Mentir É Feio?
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A notícia de que o Governo Russo pagou a actores para fazerem de mendigos e contarem aos passantes como a paixão do jogo «os tinha arruinado» coloca problemas graves. Podem as autoridades alegar que o fizeram para bem das pessoas, mas não poderão os governos dizê-lo, a propósito de quase tudo? Claro que também é possível defender que a Grande Política só mediatamente tem repercussões na vida dos indivíduos e que esta clivagem face à verdade visa modificar comportamentos dos próprios. Mas pode contrapor-se que as ficções noutros campos também visam uma alteração de atitudes, mais que não seja transformar em aprovação o que poderia predominantemente ser a reacção oposta. E com este precedente, podem, sem por isso merecer censura, os destinatários acreditar que também campanhas como a anti-tabagista, de segurança rodoviária e anti-poluição são patranhas. Para além de que, numa lógica de reciprocidade, deixa de poder criticar-se a volubilidade e adulação das massas. O que me fez lembrar «Lie! Lie! Demo», de Ablade Glover, obra ambígua por excelência mas com cabimento neste âmbito, qualquer que seja a opção interpretativa.
A notícia de que o Governo Russo pagou a actores para fazerem de mendigos e contarem aos passantes como a paixão do jogo «os tinha arruinado» coloca problemas graves. Podem as autoridades alegar que o fizeram para bem das pessoas, mas não poderão os governos dizê-lo, a propósito de quase tudo? Claro que também é possível defender que a Grande Política só mediatamente tem repercussões na vida dos indivíduos e que esta clivagem face à verdade visa modificar comportamentos dos próprios. Mas pode contrapor-se que as ficções noutros campos também visam uma alteração de atitudes, mais que não seja transformar em aprovação o que poderia predominantemente ser a reacção oposta. E com este precedente, podem, sem por isso merecer censura, os destinatários acreditar que também campanhas como a anti-tabagista, de segurança rodoviária e anti-poluição são patranhas. Para além de que, numa lógica de reciprocidade, deixa de poder criticar-se a volubilidade e adulação das massas. O que me fez lembrar «Lie! Lie! Demo», de Ablade Glover, obra ambígua por excelência mas com cabimento neste âmbito, qualquer que seja a opção interpretativa.
Em tempo - acrescento em 28/09/2006 às 8.37.00H: Por falar em verdade e mentira dos políticos, o Primeiro-Ministro Húngaro, acossado como anda, veio lamentar qualquer coisa. Esta notícia contradiz essa outra. Numa lastimaria as declarações prestadas sobre as mentiras, na segunda seria o próprio acto de mentir que o penalizaria. Seja qual for a interpretação correcta, tocando de perto a problemática do post, quem poderá garantir que este lamento não configura uma mentira?
2 Comments:
At 10:28 AM, Anonymous said…
Mentir é muito feio
At 12:04 PM, Paulo Cunha Porto said…
Como se dirá isso em húngaro?
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