Os Privilégios do Solitário
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Não foi preciso ler Ernst Jünger para aderir à mescla de fascínio e repulsa que lhe inspirava a obra de Léon Bloy, nascido a 11 de Julho, porque entendimento similar era, havia muito, por mim partilhado. Li, muito novo, os seus «O DESESPERADO» E «A MULHER POBRE» e desde sempre me comoveu a autêntica e cristianíssima vontade de comunhão da Dor, enquanto me afastava a inadequação do Autor para a Amizade, numa quase que possessa hiperactividade, ao gritar com palavras fortes o que poderia ser dito com mais eficácia e proveito através da distância dos ditos de espírito. Mas é a recusa da distância para com os humihados deste mundo que persistem na Fé que faz, também, L. B. digno de ser amado. O afecto sincero incompatibilizou-o com o até aí seu melhor amigo literário, Bourget, o qual era mais especializado e eminente na Sociedade do que o nosso Autor poderia suportar. E as outras camaradagens que alimentou, com Villiers e Huysmans, dois outros perseguidos, também haviam de redundar na ruptura. Este auto-apresentado empresário de demolições, título de um livro seu, não suportava a contemporaneidade. Guardou mais influências do Passado, do seu mestre, Barbey, legando-as à posteridade, através do estilo fundibulário que deixou a Bernanos e à compaixão pelos Pobres, mais tarde atraiçoada, presente no casal Maritain, que apadrinhou. Nunca me sairá da cabeça a cena da prostituta arrependida arrancando os dentes para não tentar tanto o seu benfeitor, em «A Mulher Pobre». Como nunca me sairão os seus mergulhos no Mundo do Sofrimento, com invectivas à insensibilidade envolvente, incompatíveis com a doçura de São Francisco de Assis, por exemplo.
Não foi preciso ler Ernst Jünger para aderir à mescla de fascínio e repulsa que lhe inspirava a obra de Léon Bloy, nascido a 11 de Julho, porque entendimento similar era, havia muito, por mim partilhado. Li, muito novo, os seus «O DESESPERADO» E «A MULHER POBRE» e desde sempre me comoveu a autêntica e cristianíssima vontade de comunhão da Dor, enquanto me afastava a inadequação do Autor para a Amizade, numa quase que possessa hiperactividade, ao gritar com palavras fortes o que poderia ser dito com mais eficácia e proveito através da distância dos ditos de espírito. Mas é a recusa da distância para com os humihados deste mundo que persistem na Fé que faz, também, L. B. digno de ser amado. O afecto sincero incompatibilizou-o com o até aí seu melhor amigo literário, Bourget, o qual era mais especializado e eminente na Sociedade do que o nosso Autor poderia suportar. E as outras camaradagens que alimentou, com Villiers e Huysmans, dois outros perseguidos, também haviam de redundar na ruptura. Este auto-apresentado empresário de demolições, título de um livro seu, não suportava a contemporaneidade. Guardou mais influências do Passado, do seu mestre, Barbey, legando-as à posteridade, através do estilo fundibulário que deixou a Bernanos e à compaixão pelos Pobres, mais tarde atraiçoada, presente no casal Maritain, que apadrinhou. Nunca me sairá da cabeça a cena da prostituta arrependida arrancando os dentes para não tentar tanto o seu benfeitor, em «A Mulher Pobre». Como nunca me sairão os seus mergulhos no Mundo do Sofrimento, com invectivas à insensibilidade envolvente, incompatíveis com a doçura de São Francisco de Assis, por exemplo.
Era um Homem de amores e insultos, mas não se tratava de um misantropo. Um destes, muito abaixo na escala da Dignidade, presta-lhe hoje homenagem.
O desenho é de Felix Valloton.
1 Comments:
At 7:18 PM, Paulo Cunha Porto said…
É-o com efeito, Caro Espadachim, por culpa da falta de qualidade dominante nas gentes. Mas vale Só do que mal acompanhado.
Abraço.
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