O Outro Lado

Ainda vai curto o dia em Portugal, mas os responsáveis pelas mortes a que aludi no post anterior já deram sinais de si. Depois de, há poucos dias, terem tornado público um vídeo de membros da Al-Qaeda em festejos antecipados com os executores dos atentados a caminho do recebimento das suas 72 virgens, o teórico-mor do movimento, Al Zawahiri, já emitiu uma mensagem de lúgubre regozijo. Mas mais do que isso e do que a inevitável referência a Israel, para acirrar os ânimos do arabismo islâmico, importa atentar no que de relativamente novo ela integra:

1-Que qualquer ataque contra ocidentais pode ser considerado justo, na medida em que «a realidade da política internacional é a humilhação e repressão dos muçulmanos às mãos dos ídolos-reis que dominam este mundo». É duplamente curioso que, sendo os Leaders da Al-Qaeda sunitas, enveredem por um paraclericalismo que lhes permita emitir fatwas que orientem os crentes, quando a via maioritária do Islão, ao contrário dos xiitas, não conhecia uma organização religiosa com tal poder, para além dos eruditos adstritos a cada Mesquita. Mas mais interessante ainda é a remissão para um dos aspectos que Maomé mais increpava no Cristianismo: a "adoração" de homens e imagens, quando só a Potência Total de Deus a admitiria. De notar que era isto - e a confusão da Santíssima Trindade com o politeísmo - a grande razão doutrinal da clivagem maometana, que prezava Jesus como Profeta e reconhecia a Virgindade de Maria, por exemplo.

2- A utilização de um americano convertido, Adam Ghadan, ou Azzam, O Americano, exortando todos os seus compatriotas a converterem-se ao Islão, o que vem comprovar a inflexão trazida ao movimento de Bin Laden, o qual pretende prioritariamente destruir o modo de vida do Ocidente e a Fé deste, onde ela subsista, em prejuízo do mero revanchismo árabe.

Para que fique registado, como até os suavizadores de serviço à reacção contra a agressão islamista, por este padrão orientador, são constituídos como alvos dos terroristas.