O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Monday, September 25, 2006

O Homem e os Tempos

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Foi em Setembro de 1960 que Henri Massis visitou Salazar pela terceira vez. Não quereria eu que passasse igual mês de 2006 sem dar breve nota do relato sumário que o Escritor Francês dez desse memorável trio:
A primeira, de 1938, às portas da Guerra, a que chamarei de demarcação, em que o Governante rejeita as «mentiras e as hipérboles» entre as quais oscila o Mundo, quer dizer, traduzo eu, os materialismos demo-liberal e marxista, por um lado, como os totalitarismos de polarização contrária, pelo outro, propondo-se fazer uma «política sem política», a que chamarei simplesmente a Política, desprovida que ficava das politiquices. Ter-se-á dado aí a génese da celebrada expressão de fazer o País «viver habitualmente».
No meio, em 1952, a preocupação com a emergência do Comunismo, a que chamarei de desilusão com a pequenez dos homens políticos do pós-guerra, em que o Grande Beirão desabafa parecerem-lhe «por todo o lado os homens políticos inferiores aos eventos», contestando o fado ou marcha da História da teorização de Marx, reafirmando «não ser ao tempo que o novo deve ser imputado, mas às causas activas que estão em jogo», o que não poderia deixar de agradar a um intelectual que escrevera «Não é a História que faz os Homens, mas sim os Homens que fazem a História». Como deverá ter sensibilizado o Autor de «DÉFENSE DE L´OCCIDENT» que o seu entrevistado haja considerado ser o progresso medido pelo grau de ocidentalização que cada região do Mundo atingiu.
Ao derradeiro encontro chamarei de apreensão. Imediatamente anterior ao assalto ao St.ª Maria e ao outro, maior, à África Portuguesa, Salazar mostra-se bem consciente da permeabilidade dela à influência das superpotências, caso não se defendesse com unhas e dentes a presença europeia respectiva. Aproveita para sublinhar que em muitas zonas com os olhos em independências o único factor de unificação foi a presença do Velho Continente, contrariando tendências atomizantes de conteúdos proto-nacionais opostos. Lembrando os massacres do Ruanda, do Burundi, do Sudão, do Congo, do Biafra, de Angola, também, com a cristalização tribal dos movimentos, quem poderá deixar de Lhe dar razão?
Numa das entrevistas reafirma-se que a Europa é o cérebro e coração do Mundo. Pena que hoje por hoje não saiba ser digna dessa vocação.

3 Comments:

  • At 3:14 PM, Blogger Marcos Pinho de Escobar said…

    Belíssima evocação, meu caro Paulo. Encontrei, editado em Buenos Aires em 1939, o famoso "Jefes" do grande Massis.
    Basta dizer que no referente a Salazar, fala-se na "dictadura de la inteligencia"... Aqui, já nesta época, ecoava a obra do grande António.
    Um abraço

     
  • At 7:01 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Exactamente, Carissimo Euro-Ultramarino, «ditadura da Inteligência e da Razão, ou ditadura sem o ser, já que o próprio, mno mesmo trecho se dá como um mero elo na cadeia da Reconstrução Nacional e repudia a identificação total do regime com a mera vida do Homem que era». Tudo tão certo, que até chateia, hihihihih!
    Grande abraço.

     
  • At 8:11 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Poucas, "hélas", muito poucas, Meu Caro Visconde.
    Abr.

     

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