O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, July 10, 2005

Leitura (platonicamente) Matinal -52

Todos os anos a época de fogos torna-me arisco
aos noticiários e a comentar esse manancial de
vergonhosas notícias. A gratuitidade do agir
puramente destruidor do homem, sem finalidade
política derimente, faz-me, temporariamente,
céptico diante da possibilidade linguística que
faculte a descrição do horror. Perco toda a suave
transigência que me permite conviver, coexistir
sem clivagem digna de nota. Derrogando tudo o que,
atrás, escrevi sobre a atenção, sou, contra mim e
contra tudo, momentaneamente, transportado a um
estado psíquico análogo ao enunciado por Ruy
Cinatti em

ISOLAMENTO

Tanta gente que passa por mim
e eu sempre
estátua.

Alguém passa por mim e diz o nome
posto a meus pés.

- Pensa, depois
segue (ou não
esquece).

Perdoa-me Senhor, por não saber
a minha língua.

-Usar frases feitas
no seu sítio-signo,
hoje pecado
imperdoável.

Sinistros, ridículos
dizeres
ambíguos.

Penso e depois sigo.
Esqueço.

1 Comments:

  • At 5:42 PM, Anonymous Anonymous said…

    Incêndios na floresta Real?
    Esse mar de pinheiros e outras
    Que desvendou mundo inteiro.

    Cama de marinheiros, e outras
    Que tanto pão deu, dá e dará
    Deixo arder entregue ao bombeiro?...

    Onde está o poeta destas trovas
    A pena Capital não chegou?
    Querem arder Portugal, mais?

    Deixem os ingleses com as inglesas
    nesta hora de tormenta
    Época de incêndios?
    E o BOS não deu por essa...
    Ai o Eça espicaça o espanhol?...
    Olhem para estas BOMBAS!
    Deixem os poetas em Paz

    É hora!

     

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