O Homem e os Tempos
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Foi em Setembro de 1960 que Henri Massis visitou Salazar pela terceira vez. Não quereria eu que passasse igual mês de 2006 sem dar breve nota do relato sumário que o Escritor Francês dez desse memorável trio:
A primeira, de 1938, às portas da Guerra, a que chamarei de demarcação, em que o Governante rejeita as «mentiras e as hipérboles» entre as quais oscila o Mundo, quer dizer, traduzo eu, os materialismos demo-liberal e marxista, por um lado, como os totalitarismos de polarização contrária, pelo outro, propondo-se fazer uma «política sem política», a que chamarei simplesmente a Política, desprovida que ficava das politiquices. Ter-se-á dado aí a génese da celebrada expressão de fazer o País «viver habitualmente».
No meio, em 1952, a preocupação com a emergência do Comunismo, a que chamarei de desilusão com a pequenez dos homens políticos do pós-guerra, em que o Grande Beirão desabafa parecerem-lhe «por todo o lado os homens políticos inferiores aos eventos», contestando o fado ou marcha da História da teorização de Marx, reafirmando «não ser ao tempo que o novo deve ser imputado, mas às causas activas que estão em jogo», o que não poderia deixar de agradar a um intelectual que escrevera «Não é a História que faz os Homens, mas sim os Homens que fazem a História». Como deverá ter sensibilizado o Autor de «DÉFENSE DE L´OCCIDENT» que o seu entrevistado haja considerado ser o progresso medido pelo grau de ocidentalização que cada região do Mundo atingiu.
Ao derradeiro encontro chamarei de apreensão. Imediatamente anterior ao assalto ao St.ª Maria e ao outro, maior, à África Portuguesa, Salazar mostra-se bem consciente da permeabilidade dela à influência das superpotências, caso não se defendesse com unhas e dentes a presença europeia respectiva. Aproveita para sublinhar que em muitas zonas com os olhos em independências o único factor de unificação foi a presença do Velho Continente, contrariando tendências atomizantes de conteúdos proto-nacionais opostos. Lembrando os massacres do Ruanda, do Burundi, do Sudão, do Congo, do Biafra, de Angola, também, com a cristalização tribal dos movimentos, quem poderá deixar de Lhe dar razão?
Numa das entrevistas reafirma-se que a Europa é o cérebro e coração do Mundo. Pena que hoje por hoje não saiba ser digna dessa vocação.
Foi em Setembro de 1960 que Henri Massis visitou Salazar pela terceira vez. Não quereria eu que passasse igual mês de 2006 sem dar breve nota do relato sumário que o Escritor Francês dez desse memorável trio:
A primeira, de 1938, às portas da Guerra, a que chamarei de demarcação, em que o Governante rejeita as «mentiras e as hipérboles» entre as quais oscila o Mundo, quer dizer, traduzo eu, os materialismos demo-liberal e marxista, por um lado, como os totalitarismos de polarização contrária, pelo outro, propondo-se fazer uma «política sem política», a que chamarei simplesmente a Política, desprovida que ficava das politiquices. Ter-se-á dado aí a génese da celebrada expressão de fazer o País «viver habitualmente».
No meio, em 1952, a preocupação com a emergência do Comunismo, a que chamarei de desilusão com a pequenez dos homens políticos do pós-guerra, em que o Grande Beirão desabafa parecerem-lhe «por todo o lado os homens políticos inferiores aos eventos», contestando o fado ou marcha da História da teorização de Marx, reafirmando «não ser ao tempo que o novo deve ser imputado, mas às causas activas que estão em jogo», o que não poderia deixar de agradar a um intelectual que escrevera «Não é a História que faz os Homens, mas sim os Homens que fazem a História». Como deverá ter sensibilizado o Autor de «DÉFENSE DE L´OCCIDENT» que o seu entrevistado haja considerado ser o progresso medido pelo grau de ocidentalização que cada região do Mundo atingiu.
Ao derradeiro encontro chamarei de apreensão. Imediatamente anterior ao assalto ao St.ª Maria e ao outro, maior, à África Portuguesa, Salazar mostra-se bem consciente da permeabilidade dela à influência das superpotências, caso não se defendesse com unhas e dentes a presença europeia respectiva. Aproveita para sublinhar que em muitas zonas com os olhos em independências o único factor de unificação foi a presença do Velho Continente, contrariando tendências atomizantes de conteúdos proto-nacionais opostos. Lembrando os massacres do Ruanda, do Burundi, do Sudão, do Congo, do Biafra, de Angola, também, com a cristalização tribal dos movimentos, quem poderá deixar de Lhe dar razão?
Numa das entrevistas reafirma-se que a Europa é o cérebro e coração do Mundo. Pena que hoje por hoje não saiba ser digna dessa vocação.
3 Comments:
At 3:14 PM, Marcos Pinho de Escobar said…
Belíssima evocação, meu caro Paulo. Encontrei, editado em Buenos Aires em 1939, o famoso "Jefes" do grande Massis.
Basta dizer que no referente a Salazar, fala-se na "dictadura de la inteligencia"... Aqui, já nesta época, ecoava a obra do grande António.
Um abraço
At 7:01 PM, Paulo Cunha Porto said…
Exactamente, Carissimo Euro-Ultramarino, «ditadura da Inteligência e da Razão, ou ditadura sem o ser, já que o próprio, mno mesmo trecho se dá como um mero elo na cadeia da Reconstrução Nacional e repudia a identificação total do regime com a mera vida do Homem que era». Tudo tão certo, que até chateia, hihihihih!
Grande abraço.
At 8:11 PM, Paulo Cunha Porto said…
Poucas, "hélas", muito poucas, Meu Caro Visconde.
Abr.
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