Presumíveis Inocentes
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Pensava eu que este caso já estava resolvido, mas, como tantas outras vezes, laborava no erro: os Seis de Beghazi, cinco enfermeiras búlgaras e um médico palestiniano viram o seu apelo final recusado e reiteradas as condenações à morte por fuzilamento, porque acusados de, «deliberadamente, infectarem crianças líbias com o HIV».
É a fantochada da moderação de Khadaffi a desmascarar-se? É. A fantasia de uma condenação com base em confissões de duas das prisioneiras, que sucumbiram à tortura? Também. Demonstração de força do regime que quer provar que consegue condenar e, quiçá, executar os estrangeiros que quiser, mesmo quando o Mundo desaprova? Sem dúvida. Mas quanto a mim é muito mais. A relação com um Deus que não permitiu a liberdade aos Crentes e reservou a intervenção constante do seu Poder no mundo terreno não permitiria explicar tão facilmente como por acção maligna de Infiéis a desgraça mortal para idades tão tenras. Não interessa que as infecções hajam, segundo os especialistas, começado antes da chegada de quem queria salvar vidas. Àquele poder convinha muito mais dá-la como a maldade de uma espécie de sabotadores, vindos de fora da comunidade. E é um sistema político deste grau de horror que o Ocidente reconverteu em aceitável!
6 Comments:
At 11:15 PM, Anonymous said…
Ora aqui está uma história maquiavélica que desconhecia por completo. Olhe que existe aqui matéria para escrever um denso argumento cinematográfico, não concorda?
Abraço
At 11:39 PM, Paulo Cunha Porto said…
Com a ressalva, Meu muito Caro Capitão-Mor, de que a realidade venha a dar espaço para um final menos infeliz do que aquele que se teme.
Abraço.
At 11:58 PM, Jansenista said…
Oxalá sejam salvos. Se forem executados, daqui a 50 anos aparecerá gente a dizer que a execução nunca teve lugar.
At 9:10 AM, Paulo Cunha Porto said…
MeU Caro Jansenista:
Claro que não será preciso espertar tanto para ver em Portugal alguém acusar a MOSSAD de estar por detrás da condenação...
At 9:18 AM, Anonymous said…
Paulo,
Este caso é horrível e um caso de charneira onde a prova científica podia fazer as maravilhas que tem feito nos EUA. Cada vez me interrogo mais sobre a malevolência da nossa Aliança inglesa, a mesma que eu vi abrir as portas a esse criminoso que governa por lá.
André
At 9:40 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro André:
Nem creio que seja especial perfídia a que se encontra por detrás da aceitação inqualificável desta tirania exacerbada: penso que é tão-só o empaledecimento das lihas divisórias que despertavam o horror perante o Mal e a utilitaríssima concepção de que em matéria de vidas perdidas a justiça pode ser substituída - e, pior, alcançada - por uma mera idemnização.
Grande abraço
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