas abruptas aos mais baixos
índices de confiança, em si e no Mundo, parece-me
da mais elementar prudência. Atenhamo-nos pois ao
concreto, procurando retirar de cada lance da Vida
o que ele possa dar, sem que a imaginação seja factor,
resultando na ultrapassagem das dores vagas e
exageradamente decadentes que cantou Alberto Osório
de Castro, num poema datado de 25 de Maio de 1922:


ESPARSAS DE UM SONHO MORTO

Quem diz que o chorar descansa
he de ter pouco chorado.

Cristovão Falcão-Trovas de Crisfal

Vi o Paraiso um dia
E perdi-o, por meu mal!
(Ou por meu bem?...) Quem diria
Que o Paraiso veria
Ainda na vida mortal!

Foi de existência anterior,
Que nem sempre a morte acalma,
Entrevisão, ou de amor
Uma ilusão, a maior
Que possa nascer na alma?

Vi o Paraiso, vi-o
Ardente sonho desperto!
Ai! num momento perdi-o
E desde então tudo é frio,
Tudo é árido deserto.

Tão tarde me apareceu,
E tão cedo evanescido,
Aquele sonho do céu!
Sonho, que logo morreu,
Do Paraiso perdido.

1 Comments:

  • At 10:47 AM, Blogger Flávio Santos said…

    Que tempos, estes! No segundo verso "li" o seguinte:
    "E perdi-o por meu mail"!.

     

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