O Rubicão Honroso
Onde o da antiguidade visava a glória de César em plano igual ou superior ao da necessidade de consertar a coisa pública, Este, o de 1936, era pura e simplesmente o reconhecimento de que a salvação de um País e, por arrastamento, uma Civilização, não podia aguardar mais. É o precurso de Franco, das Canárias onde fora colocado pelo governo da República, a bordo do célebre Dragon Rapide, para o Marrocos Espanhol onde tinha tropas fiéis e de qualidade.
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Franco mão era um golpista. Foram inúmeros os convites que recusou para chefiar ou integrar pronunciamentos. Nobilíssima, aquando da implantação da República, a forma como declarou acatá-la, salvaguardando a sua lealdade histórica ao Rei, sabendo que esta reserva só lhe podia acarretar dissabores, face a governos adversos. Sempre dissera: «O Exército, que pode levantar-se quando causa tão santa como a da Pátria está em iminente perigo, não pode aparecer como árbitro nas contendas políticas, nem tornar-se definidor das condutas dos políticos, nem das atribuições do Chefe de Estado». E estava a Pátria em perigo? Estava. O mesmo governo que dera cobertura aos massacres perpetrados pelos revolucionários das Astúrias, impedira a actividade do Clero, retirara os crucifixos das escolas (oh obsessão!) e viria a ser responsável pelo assassinato de 13 Bispos, 4184 Padres, 2448 religiosos e incontáveis leigos, que mais não queriam do que honrar o Seu Deus, era o mesmo que, despudoradamente, mandava assassinar os políticos que se atreviam a protestar contra as suas ilegalidades monstruosas.
Ao transpor aquele braço de mar, todos calculavam que não haveria volta. Mas o General ainda propôs ao governo resolver a situação, debelando a anarquia, dentro do quadro institucional existente. Não teve resposta, porque os revolucionários vermelhos instalados queriam a guerra, como, tempos antes, tinham mostrado não querer a disciplina, único objecto do discurso de um certo Comandante da Academia Militar de Saragoça que, pelo seu conteúdo, prontamente repreenderam. O Mesmo que, após três anos de sacrifício, iria restaurar a Justiça e acabaria por devolver à Espanha a Coroa, ouro restituído, bem o inverso das reservas roubadas e transferidas para Moscovo, pelo campo oposto.
E o nosso Portugal poderia também respirar, duplamente livre da ameaça da baixeza revolucionária e do Federalismo Ibérico socialista.
8 Comments:
At 11:04 AM, Ricardo António Alves said…
Um cabo de guerra de reles e usurpador sem a vergonha de mandar cunhar moeda com a efígie do focinho: «generalíssimo pela graça de Deus». Parece que o queriam canonizar. Dessa ratazana até o Hitler teve nojo.
At 11:25 AM, Paulo Cunha Porto said…
Não tenho dúvida que ele foi Caudilho (e não «Generalíssimo», que isso foi-o pela graça dos exércitos)pela Graça de Deus e de que esse comentário é inspirado pelo Demónio. E o estadista de que falas só desabafou contra Ele depois de lhe ter ido pedir batatinhas a Hendaya e ter levado sopa, embora admita que de batata.
Falsificar a História, não, oh admirador dos "fuziladores" do Cristo Crucificado.
At 12:14 PM, Anonymous said…
Y la no menos heróica Travesía marítima del Estrecho de Gibraltar, el 5 de agosto de 1936......
At 6:31 PM, Marcos Pinho de Escobar said…
Bravíssimo, meu caro Paulo. Aí está, em prosa elegante e forma concisa, a história deste conflito e a natureza da Cruzada comandada pelo grande Homem. Bem haja!
Um abraço.
At 6:45 PM, Paulo Cunha Porto said…
Caro Amigo;
Não só essa foi heróica, como, do ponto de vista militar, foi um milagre logístico. Mas a travessia das Canárias para o Norte de África foi uma assunção do risco da própria pele, em estrita resposta à demanda do Dever, que merece ser sublinhada.
Meu Caro Euro-Ultramarino:
Foi um episódio de Reacção no mais lídimo sentido do termo: o empenhamento de Quem não mais podia pactuar com o estado de subversão criminosa que ameaçava desintegrar o seu País, liquidar as elites deste e escravizar ao ateísmo colectivista a parte mais sã do seu Povo.
Saibamos honrar quem tão bem defendeu a Civilização Cristã dos ataques do materialismo e da intolerância. E que soube dar o castigo a quem cometeu o crime.
Abraços a Ambos.
At 8:26 PM, Anonymous said…
Um aplauso pelo desmascarar das apregoadas virtudes deste exército vermelho, igual a tantos outros seus congéneres. Por cá, enquanto tiveram alguma força, também consta que enviaram parte do arquivo da PIDE para a «casa mãe».
Zé
At 9:00 PM, Paulo Cunha Porto said…
Obrigado, Amigo Zé. Penso que a obediência "internacionalista" a Moscovo foi, de facto marcante para várias gerações. E hoje, quando a distância da história avoluma, pensamos sempre em tanta ingenuidade ou tanta abdicação de tudo, a começar pela fidelidade à Herança que é o mínimo da dignidade...
Abraço.
At 5:45 PM, Anonymous said…
Convoy de la Victoria, 5 de agosto de 1936, Ceuta- Algeciras, cañonera Dato e intervencion providencial de la Virgen de Africa
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