Representações
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Recuso-me terminantemente a fazer de Luísa Mesquita uma heroína na revolta contra a direcção do PCP que a queria substituir no parlamento. Sou profundamente hostil ao ideal de apagamento da personalidade - salvo a do chefe, por vezes - face às conveniências da máquina partidária que sempre fascinou os Comunistas. Como actividade humana, a política não pode abstrair do valor intangível das personalidades. Mas a Senhora assinara um compromisso, segundo o qual obedeceria a ditames desse género. E menos do que tudo gosto de gente sem palavra.
Claro que os conflitos de prevalência entre lista e eleito seriam reduzidos ao mínimo se as circunscrições fossem uninominais. Aí o lugar seria do que se fizera eleger, por mérito seu, não se colocando dúvidas quanto à justiça do radical pessoalismo da sua renúncia.
Um pormenor - para os nossos marxistas a Comissão Parlamentar para a Saúde significa uma despromoção,face à Educação. Vá-se lá perceber esta prioridade! A menos que a subalternização da defesa dessa conquista de Abril que é o SNS traia uma inconsciente preocupação de que os tempos lhes venham tratar da dita...
Recuso-me terminantemente a fazer de Luísa Mesquita uma heroína na revolta contra a direcção do PCP que a queria substituir no parlamento. Sou profundamente hostil ao ideal de apagamento da personalidade - salvo a do chefe, por vezes - face às conveniências da máquina partidária que sempre fascinou os Comunistas. Como actividade humana, a política não pode abstrair do valor intangível das personalidades. Mas a Senhora assinara um compromisso, segundo o qual obedeceria a ditames desse género. E menos do que tudo gosto de gente sem palavra.
Claro que os conflitos de prevalência entre lista e eleito seriam reduzidos ao mínimo se as circunscrições fossem uninominais. Aí o lugar seria do que se fizera eleger, por mérito seu, não se colocando dúvidas quanto à justiça do radical pessoalismo da sua renúncia.
Um pormenor - para os nossos marxistas a Comissão Parlamentar para a Saúde significa uma despromoção,face à Educação. Vá-se lá perceber esta prioridade! A menos que a subalternização da defesa dessa conquista de Abril que é o SNS traia uma inconsciente preocupação de que os tempos lhes venham tratar da dita...
5 Comments:
At 2:40 PM, Anonymous said…
Querido Paulo caminhamos para isso.
Qualquer ano entre o público e o privado não haverá muitas diferenças.
Beijinho
At 2:46 PM, Paulo Selão said…
Este recente episódio só vem demonstrar que são os partidos quem realmente põem e dispõem da democracia e dos eleitos agindo, principalmente em relação aos últimos, como se fossem donos deles. A escolha «do povo» - entre aspas porque não é o povo que escolhe mas uma parte deste. Prefiro chamar eleitorado que são coisas distintas. Matemáticamente falando, esse é apenas um subconjunto do conjunto chamado povo - é pois mero formalismo legitimador. Pois se aquando das eleições sejam elas legislativas ou autárquicas esses partidos que nos bombardeiam com uma cara, um nome, um candidato também é um facto que são depois esses mesmos partidos que gerem os seus eleitos como se fossem propriedade sua, como se fossem gado - com todo o respeito.
Isto assim é uma autêntica farsa para não dizer palhaçada. Eu não admito que um deputado que foi eleito possa, sem motivo aparente, ser «despedido» pelo partido e substituido por outra pessoa e o mesmo se passa em relação a autárcas. Todos os partidos mas principalmente o PCP e BE agem desta forma com deputados mas também com vereadores, membros dos executivos de freguesia, das assembleias municipais e de freguesia. Chegam, inclusive, ao cúmulo de «convidar» próprios Presidentes de Câmara a deixar o cargo alegando quebra de confiança política (leia-se quebra dos cordéis manipuladores de fantoches por aqueles que não admitem para si essa mera condição aspirando a executar uma política emanada das suas próprias cabeças). É claro que tem que existir lealdade da parte de quem foi eleito para com a máquina que o ajudou a eleger (é uma fraqueza do regime e quanto a isso...) mas também é inaceitável que sejam os directórios sediados em Lisboa que decidam qual a orientação política que um edil está tomar, em suma que decidam tudo o que há para decidir numa lógica de quero, posso e mando. Isto é inaceitável! É uma autêntica falta de respeito não só para com para com o «povo» que eles tanto gostam de invocar como para com a própria Democracia. E por aqui me fico.
At 6:50 PM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Marta (lá me escorregava a mão para MFBA):
E tenho pena. Não gosto de ver os menos protegidos e abonados dependentes da iniciativa de fins lucrativos. Mas o que achei mais graça foi ver a Saúde, a base sem a qual não há Educação capaz, usada como castigo...
Meu Caro Paulo Selão:
Inteira sintonia, como calcula. O Meu Prezado Amigo disse tudo. Como sabe, prefiro um tipo de representação que julgo mais verdadeiro, inteiraente desligado dos partidos, mas numa imediatez possibilista, aceito como boa a alteração que faça cada rosto poder invocar uma base própria de actuação, que não a devida a uma chancela partidária e à cara do seu "leader". Só assim se não menoriza um político e deixa de se apoucar um eleitor.
E tem toda a razão em referir o abusivo uso da substituição nos partidos mais à Esquerda, com o intuito óbvio de formar uma classe dirigente enfeudada ao aparelho.
Beijinho e abraço.
At 5:58 PM, Anonymous said…
"Como actividade humana, a política não pode abstrair do valor intangível das personalidades."
Subscrevo-o inteiramente, alinhando consigo no desprezo que voto à condução colectivista do rebanho.
E até lhe digo mais: a valorização da personalidade individual, na vida social, face ao seu apagamento em prol dos ditames do Estado, é uma das grandes distinções entre os regimes democráticos e os totalitários.
Abraço
At 9:14 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Miguel:
Dito com a mestria a Que nos habituou. A problemática de «O Zero e o Infinito», não Lhe parece?
Abraço.
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