Orelhas de Burro
Devo dizer que só pela leitura deste texto do «DN» tive conhecimento da amplitude do escândalo das escutas telefónicas ilegais e sequentes práticas criminosas de venda de informações e chantagens. Mas, para além da sombra que lança sobre a capacidade de Prodi - um Homem que tenho por honesto - de dominar o panorama empresarial italiano, impondo-lhe os níveis de honestidade mínimos que permitam um funcionamento justo, vem reforçar um entendimento que há nuito tenho. O de dever o sector das telecomunicações que detenha meios técnicos de difusão próprios ficar na esfera estatal. Legitimando a aquisição por particulares favorece-se este tipo de jogos demasiado perigosos.
4 Comments:
At 1:06 PM, Anonymous said…
Pois é, Caríssimo, em Itália o escândalo rebentou, mas por cá, nada. Oficialmente não há escutas não autorizadas.
No meu caso, por força da profissão de minha Mulher, que é magistrada judicial, instalei um pequeno dispositivo no telefone fixo para verificar se está sob escuta e/ou se a conversa está a ser gravada. A presença de escuta é quase permanente.
No meu computador doméstico, o firewall, para além de me ter detectado quase 300.000 tentativas de intrusão desde Janeiro último, alertou-me para o facto de um determinado IP ser muito «preseverante» nas tentativas de intrusão «high-rated». Uma pequena verificação permitiu-me constatar que pertencia a uma direcção-geral estatal (nem sequer se deram ao trabalho de alterar o IP a cada tentativa).
E, para terminar, sabia que a quase totalidade das «fugas de informação» do sistema judicial se devem ao programa informático Habilus imposto como «espinha dorsal» informática dos tribunais em Portugal (veja, por exemplo, o artigo do blog Informática do Direito http://infor-direito.blogspot.com/2006/05/um-habilus-cada-vez-mais-inquietante.html).
Tudo, ou quase, que um juíz ou MP escreve no seu computador do tribunal é visionado on-line por uma série de pessoas estranhas, algumas de entidades ligadas ao poder político. Mas só em Itália é que há escândalo...
Um abraço.
At 7:24 PM, Paulo Cunha Porto said…
Safa, desculpe o termo plebeu, Caríssimo Carlos Portugal! Isso é que é ser vítima do sistema. Está cá a dar-me uma ideia para um "post", amanhã, talvez.
Mas vejamos as coisas pelo lado positivo: os operadores das escutas aprenderão imenso com as conversações do Casal Escutado. Trata-se, portanto, de um programa de aperfeiçoamento de funcionários públicos.
Grande abraço.
PS: Não vão processar o Estado?
At 7:47 PM, Anonymous said…
Processar o Estado seria uma hipótese se estivéssemos verdadeiramente num Estado de Direito, Caríssimo Misantropo. Assim, limitamo-nos a outro tipo de acções, talvez menos drásticas, mas igualmente mordazes.
Já estamos habituados, sabe, a este tipo de «perseguição». Até tivémos carros banalizados com sujeitos ridículos de óculos escuros e auricular (deve ter sido influência dos agentes do Matrix) à porta de casa ou do Tribunal, a comunicarem - audivelmente - as nossas saídas e entradas (e as de outras pessoas). Mas não estamos sózinhos, longe disso (leia, a propósito do Habilus, o comunicado que uma Colega de minha Mulher apresentou ao VII Congresso dos Juízes Portugueses, em Novembro último: http://www.asjp.pt/congressos/7congresso_comunicação11.doc).
Contudo, tem toda a razão no que diz (agradecendo a distinção com que nos agraciou): trata-se de um «programa de aperfeiçoamento» de certo tipo de funcionários públicos. A escuta de magistrados e, principalmente, de bloguistas cultos e honestos como o Caríssimo Misantropo, deveria tornar-se uma instituição, para tentar obviar a mediocridade que grassa nas fileiras dos Orelhas-Grandes da nossa praça.
Se tiver tempo e ensejo, dê uma olhadela no tal comunicado. É bastante esclarecedor, e talvez lhe forneça mais alguns elementos para o seu «post»...
Um grande abraço.
At 8:26 PM, Paulo Cunha Porto said…
Vou seguir, religiosamente, o conselho.
Ab.
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